Review | O Mundo Sombrio de Sabrina [Season 3]

Nota
3.5

“Os antigos estão a caminho… Devem estar chegando a qualquer minuto.”

Sabrina Spellman Morningstar vem tendo pesadelos com Nick, possíveis visões do sofrimento que ele vem passando enquanto está preso no inferno servindo de Aqueronte Humano para seu pai, Lúcifer, o que a faz decidir juntar seus amigos para ir tentar salvar seu namorado. Ao mesmo tempo, um mal desconhecido começa a se aproximar de Greendale agora que o Senhor das Trevas não está mais em seu trono, deixando a cidade desprovido de dono e protetor, o que permite que o vácuo de poder atraia a atenção de entidades do passado, mais conhecidas como Os Antigos, que começam a chegar à cidade prontos para enfrentar o enfraquecido coven da Igreja da Noite e tomar para eles o controle da cidade e de seus habitantes.

O Mundo Sombrio de Sabrina começou usando o satanismo como uma alegoria para a transição da infância para adolescência, depois tivemos sua segunda parte explorando o amadurecimento e a emancipação, a busca por combater os velhos costumes e as ordens do Senhor das Trevas, agora, com a chegada da terceira parte, é preciso explora as disputas de poder, algo que se mostra extremamente forte no decorrer dos oito episódios de cerca de 60 minutos, temos diversos arcos sendo aprofundados de forma ágil, com a luta pelo poder trono envolvendo Sabrina e Caliban, a luta pelo controle do corpo de Nick travada por Nick e Lúcifer, a luta pelo controle de Greendale travada entre o Coven e os Pagãos, a luta interna de Sabrina entre ser uma Spellman ou uma Morningstar, e tantas outras. Fica claro no decorrer da trama o intuito de Roberto Aguirre-Sacasa de expandir sua mitologia, dando cada vez mais flertes com Riverdale ao lembrar a coexistência dos universos e até trazer momentos musicais envolventes, deixando curvas na série que infelizmente acabam dando ao show um ritmo que segue o padrão da TV e pode ser um pouco cansativo para uma série de streaming.

Kiernan Shipka, como Sabrina, mantém a essência da protagonista, servindo a dualidade da sua vida como bruxa e da vida mundana ao mesmo tempo que se desenvolve, mostrando a confusão de ter que viver em três mundos (agora que a vida no inferno entrou na equação) em paralelo com o enredo que mantém o uso de referencias ao cinema de horror e a grandes nomes da literatura, explorando uma reflexão interna em Sabrina, que precisa reajustar seu trajeto para se encaixar nesse novo mundo que surge em sua frente. Uma grande adição ao elenco é Sam Corlett como Caliban, o ator empresta ao personagem uma pegada que parece fundir David Bowie com os Hemsworth, criando um antagonismo saudável para Sabrina, obrigando a jovem a passar mais tempo no inferno e defender seu direito ao trono, mais por medo dos planos que o demônio de barro tem pra a terra do que realmente por interesse no cargo. Apesar de não serem o foco principal da trama, outros personagens se envolvem em tramas paralelas que os desenvolvem e fortalecem seu valor para os rumos que a mitologia vai assumindo, o que nos faz assistir a evolução de RozZeldaPrudence e Theo, ao mesmo tempo que vamos sendo apresentados a RobinCirceNagainaProfessor Carcosa.

Repetitiva, a terceira parte de O Mundo Sombrio de Sabrina não é de toda ruim, mas não inova ao repetir a formula e até decai ao mudar seu ritmo, apoiando demais no sombrio para justificar o caos que atinge a vida de Sabrina o tempo todo e esquecendo de dar um respiro para desenvolver melhor a personagem. Um pouco inconsistente, a série brinca com o excesso de infortúnios que atinge Greendale e até ousa ao fazer uma visita nos bosques de Bordo da Família Blossom, mas esquece de considerar que é impossível Greendale ser tão obtusa ao ambiente que não perceba tantos bruxos e demónios perambulando pela cidade ou que Cheryl não seria capaz de perceber que um dos Bordos que destoa do bosque ficou um pouco diferente, do nada. A série até consegue deixar a obscuridade do inferno e do mundo das bruxas um pouco interessante, mas de forma divertida, evitando o excesso de seriedade para fazer jus ao seu publico alvo e abraçar mais o seu lado teen, mesmo que ainda possua alguns episódios um pouco arrastados.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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