Nota
Em 1994, chocando os tabloides, noticiários e os fãs de patinação no gelo, a patinadora Nancy Kerrigan (Caitlin Carver) sofreu um atentado, onde um homem a agrediu e deixou a jovem com o joelho machucado nas vésperas de sua apresentação no campeonato de patinação de Detroit. Mas, apesar desse ser o caso central do filme Eu, Tonya, nossa protagonista não é a Nancy Kerrigan, mas sim Tonya Harding (Margot Robbie), nos levando a acompanhar toda sua vida desde o começo do seu interesse por patinação no gelo, aos 3 anos, até os fatos que levaram ao fatídico dia do atentado à Nancy Kerrigan.
Tonya Harding não teve uma infância muito saudável, apesar de ter uma ótima relação com seu pai, Al Harding (Jason Davis), por compartilhar o gosto por carros, sua relação com sua mãe, LaVona Golden (Allison Janney), era a pior possível, pois mesmo dando todo apoio para realizar o seu sonho de ser patinadora, a sua mãe fazia o possível e impossível para fazer um inferno na sua vida. E quando ela finalmente achou que conseguiria se livrar dessa família desestruturada ao conhecer seu primeiro marido, Jeff Gillooly (Sebastian Stan), Tonya vai perceber que um casamento pode também ser infernal.
Eu, Tonya conseguiu, para o seu diretor Craig Gillespie, cujo outro filme mais conhecido é Cruella (2021), seu segundo longa a receber indicações ao Oscar. Em 2018, o filme levou 3 indicações, com duas delas sendo umas das categorias mais importantes da noite. Margot Robbie recebeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz, mas acabou perdendo para a grandiosa atriz Frances McDormand. Já com Allison Janney a história foi outra, ela ganhou na sua primeira e única indicação ao Oscar por Melhor Atriz Coadjuvante. Também há um destaque enorme em suas caracterizações, que mesmo não deixando ambas atrizes idênticas as personagens reais, conseguem transformar muito, tanto a Margot nas diversas fases da vida da Tonya, envelhecendo-a até seus 40 anos, e deixando a atriz Allison Janney irreconhecível como LaVona Golden.
Além dos trabalhos incríveis de atuação de ambas atrizes principais, Eu, Tonya também recebeu indicação ao Oscar por Melhor Edição, mas que a categoria comparada com as de atuação não impressiona tanto assim. Mesmo com cenas, que comparadas frame a frame com as performances originais da Tonya Harding, sejam idênticas umas às outras, o que mostra um trabalho de fato exemplar da direção do filme e de coreografia com a atriz Margot Robbie, a edição das cenas de performance assim como os seus efeitos especiais são muito inconsistentes. Algumas das cenas tem uma tela verde super visível com um recorte, principalmente do cabelo da Margot, muito amador para um filme com o orçamento de 11 milhões de dólares, o que é uma pena, porque de fato a maioria dessas cenas apresentam uma sequência não só bonita com um slow motion das coreografias, mas também que casam muito bem com as tensões que precisam ser apresentadas com as cenas.
Eu, Tonya é baseado em um dos maiores escândalos esportivos dos Estados Unidos, e garantiu a primeira indicação ao Oscar da Margot Robbie, que mereceu bastante depois de uma das melhores atuações da sua carreira. Apesar de tantas inconsistências nos seus efeitos visuais, o filme deixa suas atrizes brilharem muito em seus papéis, não só pela caracterização de suas personagens, mas pelo drama que o roteiro carrega e que foi muito bem executado tanto pela Margot Robbie quanto pela Allison Janney. O diretor Craig Gillespie se mostra muito versátil em suas produções e com Eu, Tonya não é diferente, sendo o seu primeiro drama biográfico. Sebastian Stan também tem um destaque muito interessante no filme, com uma atuação que surpreende, mas sem impressionar tanto. Eu, Tonya consegue nos deixar aflitos mas ao mesmo tempo nos fixa a atenção para saber que fim levou Tonya Harding com tantos problemas que aconteceram ao longo de sua vida.