Nota
Depois do tchan, Jonathan foi abraçado por toda família monstro e pode ficar junto com Mavis. Agora chegou o momento de conhecermos a família de Johnny e um novo integrante: Dennis Drácula, o neto de de cinco anos de Drácula, que deixa o vampiro preocupado ao perceber a possibilidade de o neto ser um humano e não ter herdado o lado vampiro da família. Com Mavis educando Dennis no mundo humano, tentando fazer o garoto ter uma vida mais comum e mais humana, Drácula aproveita as férias de Mavis e Johnny para submete-lo a testes para virar um vampiro de verdade. Como se não bastasse, na equação ainda entra Vlad Drácula, o pai de Drácula e avô de Mavis, que não gosta de humanos nem um pouco.
Drácula, nesse filme, se transforma em um típico avô bobão pelo neto, que não quer ver sua filha indo para longe do ninho, visto que já se acostumou ao seu genro morar no castelo com a filha e seus amigos. É mostrado que Johnny trouxe todo o avanço da tecnologia humana para os monstros, resultando em mais hóspedes e até filtros de instagram fazerem parte do dia-a-dia. Mas enquanto Drácula ainda se mostra muito antiquado, tendo dificuldade em aprender a mexer no smartphone, Mavis vai se tornando uma mãe super protetora, tal quanto o pai, o que a leva a pensar o quanto o mundo monstro pode ser perigoso para um meio humano, ou humano total, pequeno.
E a comédia da produção é toda sobre isso, Drácula querendo mostrar ao neto o que é um vampiro, ou um monstro, e só se atrapalhando. Numa trama que apresenta o acampamento de escoteiros monstruosos, o tio lobo mostrando o que um lobisomem faz, mas cada aula sempre terminando em trapalhadas. Temos personagens novos, outros mais explorados, como é o caso do Blobby ou de Griffin, este último fingindo que tem uma namorada, ou Winnie Werewolf, a amiga lobinha do Dennis, que o protege com garras e dentes e se torna uma crush muito engraçada. Temos um meme viral, feito de um vídeo de Drácula, mostrando como a introdução da internet impactou no mundo dos monstros e na forma como o mundo humano os vê, mostrando ainda como os humanos são chatos, que acham os monstros “anormais” mas que ao mesmo tempo amam as aventuras no hotel.
Destaque para as cenas de vôo, que fazem referencias ao Superman, a referência a Harry Potter na cena do trem, ou as referências de Hora de Aventura ao trazer vampiros usando protetor solar, chapéus sombreiro e óculos escuros. Temos mais cenas musicais, temos mais ação e até um momento de conflito, que faltou no primeiro filme. Temos também a brincadeira com monstruosos em fantoches para bebês ou pré-escolar, querendo ou não brincando novamente com o termo monstro, temos uma lição de moral sobre aceitação, diferenças e diversidade naquele contexto. Vemos um crescimento como pessoa de Drácula mais uma vez, de pai para avô, de super protetor para descuidado, porque atrapalhado ele é desde o primeiro filme.
Hotel Transilvânia 2 consegue trazer um roteiro mais amarrado, numa jornada de herói mais clara que investe em comédias visuais de forma pesada. A trama traz o filme para um público mais atual, consegue definir melhor a personalidade tanto do filme quanto de seus personagens, finca possibilidade de sequência, mas também questiona, até onde vão esticar a personalidade do Drácula como foco central do filme? Terá outras narrativas mais importante para avançar numa sequência?
Lucas Vilanova
Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror