Crítica | Sociedade Secreta dos Segundos Filhos Reais (Secret Society of Second-Born Royals)

Nota
3

“Há um gene especial, exclusivo dos segundos filhos da linhagem real. Um gene que dá a alguns de nós habilidades extraordinárias.”

Samantha é a seguna filha do reino de Ilíria, apesar de ser uma princesa, ela foge completamente dos padrões, sendo contra a monarquia, em contraste total com a Princesa Eleanor, sua irmã mais velha que está prestes a completar 18 anos e ser coroada a regente de seu país. Com 15 anos, Sam acaba se envolvendo em problemas, o que faz com que sua mãe a coloque em uma escola de verão ao lado de outros descendentes reais, uma escola que se revela como o inicio do treinamento para a Sociedade Secreta dos Segundos Filhos Reais, um grupo formado por segundos filhos que possuem superpoderosos e se dedicam a proteger o mundo e servir às várias monarquias. Ao mesmo tempo, um criminoso conhecido como Prisioneiro 34 foge da prisão e libera suas habilidades telecinéticas, colocando os novatos da Sociedade em risco e como maior força-tarefa para lutar ao lado de James Morrow, o treinador do grupo e dotado da habilidade de se multiplicar, e Rainha Catherine, a lider da sociedade e mãe de Sam.

O que aconteceria se O Clube dos Cinco fosse misturado com Sky High e Pequenos Grandes Heróis e ganhasse uma roupagem tipicamente Disney? Isso é Sociedade Secreta dos Segundos Filhos Reais, um filme que começa parecendo a reunião de cinco descendentes reais desajustados (que parecem seguir muito fielmente o padrão de personalidade de O Clube dos Cinco), e logo se revela como um programa de treinamento para jovens hérois, mas ao invés de termos descendentes de hérois como nos filmes da Disney e da Netflix, temos principes e princesas que, por alguma anomalia gênetica, recebem um gene de superpoder como ‘compensação’ por serem os segundos na linha de sucessão ao trono. Sam é a rebelde do grupo, sendo a versão feminina de John Bender, que faz campanha contra a monarquia, ama rock e gosta de fugir de casa para se aventurar entre as pessoas comuns, é interessante como seu poder acaba surgindo como uma extensão da sua personalidade, mesmo que fique complicado entender a primeira vista, mas Peyton Elizabeth Lee consegue se desenvolver bem no papel, fazendo sua princesa se encaixar completamente fora dos padrões Disney e surpreender a ousadia que o roteiro de Alex Litvak e Andrew Green coloca nela.

A amigável Princesa January nos conquista com sua impulsiva versão de Allison Reynolds, apesar de ela ser energica e querer se dar bem com todos, algo completamente diferente da neurótica de Clube dos Cinco, fica claro que ela simboliza a garota esquisita, que tem dificuldade em ter amigos por seu jeito fora dos padrões, e parece que o papel caiu como uma luva para Isabella Blake-Thomas, que não só consegue nos envolver com sua personagem, como desenvolve vem a evolução pessoal que a princesa tem no decorrer do longa. O popular Principe Tuma é claramente uma versão moderna Andrew Clark, ele não é um atleta, mas é famoso e festeiro, circulando sempre entre os populares e tendo todos aos seus pés, uma grande irônia se considerar o poder dele, o que só da mais trabalho para a atuação de Niles Fitch, que recebe um personagem presunçoso que precisa descer do pedestal e entender a responsabilidade em seus atos. O quieto Principe Matteo é o clichê do nerd do grupo, assim como Brian Johnson, ele se sente invisivel e isolado socialmente, acabando por ter um dos poderes mais socialmente estranho possivel, mas ele acaba revelando uma doçura por trás de sua inabilidade social, permitindo que Faly Rakotohavana protagoniza cenas que enfatizam a beleza que existe nos excluidos. Claro que o grupo se completaria com a Claire Standish da realeza, Roxana, uma influencer real que vive conectada e usa suas redes sociais para glamourizar a vida como segunda princesa, se apresentando como uma menina totalmente fútil e patricinha, mas que pouco a pouco vai se abrindo para uma nova personalidade, principalmente depois de descobrir ser dotada de um poder totalmente antagonico à sua vivência, um trabalho de ouro executado por Olivia Deeble.

Como todo filme de herois em formação, o foco fica todo no elenco adolescente/infantil, mas o elenco adulto de suporte não fica para trás, marcando sua presença em tela apesar de seus personagens serem extremamente subaproveitados. Skylar Astin como Professor James Morrow e Élodie Yung como Rainha Catherine interferem sutilmente na trama, eles protagonizam cenas essenciais para o crescimento de Sam, mas mereciam ter muito mais desenvolvimento no decorrer da trama. Por outro lado, uma das grandes sacadas da produção é a escolhe de encher o filme de referências diretas a ser um filme Disney, com direito a um take com um floco de neve de Frozen indo até a citações diretas a O Rei LeãoVingadores. Outra grande referência, que não pode passar batida, é a escolha de colocar de forma nada discreta uma foto do Príncipe Harry, o segundo filho real da família real britânica, no hall dos melhores agentes, uma referencia sublime que deixa um sorriso no rosto de quem assiste.

Sociedade Secreta dos Segundos Filhos Reais é divertido apesar de merecer ser melhor desenvolvido, o filme dirigido por  Anna Mastro segue aquele padrão típico de filme do finado Disney Channel, mas parece ter uma pitada a mais de dedicação (até por que falta orçamento). Apesar de forçado em alguns pontos, o filme tem seu potencial e poderia até ser melhor desenvolvido se tivesse uma introdução mais sútil e menos apressada, ou talvez se tivesse uma duração maior que seus 100 minutos, podendo até funcionar melhor se fosse feito no formato de série. Com um enredo que engloba temas como familia e autodescoberta, o filme pode parecer com outras produções mas consegue criar sua própria identidade, marcando ainda a história ao apresentar o primeiro príncipe negro em live-action da Disney, dando bastante tempo de tela para o mesmo e ainda uma trama que não o diminui.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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