Crítica | O Jogo da Imitação (The Imitation Game)

Nota
5

Em 1939, a recém-criada agência de inteligência britânica MI6 recruta Alan Turing, um aluno da Universidade de Cambridge, para entender códigos nazistas, incluindo o “Enigma”, que criptógrafos acreditavam ser inquebrável. A equipe de Turing, incluindo Joan Clarke, analisa as mensagens de “Enigma” enquanto ele constrói uma máquina para decifrá-las. Após desvendar as codificações, Turing se torna herói. Porém, em 1952, autoridades revelam sua homossexualidade, e a vida dele vira um pesadelo.

Primeiramente, é preciso exaltar a qualidade do filme, ele acerta tudo que faz ao ponte de, antes de você perceber, já estar imerso na narrativa, e a atuação de Benedict Cumberbatch é sublime e consegue transmitir com sutileza verdades e defeitos. O filme é repleto de flashbacks da infância de Turing, para então podermos compreender um pouco de sua forma de agir e pensar. Por várias vezes o longa indica que Alan possuía autismo e TDAH , e como sofreu na infância com bullying e a incompreensão das pessoas ao seu redor, sobre como agir perante as situações da vida. O filme constroi até os motivos de Turing ter batizado sua futura máquina de prever respostas, Christopher, em homenagem a seu amigo, que de certa forma era o único que o ajudava no colegial e o tirava das confusões.

Ser diferente incomoda em camadas e formas diferentes, em uma época onde ser gay era considerado um crime contra o estado, era preciso enfrentar mais do que apenas preconceito, era viver o risco de, se pego, ser preso como punição por amar alguém do mesmo sexo. A cada momento que avançamos no filme, vemos um pouco mais de camadas, como por exemplo, quando Alan forma sua equipe para chefiar o projeto de construção na máquina, pelo qual teve que brigar com o alto escalão para conseguir um financiamento de 100 mil libras, e simplesmente traz uma mulher. Keira Knightley faz a jovem Joan Clarke, excelente em palavras cruzadas e, como pilar da equipe, se junta a outros jovens no interior da Inglaterra, isolados para impedir uma guerra ainda pior.

É muito bom ver essa dupla em cena, eles carregam muito bem o filme, que parece que se transforma, ora uma biografia, ora um filme de espionagem, esse último que Cumberbatch assume muito bem quando confrontado pelo personagem de Mark Strong, Stewart Meniezes do MI6, que ajuda o projeto de Alan a chegar em seu objetivo. Tentar decifrar as criptografias para impedir o avanço da guerra começada em 1939 é o foco do avanço da equipe de Alan, que consegue resultados promissores, impedindo ataques alemães ao mesmo tempo que o protagonista esconde seus segredos.

Dirigido por Morten Tyldum, O Jogo da Imitação é sólido, trazendo uma narrativa que funciona com seu roteiro perspicaz e sabe como contar uma bela história. Como um filme de época, a produção investiu bastante em visuais muito bem produzidos, mas tendo a preocupação de não mostrar sangue e a guerra própriamente dita, apesar de ser um filme de guerra, deixando clara sua intenção de trabalhar na parte política do embate, dando espaço para contar como foi possível o avanço dos ingleses junto aos americanos para finalizar a guerra. Mas o filme não é só sobre isso, ele também é sobre a luta contra o preconceito vivida por Alan Turing.

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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