Nota
George Taylor (Charlton Heston), um astronauta americano, viaja por séculos em estado de hibernação. Ao acordar, ele e seus companheiros se veem em um planeta dominado por macacos, no qual os humanos são tratados como escravos e nem mesmo tem o dom da fala. Esse é o início de uma grande franquia que nasceu lá atrás, em 1968, sobre o guarda-chuva da antiga Fox, com efeitos especiais que, pela época, já estão bem datados, mas qual o mal disso? Cinema é so CGI? É perceptível desde a abertura quando um filme foi feito antigamente, mas vale muito a pena assistir a este belo filme, e não ficar apenas 5 minutos observando a lenta introdução e trocar o conteúdo.
Acompanhamos uma nave espacial com astronautas americanos, que pousa em um planeta desconhecido, quase que desértico. Já na queda, alguns tripulantes morrem, restando apenas três americanos, entre eles o personagem principal, comandante Taylor (Charlton Heston). Dirigido por Franklin Schaffner, que pode se dizer ser responsável também pela popularização da ficção cientifica, o filme foi um pioneiro da época. Logo de cara vemos o conceito de viagem no tempo ser explorado, trazendo os americanos numa viagem que os leva para cerca de 2.000 anos no futuro, e claramente o mundo já não é mais o mesmo.
É notório que o personagem de Taylor é marrento, aqueles caras chatos, que basicamente topou ir a uma viagem só pra passar o tédio, mas um desenvolvimento de personagem é construído a partir daqui, com um planeta só com areia, selva e nada além disso, não espere avanços tecnológicos. Quando a tripulação vai se banhar no rio, vemos as aparições dos humanos da época, uma civilização completamente primitiva, onde sequer sabem falar. Nesse período de tempo, que se passam em 3978, os Gorilas caçam os humanos como se fosse esporte, os chimpanzés estudam a anatomia dos humanos, para então aprender sobre a história dos seus ancentrais e compreender melhor os humanos, até lobotomia em humanos é feita. Taylor é capturado pelos chimpanzés e passa a ficar sob os cuidados de Zira, sem poder se comunicar verbalmente a princípio, mas usando a mimica e seus textos para explicar sobre sua situação a Zira e Cornelius, arqueologo noivo da cientista.
No decorrer do filme, é debatido religião e divindade, ao mesmo tempo que nos é mostrado a crença daquela sociedade de Macacos, orações, forma de viver, e todo entendimento comportamental, tudo isso enquanto vemos as tentativas de Taylor de sair daquele ambiente dominado pelos macacos, na chance de encontrar vida humana em algum lugar, e que Zira e Cornelius começam a ser vistos como loucos e traidores da própria cultura ao defender Taylor. Toda essa construção é muito bem feita, no seu devido tempo, é impossível não gostar desse novo mundo.
Planeta dos Macacos é algo para se enxergar além da pipoca, como uma crítica social, como a própria destruição humana leva a ruína do ser em si. É preciso salientar que os efeitos práticos, como as máscaras dos macacos, ficaram excelentes para a época em que foram feitos, que só fortaleceram a história inspirada no livro homônimo escrito pelo francês Pierre Boulle. Divino e perfeito é de definição certa, um excelente início para a franquia, com uma história realmente interessante.
Daniel Pereira
Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.