Crítica | Os Farofeiros 2

Nota
4

Os Farofeiros 2 reúne novamente todas as famílias dos amigos de trabalho, já conhecidas desde nosso primeiro filme, para uma nova viagem, dessa vez para um resort na Bahia, tudo na primeira classe, reservado… Só que não. Agora através do relato de todos os filhos, de como foi sua viagem de férias, para a diretora, ficamos sabendo tudo o que aconteceu. A produção traz diversas locações, onde nos é mostrada as formas de diversão da classe C, com um roteiro que faz referências a diálogos de outros filmes e uma direção que usa mão de ângulos, do trash, de efeitos de cgi e uma trilha bem brasileira enquanto transita pela Bahia, mas não a Bahia de pontos turísticos, mas a Bahia com o jeitinho bem brasileiro.

No quesito figurino, tudo foi definido baseado nas características dos personagens, trazendo os mais formais e tímidos, os mais sensuais, a perua, a exagerada, o que quer ser jovem sem ser, além das versões em roupas de praia. A produção conseguiu detonar visualmente bem as locações para caber na proposta do filme, deixando tudo de um jeito bastante realista e que as vezes pode fazer questionar como os atores toparam gravar nelas. O elenco infantil atua muito bem, cada um com seu jeitinho e que cativa a cada momento de narrar a historia, ainda participando de um fechamento que finaliza o longa com chave de ouro.

O antagonista da trama continua sendo a própria viagem caótica, que ganha personagens novos e a separação de um dos casais. Infelizmente não temos uma remontagem da icônica cena da canastra, do primeiro filme, mas temos uma ótima envolvendo um rio de piranhas. Danielle Winits interpreta uma Renata ainda mais exigente e que reclama de tudo, enquanto a Jussara de Cacau Protásio já não briga tanto com ela, o que deixa um vazio formado pela falta do bate bola das duas no filme. Na trama, a atenção de Jussara é direcionada para sua decisão de ter um terceiro filho, um objetivo que ela tenta há tempos com seu marido, Lima (Maurício Manfrini), mas não consegue. Diguinho (Nilton Bicudo) ganha mais tempo de tela, agora que está completamente neurótico por vírus após viver a pandemia, e Elen (Aline Riscado) deixa de ser o grande incomodo das esposas, passando o cargo para Marquinhos (Marcos Pitombo), melhor vendedor da filial bahiana da empresa deles e que surge para incomodar os maridos, principalmente o recém separado Rocha (Charles Paraventi), e ter um affair com Vanete (Elisa Pinheiro). Adição no elenco, Sulivã Bispo chega como Darcy, uma mulher trans que é dona do resort e passa pelo dilema de administrar um resort no périodo pós pandemia

Com uma abordagem focada numa viagem natural, já que atualmente o contato com a natureza é muito valorizado, a trama enfatiza um contato até demais e expande ao trazer mais personagens para a história, além muitos animais, piscina suja e cenas com efeitos bem trash, propositalmente colocados, tudo para explorar bastante um humor vividamente brasileiro. Os Farofeiros 2 dá uma aula em não se levar a sério, com muitas piadas usando trocadilhos brasileiros e rindo do seu próprio gênero, a comédia nacional, ele usa mão de piadas que parecem ofender alguma minoria, para logo depois subverter a própria piada e deixar o duplo sentido colocar no espectador a dúvida se realmente houve maldade ou não foi coisa de sua cabeça. Os Farofeiros está para os brasileiros assim como a duologia Gente Grande está para os americanos, e ainda finaliza jogando no ar a proposta de um terceiro filme, o que deixa o espectador pensando: Para onde é que esses farofeiros vão viajar dessa vez?

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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