Crítica | As Tartarugas Ninja: Caos Mutante (Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem)

Nota
4.5

“As criações do Baxter Stockman devem existir, e com elas uma forma de vida totalmente nova”

Baxter Stockman era um cientista do T.C.R.I que estava envolvido em experimentos controversos usando mutação animal, algo que chamou a atenção da chefe da empresa, Cynthia Utrom, e colocou sua vida e seus experimentos em risco. Na tentativa de impedir que suas pesquisas caissem nas mãos de Cynthia, Baxter jogou os quimicos no esgoto e escondeu suas cobaias, ele só não sabia que aquela gosma jogada no esgoto acabaria atingindo quatro tartarugas bebês e um rato. Anos depois, Splinter precisa encarar o desafio de criar quatro adolescentes rebeldes enquanto treina Donatello, Leonardo, Michelangelo e Raphael para saberem se defender e transitar entre humanos de forma sorrateira para ter acesso a todos os mantimentos que o grupo precisa para viver, discretamente, no esgoto. Mas a vida dos quatro adolescentes muda quando, por acidente, acabam conhecendo April O’Neil, uma aspirante a jornalista que pretende solucionar o grande misterio por trás dos roubos do Super Mosca para garantir que o baile de seu colégio não seja cancelado.

Já fazem quase quarenta anos desde que Kevin Eastman e Peter Laird fundaram a Mirage Studios e lançaram uma revista independente protagonizada por tartarugas mutantes que lutam no estilo de ninjas e samurais, mas é inegavel que as Tartarugas Ninja não se tornam antiquadas e não param de se renovar e reinventar com o passar dos anos. Agora, sob as mãos de Seth Rogen, que é uma referência quando o assunto é comédia), Evan Goldberg (que traz no curriculo um sucesso com The Boys) e Jeff Rowe (que chegou até o Oscar de Melhor Animação com A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas), o quarteto começa a ganhar uma nova versão, com novas origens, uma roupagem muito mais descolada e uma narrativa muito mais leve e descompromisada, uma versão que surpreende ao dar uma nova chance à franquia nos cinemas. Com piadas que vão capturar tanto as crianças quanto os mais velhos, o longa traz no roteiro Brendan O’Brien os modimos que tanto fizeram sucesso em filmes como Vizinhos, e que caem como uma luva na direção de Rowe, mas conseguem ser sutis ao ponto de não soarem adultos demais e nem infantis demais, apresentando o equilibrio perfeito para agradar os fãs mais antigos e conquistar uma nova fã-base.

Um grande ponto alto do filme é justamente a construção das quatro tartarugas, que são adolescentes clássicos e encontram no filme a ironia do fato de não terem contato com o mundo humano ao mesmo tempo que são claramente o clichê dos adolescentes humanos, com a presença de celulares, notebooks e até oculos e aparelho dental. O quarteto ainda se engrandecem pela escolha certeira no elenco de dublagem (tanto a original como a brasileira) focado em dubladores adolescentes para representar cada um dos quatro irmãos. Leonardo, o líder do grupo, apresenta uma personalidade insegura, tentando pesar sua responsabilidade e equilibrar as escolhas de obedecer ao pai e agradar os irmãos, o que só fortelece pela dublagem de Nicolas Cantu e Rodrigo Ribeiro, que conseguem emprestar o tom fluido desse personagem que se encontra forçado entre duas escolhas. Raphael é o mais impulsivo do quarteto, muito mais inconsequente, bruto e que precisa da supervisão dos irmãos para não exceder com seus atos, uma intensidade que consegue ser bem traduzida por Brady Noon e Victor Hugo Fernandes, ambos conscientes da importancia de dar uma alma por trás dos musculos. Michelangelo é o mais imaturo do grupo, tendo uma personalidade brinchalhona que fortalece a juventude do grupo, algo que nas vozes de Shamon Brown Jr.  e Enzo Dannemann ganha uma pegada mais cômica e leve. O quarteto se completa com Donatello, o mais inteligente e estrategico do grupo, mas nem por isso deixa de precisar passar por uma evolução, uma questão que consegue ser bem explorada pela construção de Micah AbbeyArthur Carneiro. Contando ainda com a April de Any Gabrielly e o Splinter de Marco Ribeiro, os personagens ganham uma nova vida e uma personalidade forte com a escolha de seus dubladores.

Engraçado e leve, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante parece ser feito para pais e filhos assistirem juntos, principalmente se os pais tiverem os requisitos para serem atingidos pela nostalgia de ver as Tartarugas na telona nesse que parece ser o inicio de uma serie de filmes. A escolha visual parece ser certeira, surfando no sucesso de Homem-Aranha no AranhaversoAtravés do Aranhaverso para entregar um visual mais vibrante, colorido e estilizado, que brinca com os traços exagerados e até oscila em alguns momentos o seu estilo para dar mais vida ao longa, mas ao mesmo tempo sabendo respeitar a aparencia clássica e o espirito que já se consagrou dos personagens, tudo parece expressar de forma nitida a versão violenta e indisciplinada da equipe que reflete a infantilidade que existe nos mutantes adolescentes e quase não é explorada em outros filmes da equipe. Apesar de ser um roteiro com excesso de licenças poeticas, fica claro o amor e a entrega que a equipe executiva tem ao filme, que pode ser vista na escolha de incluir no roteiro piadas e referencias conectadas a filmes de outros estudios ou até na divertida cena de perseguição ao som de What’s Up, de 4 Non Blondes.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *