Nota
“O inverno costumava ser minha estação favorita, mas Charlie tem razão: este inverno está sendo uma merda.”
Tori, Charlie e Oliver Spring sabem que o Natal deste ano não vai ser como os demais. Após passar um período internado para tratar seu transtorno alimentar, Charlie só deseja ter um dia comum, longe de ser o centro das atenções. O que parece impossível quando seus pais fingem que nada aconteceu e uma leva de parentes sem noção se reúne para debater sobre assuntos familiares em plena ceia de Natal.
Quando as coisas saem do controle, os Irmãos Spring vão ter, cada um a sua maneira, que enfrentar esse dia particularmente difícil, principalmente com um inverno tão atípico que testou todos os laços que possuem. Mas, seriam eles capazes de encontrar conforto na simples presença um do outro?
“Quando as pessoas sabem que você tem um transtorno mental, a maioria ou quer ignorar completamente, ou te trata como se você fosse estranho, assustador ou fascinante. Pouquíssimas são boas em encontrar o meio-termo.
O meio-termo não é difícil. É só estar lá. Ajudar, se for necessário. Ser compreensivo, mesmo que não compreenda tudo.”
Antes de mais nada, é preciso falar que Este Inverno é, querendo ou não, um conto de Natal. Mas, diferentes dos inúmeros contos que tanto conhecemos sobre a época, este em particular trata de um assunto pesado e difícil que pode dar gatilhos em seus leitores. Alice Oseman aproveita a época de união familiar para debater um lado mais obscuro do festival, acompanhando uma dinâmica entre os irmãos e a dificuldade no processo curativo que eles estão enfrentando – direta ou indiretamente. Oseman utiliza os diferentes pontos de vistas para criar uma crônica dinâmica e envolvente, que nos convida a conhecer as diferentes preocupações de seus protagonistas.
É através desses pontos de vista que a estória consegue nos aproximar dos seus personagens, demostrando uma preocupação necessária em construir os dilemas que conduzirão seu enredo. Cada oportunidade é bem aproveitada, trazendo as personalidades que tanto conhecemos em um dia para lá de complicado em seu cerne. Tori está preocupada em criar um ambiente confortável para seu irmão, mostrando-se presente e acolhedora em uma data tão estressante como o natal. Mas, até mesmo sua preocupação tem um lado ruim, principalmente quando as atitudes ao seu redor a fazem se isentar de sua própria dor, se colocando sempre como a que deve proteger mas não a que precisa de proteção.
Charlie vive um momento complicado, principalmente quando quem devia lhe dar apoio prefere ignorar tudo o que aconteceu. Em meio a toda tensão, o rapaz acaba discutindo com sua mãe, o que ocasiona mais um embate na família. É interessante ver como os atos afetam não só Charlie, que tanto conhecemos e amamos, mas todos ao seu redor. Demostrando como todos são machucados com a falta de conversa em um momento tão sensível. O livro ainda nos apresenta a visão doce e encantadora de Oliver, o irmão mais novo da família. Mesmo ele, em toda sua inocência, consegue notar que as coisas estão indo de mal a pior, e encontra seu próprio e adorável jeito de lidar com a situação.
Assim como os quadrinhos, o livro ganha uma versão em capa dura com todo o cuidado que a obra merece. A diagramação e as delicadas ilustrações nos fazem mergulhar de cabeça no enredo contado, trazendo ainda mais dinamismo a obra. Trazendo uma narrativa curta e intensa, Este Inverno constrói uma das obras mais incômodas da autora. Repleta de uma melancolia assertiva, o livro consegue transpor todo os altos e baixos de um processo de recuperação, e, principalmente, o quão importante é encontrar apoio naqueles que amamos.
“Não vai resolver nada. Sei disso.
Mas talvez todo esse lance de “recuperação” possa ser um pouco mais fácil se eu pedir ajuda às pessoas de vez em quando.”
Ficha Técnica |
Livro 4.5 – Heartstopper
Nome: Este Inverno: Uma Novela Heartstopper Autor: Alice Oseman Editora: Seguinte |
Skoob |
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...