Review | Ah, o Natal… [Season 1]

Nota
3

“Essa sou eu, Thando. Significa amor, mas claramente o universo não captou a mensagem.”

Thando é uma mulher solteira de 30 anos. Parte de uma familia grande e animada, ela sofre em todas as reuniões ao ver a alegria que seu irmão mais novo proporciona ao trazer sua esposa e filhos e todos os olhares de julgamento e decepção direcionados a ela. Quando seu irmão anuncia que sua esposa está grávida (de novo) de gêmeos (de novo), ela entra em pânico e mente dizendo que tem um namorado. Agora, para sustentar a história, Thando tem apenas 24 dias para encontrar alguém que possa apresentar na noite de Natal. Para essa missão, Thando acaba contando com a ajuda de Charles, seu melhor amigo e co-locatário, que trabalha em um bar local e começa a usar todos os seus contatos e ferramentas para conseguir fazer Thando conhecer os solteiros da região.

Criada por Johnny e Tiffany BarbuzanoAh, o Natal… é uma comédia romântica sul-africana inspirada na série norueguesa Namorado de Natal, que já ganhou um remake italiano em 2022 com Eu Odeio Natal, e talvez esse seja o maior problema da produção. Ver pela terceira vez a história de uma jovem enfermeira que resolve mentir para a familia, cedendo à pressão, e se vê na mirabolante missão de conseguir um namorado em 24 dias, pode soar massante, sem originalidade e desnecessário, o que faz com que uma produção que é visualmente e roteiristicamente envolvente acabe sendo condenada simplesmente pela sua falta de originalidade e identidade. Ao longo dos seis episódios, de cerca de 35 minutos, o show consegue reencenar a divertida história do roteiro norueguês, mas com ajustes que adicionam uma tom a mais de drama no enredo, tudo isso enquanto nos proporciona uma versão mais calorosa do natal, o que pode ajudar o público brasileiro a se identificar melhor com toda a trama.

Katlego Lebogang é uma grata surpresa, apesar de poucos anos de carreira, ela consegue nos entregar uma Thando carismática, intensa e passa perfeitamente o desespero da mulher em encontrar um namorado, o que a leva a diminuir o filtro e encarar encontros inesperadamente problemáticos, mas também acaba sabendo intercalar a loucura da sua vida amorosa com a evolução de personalidade que a personagem acaba passando. Outra adição interessante ao elenco é Siya Sepotekele, um ator muito conhecido por sua versatilidade, que acaba surgindo como um personagem chave na evolução de Thando, confundindo um pouco a mente do público com a curiosidade do motivo de transformar Jørgunn (a co-locatária de Johanne em Namorado de Natal) em um homem. A jornada que cruza o caminho de Thando com SimonBehkiMotheoXolani e tantas outras pessoas, é edificante de se observar, pois aos poucos vamos vendo a protagonista aprendendo com suas desventuras, e talvez seja isso que consiga manter o expectador até o final da série, mesmo sabendo qual o desfecho e sendo capaz de antever todas as reviravoltas e clímax da trama, o que deixa no ar a dúvida se os roteiristas não seriam capazes de, usando apenas a premissa do show norueguês, construir seu próprio enredo, com desfechos diferentes e até reviravoltas completamente novas.

É impossivel negar que essa versão foi capaz de aperfeiçoar diversos aspectos do roteiro original, como por exemplo a cena do encontro com Sfiso no bar, onde Thando se esconde e escuta seus irmãos conversando com seu ex, é de cortar o coração, muito mais doloroso do que a mesma cena nas duas outras versões, o que prova que realmente a produção tinha tudo para ser uma história realmente poderosa sobre superação e reconstrução, mas acaba perdendo muito pelo simples fato de ser um copia e cola de um roteiro que não teve tempo suficiente de envelhecer para permitir um remake. No final das contas, Ah, o Natal… poderia ter sido uma bela produção de natal se deixasse de lado o roteiro noruegues e apostasse em criar sua identidade, uma capacidade que o roteiro da produção mostrou ter capacidade de construir mas abriu mão para se manter no terreno seguro do remake.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *