Nota
“Enquanto a IA for uma ameaça, nós nunca pararemos de caçá-la.”
Em 2065, a humanidade já está vivendo há uma década em uma grande guerra. Depois que uma grande explosão nuclear atingiu os Estados Unidos após um comando de uma IA, o Ocidente começou a guerrear com a Nova Ásia, região que abriga Nirmata, considerado o grande Deus pelas Inteligencias Artificiais, e onde a população humana convive em harmonia com as diversas criações de Nirmata, que vão desde os robôs de tecnologia extremamente avançada e que já substituiram a maior parte dos trabalhos humanos até os Simulantes, unidades robôticas que possuem consciencia própria e quase são capazes de se passar por humanos, o que os permite viver normalmente entre eles. O Sargento Joshua Taylor era um agente infiltrado dos Estados Unidos na Nova Ásia, que buscava informações sobre Nirmata e acabou se casando com Maya (Gemma Chan), a filha dele, quando o pior dia de sua vida aconteceu, uma operação surpresa estragou seu disfarce e fez Maya ser morta na sua frente por um ataque do N.O.M.A.D., o grande satelite que os EUA usa para coordenar ataques e observar o mundo em meio à guerra. Cinco anos depois, quando Joshua já se aposentou, uma nova pista surge: Nirmata desenvolveu uma arma misteriosa capaz de destruir N.O.M.A.D., e imagens dos cientistas por trás da construção da arma parecem provar que Maya está viva, o que faz Joshua voltar à equipe e entrar na missão de reencontrar sua esposa e destruir a poderosa arma.
Em fevereiro de 2020, Gareth Edwards foi contratado pela New Regency para dirigir e escrever um filme de ficção científica produzido por Kiri Hart, com quem trabalhou em Rogue One (2016), depois de dois anos de produção e escolha de elenco, as gravações foram finalmente iniciadas prometendo apresentar um grande filme, afinal tivemos Chris Weitz colaborando no roteiro e a trilha sonora ficou a cargo de Hans Zimmer. Parecendo a primeira vista ser um grande produção de ação, o longa se descasca de forma interessante, mostrando que vai muito além, se desenvolvendo como uma aventura com toques de drama e romance, uma verdadeira reflexão sobre o avanço da tecnologia, sobre a humanidade das IA e sobre os laços que podem surgir entre humanos e ‘máquinas’. Com uma introdução intensa e bastante envolvente, o longa mostra de forma apressada o quanto a tecnologia avançou, dando uma pressa que transmite a velocidade da evolução, dando até uma poderosa pista sobre uma informação importante que irá ser dita mais diretamente no decorrer do filme, algo que tem um poderoso impacto no longa e que, sem que percebamos, nos é revelada desde os primeiros minutos.
Apesar de trazer uma introdução intensa e toda uma construção envolvente, seria mentira negar que o filme só começa a realmente ter um significado depois que conhecemos Alphie, a maravilhosa Simulante vivida por Madeleine Yuna Voyles. O roteiro brinca com nossa consciência ao construir toda uma narrativa inicial pela visão do Ocidente e logo depois colocar uma criança para ser Alfa-0, a arma criada por Nirmata para destruir N.O.M.A.D., e tudo se torna ainda mais doloroso quando Joshua, que perdeu sua filha no ventre de Maya no ataque em 2065, percebe a inocencia que existe na Simulante, ela é praticamente uma criança humana, mas possui um poder gigantesco capaz de reprogramar qualquer dispositivo e até de desligar e ligar eletrônicos em um pequeno raio de distância, o que significa que, depois de alguns anos crescendo e fortalecendo seu poder, ela vai ser capaz de desativar definitivamente a arma que os Estados Unidos usa para ter vantagem na guerra, talvez até ser capaz de inutilizar qualquer arma que possa ser usada pelos soldados durante os embates. Diante de todos esses dilemas, cabe a John David Washington a função de carregar a trama na pele de Joshua, ele precisa enfrentar os diversos dilemas morais que mantém o funcionamento da trama: matar Alphie por ser uma arma ou protege-la por ser apenas uma criança? Salvar o seu país ou continuar procurando sua esposa? Odiar Alphie assim como aprendeu a odiar as IA ou ama-la pela forma doce como ela é? Ser ou não ser a figura paternal para aquela criança?
Intenso e profundo, Resistência mostra que o padrão de qualidade de Edwards continua alto, podendo facilmente ser um dos melhores filmes de ficção ciêntifica do ano. Talvez um dos problemas do filme seja o fato de algumas revelações serem previsiveis, mas ainda assim são gratificantes e não atrapalham o desenrolar do roteiro. Toda a história de Joshua e Alphie vai nos capturando, seja de forma individual ou em conjunto, os dois personagens são densos e possuem muito potencial para ser explorado, e quando se unem a história se fortalece de uma forma inesperada, mudando completamente o caminho que o ex-agente parecia fadado a seguir e dando à Alphie um novo proposito que, de certa forma, pode emocionar alguns. A trilha de Zimmer é essencial para a evolução do enredo, ele entrega as emoções que devemos sentir e emolduram as doces cenas que o filme propõe, sabendo pontuar de forma clara as cenas de ação, tensão e drama, se tornando praticamente um personagem dentro do universo criado pelo longa.
“Meu nome não é ‘robô’, meu nome é Alphie, lembra?”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.
