“Este é o Toni, ele vai estudar aqui! A gente se conheceu hoje, por acaso…”
No Colégio do Limoeiro, estão acontecendo audições, feitas pelo Professor Jorge, para o elenco da peça de Romeu e Julieta, mas o grande sonho de Mônica de ser escolhida para o papel de Julieta acaba sendo atrapalhado por Cebola, seu Romeu, que se atrasa e acaba a impedindo de fazer seu teste, se envolvendo em uma enorme confusão que termina com o Professor Jorge escolhendo ele para o papel de Romeu e Carmem para o papel de Julieta. A situação entre Mônica e Cebola fica complicada, e é justamente em meio a essa tensão que Toni, um novo aluno, chega ao Colégio do Limoeiro, um garoto que logo chama a atenção de todas as meninas com sua beleza e a amizade de todos os meninos com sua simpatia.
Com roteiro de Petra Leão e Mauricio de Sousa, a nona edição da Turma da Mônica Jovem, lançada em Abril de 2009, é uma clara homenagem à memorável edição de releitura de Romeu e Julieta lançada há anos por Mauricio, como bem sabemos, a obra clássica colocava Cebolinha no papel de Romeu e Mônica como Julieta, mas e se essas posições fossem colocadas em jogo? É nesse ponto que a chegada de Toni e a interferência de Carmem muda completamente o status quo tão esperado pelo público, ao mesmo tempo que constrói um personagem interessante, na forma de Toni, que pode até parecer uma novidade bem trabalhada mas acaba se revelando ainda mais significante para o universo da Turma da Mônica. Marco Antônio, o Toni, é um aluno transferido do Colégio das Laranjeiras, ele é um prodígio da esgrima, um astro do basquete, e logo começa a se aproximar de Mônica, a fazendo expor o seu lado mais frágil e deixando Cebola enlouquecer de ciúmes.
Mantendo o estilo de referencias o tempo todo, como a fantasia de Princesa Zilda de Carmem (em referencia à saga Legend of Zelda) ou as espadas de Tauó (que na verdade são os sabres de Star Wars), a trama se expande ao nos colocar em um conforto, achando ser capaz de prever os eventos, e vai mudando, deixando o mistério preencher o ar e nos guiando pela busca de entender quem realmente é Toni e qual a função dele nessa história. As reviravoltas finais, apesar de levarem a um final clichê e previsível, nos mostram o cuidado da equipe da MSP em manter o universo da Turma da Mônica e da Turma da Mônica Jovem em uma perfeita harmonia, dando atenção até aos personagens mais esquecidos e dando um desenrolar a suas histórias, amadurecendo (ou não) cada um deles e dando uma importância merecida ao mesmo tempo que estende sua mitologia.
Não se pode negar que O Príncipe Perfeito não é um dos melhores trabalhos de Petra, mas suas referencias enfeitam a obra, dando um ar satisfatório no final que nos faz esquecer todas as falhas e incômodos que o enredo possui. A história do triangulo amoroso formado por Cebola, Mônica e Toni não engata, é até bonitinho ver a dedicação de Cebola para derrubar a perfeição do rival, mas Toni é impecável demais até pra realidade, ele incomoda a cada página e talvez seja esse um dos pontos que mais prejudicam a estória aqui contada. Com uma capa deslumbrante, a edição pode até deixar uma curiosidade que nos força a lê-la, mas no fim só fica uma sensação de ‘então, né?’ que parece ser uma evidencia de que além da capa faltou uma evolução mais intrigante, um dilema mais fácil de comprar e um antagonismo mais dedicado.
“Um cara tão legal que chega a ser enjoativamente perfeito”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.