Crítica | Sorria (Smile)

Nota
4

Dra Rose Cotter, uma psiquiatra, está super desgastada por sua carga de trabalho quando trata a estudante Laura Weaver, que se suicida na frente da médica sorrindo depois de dizer que está sendo perseguida por uma entidade que sorri para ela, o que a faz começar a ser perseguida por esse ser de sorrisos malignos. Sorria é um suspense aclamado pelo público com uma estética bem propria, o que pode ser clichê para muitos críticos, mas desenvolve bem sua narrativa, mesmo que sem muita profundidade, cumprindo seu papel e garantindo até uma sequência.

A direção de  Parker Finn trabalha bem as cores, usando a iluminação sempre para demonstrar a possível depressão e o estado mental abalado da médica, com tons de azul e frios, além de trazer temperaturas ou cores mais quentes em cenas de dia ou momentos que iriam ser de alegria, e que são pouco a pouco invadidos pela presença maligna dos sorrisos e dos surtos da personagem, nos encaixando na trama trabalhando a alusão à ansiedade, depressão e situações de trauma, o que nos imerge, deixando no ar que pessoas com esses problemas mentais nunca estão em paz, porém não aprofunda muito disso.

Há uma forte referência a Corrente do Mal, onde vemos a personagem sempre sendo perseguida pela entidade, entrando em desespero e fazendo o espectador duvidar da sanidade mental da personagem. O filme também faz alusões às redes sociais, lugar onde sempre temos que estar sorrindo, passar essa impressão de felicidade mesmo quando está dando tudo errado, até que ponto esse sorriso é saudável? Uma reflexão do quão doentio pode ser esse sorriso falso, e esse tema é trabalhado através da entidade, atacando a personagem de diversas formas, fazendo-a muitas vezes agir de forma impulsiva, tomando decisões que normalmente não tomaria. Como o filme se passa pela ótica da Rose, vamos sentindo e acompanhando tudo o que ela passa.

Destaque para atuação de Gillian Zinser como Holly, a irmã de Rose, que passa uma imagem de fútil mas, ao desenrolar da trama, revela uma versão cansada das adversidades da vida. O Sorriso Maligno foi um dos propulsores da divulgação do filme, que bombou nas redes, mas no filme ele se torna repetitivo e, muitas vezes, previsivel, deixando claro quando vai acontecer o susto. Provavelmente faltou uma comunicação maior entre produção e direção sobre como desenvolver melhor o roteiro e amarra-lo, ou deixar o terror mais estético, o que acaba deixando a produção no meio-termo entre os dois. Por mais que a atuação de Sosie Bacon (Rose) seja incrível,  não consegue segurar a trama sozinha. O namorado de Rose, Trevor (Jessie T. Usher), e seu ex, Joel (Kyle Gallner), servem para avançar a trama, mas de forma bem regular.

Sorria é um filme satisfatório, consegue fazer o expectador se divertir e ficar intrigado, e faz, principalmente, duvidar da sanidade mental de sua protagonista, o que deixa o filme mais intrigante. Infelizmente, o filme falha na parte da investigação, sobre a origem da maldição, e como o clímax é revelado, agradando apenas pela forma como a entidade se mostra para personagem, porém eles perdem a chance de finalizar o filme bem para criar um final que deixe abertura para uma sequência, o que prejudica bastante a experiência do filme.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *