Crítica | Aquele Natal (That Christmas)

Nota
4.5

Em uma minúscula vila no interior da Inglaterra, Papai Noel tenta salvar o natal das crianças que moram lá após uma série de eventos desastrosos. Uma das crianças é Danny, que está muito animado para a visita do seu pai no natal, que não o encontra já há algum tempo após a separação com sua mãe, e em meio às esperanças ele também segue criando coragem para conversar com sua crush, Sam, uma garota tímida que é ofuscada muitas vezes pela sua irmã gêmea, Charlie, que acaba fazendo tantas travessuras que Sam se pergunta se ela vai receber algum presente do Papai Noel esse ano. Enquanto isso, em outra família, a aspirante a diretora do teatro da escola, Bernadette, recebeu a importante missão dos seus pais, de liderar a noite de véspera de natal enquanto eles estão fora para uma festa de casamento. Como a mais velha do grupo, Bernadette vai tomar conta de sua irmãzinha mais nova e de dois amiguinhos do colégio, mas suas ideias inovadoras vão acabar afastando todos das tradições de Natal. Contando diversas histórias paralelas que se interligam, a animação de natal Aquele Natal foi lançada pela Netflix e já está disponível na sua plataforma. 

Aquele Natal foi produzido pelo pequeno estúdio britânico Locksmith Animation, que é relativamente novo, tendo apenas uma outra produção lançada em 2021, chamada Ron Bugado. Apesar de recente, o estúdio se mostra consistente com suas animações, tendo um estilo muito similar à animação da Disney e Pixar, mas com bastante cuidado nos detalhes, que são bem importantes para o filme. O filme, que foi dirigido por Simon Otto, conhecido por dirigir o episódio com estilo de terror da série animada Love Death and Robots chamado Tall Grass, agora tem o seu destaque num longa metragem de animação, trazendo pouco da suas referências para esse novo projeto e adentrando completamente ao estilo do estúdio que é mais cartunesco e não se propõe às novas tendências de animação 3D, como o diretor fez anteriormente, e ao invés disso traz inovações de cenário e composições de cena, perspectivas de cenários como um “raio-x” dentro das casas e carros, coisas que se assemelham bastante a perspectivas de jogos, e também de ambientação, como na cena inicial de volta no tempo, onde a neve caída sobe e vai “limpando” as ruas da vila, trazendo uma composição pouco utilizada em filmes do gênero.

Baseado num livro de mesmo nome do autor Richard Curtis, conhecido por roteirizar diversos filmes de comédia romântica como Um Lugar Chamado Notting Hill (1999), o roteiro de Aquele Natal é a grande surpresa do filme, trazendo diversas histórias dos habitantes da vila que se entrelaçam até o final fofo e emocionante. Apesar de reunir alguns clichês necessários, como crianças levadas não receberem presentes e os apetrechos mágicos do Papai Noel, o filme consegue inovar bastante trazendo novas perspectivas para o natal mais contemporâneo. O que mais se destaca sem dúvida são os questionamentos de Bernadette com relação às tradições velhas e chatas de Natal e como ela vai entrar em conflito em tentar inovar e criar tradições novas e mais divertidas, como ao mesmo tempo perceber que as tradições antigas e que reuniam a família também tinham a sua importância, trazendo um bom contraponto no conflito geracional sem parecer forçado e nem colocar nenhum dos lados como certo ou errado. 

Aquele Natal reúne várias histórias que se entrelaçam de forma super criativa e com uma animação fofíssima. O estúdio britânico Locksmith Animation, após seu primeiro filme, traz em parceria com a Netflix sua segunda produção coerente ao tamanho do estúdio mas com um roteiro surpreendente por não cair na mesmice de filmes do gênero e trazer discussões e tramas interessantes. Com design de personagens super carismáticos, o filme consegue dar a atenção certa para todos os personagens de um elenco extenso e desenvolvendo todos bem. Falando em carisma, o filme consegue entregar piadas diferentes, com um humor bem britânico que chega a ser bastante seco e direto ao ponto, mas que funciona muito bem para o filme já que as piadas servem para auxiliar a história e não como um foco principal. Aquele Natal é um filme que vai agradar toda a família, podendo facilmente se tornar um novo clássico de natal para muitos por ser leve, divertido e esquentar o coração.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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