Crítica | Força Bruta: Sem Saída (Beomjoidosi 2)

Nota
3

Dirigido por Lee Sang-Yong, o filme de ação e comédia sul-coreano acompanha a investigação de um assassinato que envolve o consumo e distribuição de uma droga sintética. Seok Do-Ma (Ma Dong-seok) é o detetive que toma frente do caso, juntamente com o capitão Il-Man Jeon (Choi Gwi-hwa). Eles se infiltram em festas, estabelecimentos e diversas situações, capturando muitas pessoas envolvidas no caso, até chegar ao líder de toda a máfia. Apesar de seguir um ritmo agitado que prende o espectador, Força Bruta carrega muita previsibilidade. Então, apesar de toques especiais por se tratar de um K-action, o filme não foge do âmbito genérico do cinema de ação que já existe na atualidade.

A obra traz bastante destaque ao Seok Do-Ma, um detetive que mais se parece um super-herói. O que torna a obra previsível é justamente esse estereótipo imposto no protagonista que o coloca em uma posição de “maioral”, “invencível”, “autoridade máxima”, o que acaba por inserir Força Bruta totalmente no padronizado molde ocidental da “narrativa da jornada do herói”. Dessa maneira, a obra acaba por se tornar previsível em todos os sentidos, tanto nas ações do detetive, as batalhas que ele sempre vence, quanto ao tom de comédia completamente “pastelão”, marcado por brincadeiras e situações “bobas”. Assim, a obra não tem um plot twist, não tem suspense, não tem emoção. O espectador já sabe muito bem exatamente tudo que vai acontecer já nos primeiros minutos do filme. Portanto, o que torna Força Bruta uma obra que pelo menos prende o espectador do começo ao fim, é apenas o ritmo acelerado dos acontecimentos que não permite que quem esteja assistindo fique entediado.

Dessa forma, seguindo o básico, o filme não ultrapassa a barreira do genérico. A trilha sonora é totalmente limitada e pouco marcante, assim como a sonoplastia das lutas no geral que seguem uma linha bem “artificial” e caricata. Assim como os próprios personagens, que, para além do protagonista, também são inseridos em moldes totalmente previsíveis os quais limitam o desenvolvimento da própria narrativa. Existe o herói: Ma Seok-Do; o mentor: Il-Man Jeon; a sombra: Kang Hae Sang (o chefe do sindicato criminoso) e o Herói Interior : que é a versão mais poderosa do Ma Seok-Do após enfrentar toda a jornada, mostrando toda a sua coragem e determinação. Sendo assim, outros personagens secundários também seguem uma linha estereotipada, sendo relevante mencionar o pouco protagonismo e espaço que as mulheres adquirem em Força Bruta. O filme é inteiramente centralizado nas relações estabelecidas entre os personagens masculinos, deixando as personagens femininas completamente em segundo plano. Estas acabam por adentrar em estereótipos voltados a contextos de tentação e apoio, sendo praticamente apagadas da narrativa. Além desses estereótipos de invisibilidade, também é importante mencionar como esse aspecto caricato também pode ser identificado na própria caracterização dos personagens. Aqueles que são ricos estão sempre utilizando roupas da GUCCI, e outras marcas de luxo, em modelos evidentemente falsificados que são utilizados de forma estereotipada para evidenciar que os personagens detém mais poder aquisitivo.

Por conseguinte, fica evidente que Força Bruta é um K-action que, por se inserir em moldes ocidentais, acaba por perder sua originalidade e se tornar só mais um filme genérico de ação. Apesar das falhas, é importante mencionar que a obra segue um ritmo interessante, e se desenvolvido de forma mais autêntica, poderia vir a ter mais destaque. Dessa maneira, mesmo com essas características que o tornam apenas “mais do mesmo”, a comédia pastelão e o caricatice prendem o espectador porque tudo se torna, de certa forma, cômico; desde a invencibilidade do protagonista, à dor de barriga de um personagem secundário. Portanto, Força Bruta é um K-action genérico que poderia se tornar muito mais relevante se Lee Sang-Yong tivesse explorado melhor a orginalidade da obra.

 

Estudante de cinema, pernambucana

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