Review | Pose [Season 1]

Nota
5

Se estiver em busca de uma produção que celebra a cultura queer e discute os problemas enfrentados pela comunidade, Pose é série ideal para isso. Com nove episódios, conhecemos Blanca Evangelista, uma transsexual que está prestes a abrir sua própria Casa porque está insatisfeita com sua mãe, Elektra Abundance, pelo fato de tratar mal os filhos que vivem com ela. Em meio a essa busca por ser reconhecida pela comunidade queer, teremos a disputa das duas casas – Evangelista vs Abundance – e conheceremos as dificuldades vividas pelos integrantes da Casa Evangelista.

Na época de seu lançamento, Ryan Murphy afirmou que Pose foi recusada diversas vezes, mesmo que tratasse de assuntos universais – como o início da Aids, a marginalização do povo queer ou o preconceito. Talvez, o maior problema de Pose, para grandes empresas, seja o fato de a série falar com um público específico. Na verdade, esse é o maior acerto da produção. Com o maior elenco LGBTQIAP+ da televisão, a série aborda com excelência a exclusão da comunidade num período obscuro: a epidemia da Aids no mundo.

Ao longo da temporada, Pose vai nos apresentando outras histórias, mas sem esquecer de celebrar a cultura LGBTQIAP+. Na produção, um arco paralelo que merece destaque é a aceitação do Damon (Ryan Jamaal Swain) como um garoto gay. Logo no primeiro episódio, é apresentado a história do personagem – não muito diferente da realidade – que precisa ter o seu lugar no mundo e tem um dom que não é aceito pelos seus pais biológicos, a dança. Felizmente, como a série tenta pregar em seu roteiro que família vai muito além dos aspectos sanguíneos, tudo muda quando ele encontra Blanca. Além de ter grande destaque no primeiro ano da série, o ator contracena em diversos momentos o outros personagens dançando Vogue. Para categorias técnicas, os momentos representam muito bem a cena Ballroom.

Além de uma excelente reprodução do recorte real de como muitos pais lidam com a ideia de ter um filho LGBTQIAP+, Pose nos mostra também a realidade marginalizada das transsexuais, que muitas vezes não têm oportunidade nem qualidade de vida, por isso precisam ir para as ruas. É o que acontece com Angel, interpretada por Indya Moore, que inclusive contracena com Evan Peters e apresenta diversos momentos incríveis, como o término de um relacionamento.

Pose é um a celebração à cultura Ballroom, depois de estabelecer os laços principais que resultarão na Casa Evangelista, a série começa a abordar assuntos mais complicados de o telespectador digerir. É o caso de “The Fever” ( episódio 4), quando Angel e Candy não aceitam o próprio corpo e fazem o possível para torná-lo mais atraente ou feminino. Além disso, ainda há “Mother’s day” (episódio 5), que aborda o luto e a aceitação familiar. E, por fim, nada se compara a “Love is Message” (episódio 6), episódio que mostra o sofrimento de pessoas soropositivas vivendo em UTIs de hospitais. Com uma excelente mensagem, uma trilha sonora impecável e com Billy Porter como cereja do bolo, o sexto episódio, através de um olhar sensível, é visto como o melhor da 1ª temporada.

 

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

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