Crítica | Ruby Marinho: Monstro Adolescente (Ruby Gillman, Teenage Kraken)

Nota
5

“O oceano precisa dos krakens, e os krakens sempre atendem ao chamado do oceano.”

Um oceano de cores e sentimentos, o longa de animação começa a nos apresentar a família Marinho, uma família um tanto peculiar, de krakens, que vivem como humanos e definitivamente não podem entrar no mar. De forma criativa, eles justificam que os humanos não percebem seus tentáculos e cor por uma escolha bastante lúdica: eles acreditam que são canadenses. Ruby é uma matleta que está prestes a decidir ir ao baile do ensino medio, mas sua vida virá de cabeça pra baixo ao entrar no mar e começar uma nova aventura.

Com direção de Kirk DeMicco (Os Croods) e codireção de Faryn Pearl (Trolls 2), vemos muitas características marcantes na direção de arte, as cores que o filme escolhe para representar o oceano, as formas dos personagens e suas naturezas orgânicas, com bastante referências a outros filmes e à relação do núcleo familiar bem presente em seus outros trabalhos. É preciso dar destaque para o motion design e a animação de partículas, além da construção dos personagens, com personalidade bem definidas, tudo bem iluminado, além de cores e mais cores.

Os cenários da superfície são cheios de elementos de cidades costeiras, que refletem a vida marítima. Em destaque temos o quarto da Ruby, que  deixa claras as as características da personagem já na entrada, as roupas dos personagens e elementos visuais deixam todas a sua personalidade bem definida. O irmão sapeca, a mãe organizada (com esteriotipo de business woman), o pai doce e que gosta de estar com a família, o tio atrapalhado, tudo bem definido seja pelas silhuetas ou pelas roupas e elementos.

O filme começa com um clichê adolescente, o Baile de Formatura, e aos poucos vai nos levando para temas mais trabalhados, como problemas familiares, autoestima, relações interpessoal, reconhecimento personalidade e aceitação. Ruby, nossa protagonista, nos cativa a cada nova camada, seja pela ótima dublagem de Agatha Paulita, que nos convence bem como adolescente imatura e com falta de confiança, ou pelo roteiro, que nos faz explorar o mundo subaquático junto com ela.

Ruby Marinho trata bem sobre as dificuldades de uma adolescente e suas descobertas, bem como feridas familiares, projeção dos pais sobre filhos e abre espaço pra o expectador também refletir em família. Com uma trilha bem atual, que é um atrativo para crianças e adolescentes, temos uma música do Blackpink que casa perfeitamente com o momento de conflito e virada do filme. A produção ainda entrega uma vilã bem trabalhada, com objetivo, bem misteriosa e com suas intenções sendo deixadas entrelinhas até acontecer uma revelação, ainda assim ele possui um charme para o público e a ironia de lembrar uma certa personagem da Disney, uma tirada genial da DreamWorks. O longa tem tudo para ser um grande sucesso, ele agrada o público com uma narrativa bem construída, tem protagonista cativante, reviravoltas e um design que pode gerar vários brinquedos e merchandising, por mais que vejamos elementos parecidos com o de outros trabalhos dos diretores, esse filme deixa sim a sua marquinha.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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