Crítica | Up: Altas Aventuras (Up)

Nota
5

Carl Fredericksen está prestes a perder sua casa, construída com amor e esforço ao lado de sua falecida esposa, Ellie, quando ele cria um dirigível improvisado, usando sua casa e milhares de balões de gás, e decide embarcar em uma aventura para América do Sul, Russell, um escoteiro de nove anos que pretende ganhar a medalha de mérito por ajudar um idoso, acaba sendo levado junto por acidente, por estar de pé em sua varanda no momento que a casa-dirigivel alça voo. Up: Altas Aventuras, lançado pela Pixar em 2009, foi ganhador do ÓscarGlobo de Ouro de Melhor Filme de Animação e Melhor Trilha Sonora Original.

A direção de Pete Docter dá uma aula de storytelling, deixando claro o quanto trabalharam com storyboards para contar a história de vida de seu personagem principal só com imagens e montagens. Famoso por tantos outros filmes bem emocionantes e com uma boa trilha sonora, como monstros s.a, toy story, vida de inseto, wall-e e muitos outros sucessos Pixar, Pete consegue, mais uma vez, trazer toda emoção, drama, nostalgia, inocência, e sutileza em Up, cada personagem é capaz de apaixonar o público e nos fazer refletir sobre paraísos naturais e especies em extinção. Com uma trilha ora emocionante, ora alegre, ora bem melancólica, o longa nos envolve com a história, com os momentos e muitas vezes faz derramar umas lágrimas.

O Sr Fredericksen traz o exemplo de uma pessoa que foi feliz com pouco, mesmo com todas as adversidades da vida, ele tentou realizar seu sonho e o de sua amada, porém as várias circunstâncias da vida pode tirar a doçura das pessoas, tornando-as um casca grossa, mas o roteiro nos mostra como interior é o mais importante e como não podemos abandonar nossos instintos. Russell é inocente, ele tenta completar sua missão a todo custo ajudando Sr Fredericksen e o Kevin, que surge com aquele arquétipo do companheiro de jornada trapalhão, com uma inocência e carisma cativante. Kevin, a narceja, parece ser uma mistura de Faisão do Himalaia pelas suas cores, Casuar pelo seu tamanho e o Aracuã/Folião da Disney pela sua loucura, uma formação que cria um alívio cômico ótimo e faz a história desenvolver, até que conhecemos os antagonistas: Charles Muntz e Dug. Charles é um aventureiro que ficou ganancioso para provar a sua descoberta, uma ave extraordinária nunca vista antes, e não mede escrúpulos pra isso, criando um bom contraponto por ser admirado tanto por Carl em sua infância quanto por Ellie, o que prova que nem sempre nossos ídolos são do jeito que imaginamos. Já Dug é um cão que inicialmente quer capturar a ave rara, mas ele é tão bomzinho e atrapalhado que vai cativando tanto aos personagens como ao público.

O design de cada personagem é bem pensado por suas características, o Sr Fredericksen é todo retangular e quadrado pra refletir a velhice e sua teimosia, mas possui um nariz redondo e um acessório de bengala com bolinhas que quebra toda a silhueta para um velhinho fofo, Russel é todo redondo, representando a inocência por si só, e o vilão é apresenteado de uma forma mais triangular, com olheiras e dedos compridos, mais ameaçador, até a raça de cães escolhida para ser seus soldados, e os shapes deles, condiz com cada personalidade. Up certamente marca uma era mais criativa da Pixar, que tem como principal objetivo tocar o coração do espectador, seja com a graça e a inocência, com a tristeza e a história de inicio e fim da vida, ou mesmo com a abordagem de recomeços e novos laços, mostrando que sempre há tempo para novas oportunidades ou novas aventuras.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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