Review | Ghosts (2021) [Season 1]

Nota
4

“Ela falou comigo! Ela falou comigo! Ela falou comigo! Eu acho que ela deu em cima de mim, eu não tenho certeza, mas rolou um clima. Mas ela falou comigo!”

Depois que sua tia-avô, Sofie Woodstone, morreu, Samantha, uma jornalista freelancer, descobre ser a única herdeira da Mansão Woodstone, uma casa velha e mal conservada que acaba lhe parecendo uma boa oportunidade de mudança de vida. Sam então convence o marido, Jay, a se mudar com ela para o imóvel e transforma-lo na Pousada Woodstone, ela só não esperava que um acidente na casa a deixaria clinicamente morta por três minutos, o que lhe faz voltar a vida com a capacidade de ver, ouvir e interagir com fantasmas. Agora, com esse dom, Sam começa a conhecer seus companheiros de casa, os diversos fantasmas de pessoas que morreram na Mansão Woodstone no decorrer dos anos, e que acabaram ficando presos ao local, aprendendo sobre cada um deles enquanto tenta conviver amigavelmente com esses atrapalhados ‘hospédes’.

Baseado na série britânica homônima criada pela  BBC One em 2019, o show desenvolvido por Joe Port e Joe Wiseman para a CBS é uma envolvente sitcom que brinca com o sobrenatural ao explorar personagens diversos, com uma grande história de fundo ao mesmo tempo que brinca com a comédia das situações que Jay e Sam se envolvem por conta dos fantasmas, construindo uma relação de amor e odio, amizade e paternalidade, onde eles aprendem muito sobre o passado e, de certe forma, são ajudados em certos aspectos da casa. Com oito fantasmas principais como fio condutor (se desconsiderarmos as dezenas de fantasmas da coléra que vivem no porão), a série vai conseguindo se desenvolver ao trazer os episódios focados em cada um de seus dez protagonistas (Sam, Jay e os fantasmas), com episódios que servem ora para explanar o passado dos fantasmas ora para explorar suas interações com o mundo atual, principalmente quando consideramos que Jay e Sam trouxeram a televisão e a internet para suas vidas. Samantha, vivida por Rose McIver, é uma protagonista cheia de energia e extrovertida, apesar de ser um pouco teimosa em certos pontos, ela se destaca pela forma como lida com as situações caóticas que se vê puxada, seja na reforma da mansão ou na interação com o fantasma. A atriz parece trazer muito da experiência no papel de Liv em iZombie, onde também mistura humor, drama e sobrenatural. Já o Jay de Utkarsh Ambudkar é uma prata da casa, trazendo todo o seu carisma natural para combinar o humor sutil e sanidade geral que representa o público perante a série, ele não consegue ver ou ouvir os fantasmas, o que o coloca dependente da esposa para todo o envolvimento com as entidades, e acaba criando algumas das cenas mais cômicas da série.

O elenco se completa com os fantasmas: Devan Chandler Long nos cativa como Thorfinn, o mais velho dos fantasmas, um viking agressivo da Noruega que veio explorar a América do Norte há mais de 1.000 anos, mas acabou sendo abandonado por seus companheiros de navio e morreu atingido por um raio, o que fez com que ele visse a chegada de todos os outros fantasmas e recebesse o dom de interferir em objetos alimentados por eletricidade. Román Zaragoza encarna Sasappis, a voz da razão entre os fantasmas, um Lenape que acabou morrendo em 1513 por razões desconhecidas, e agora tenta achar seu lugar nesse novo mundo. Brandon Scott Jones rouba a cena como Capitão Isaac Higgintoot, o mais dramático do grupo, um oficial gay do Exército Continental que acabou morrendo de disenteria, o que faz com que as pessoas sintam um forte odor ao atravessar através dele. Ele é uma junção de caracteristicas de três personagens da série britânica, principalmente quando consideramos que ele foi esquecido na história e agora morre de ciúmes de Alexander Hamilton, seu rival que se tornou famoso atualmente. Rebecca Wisocky vive a marcante Henrietta Woodstone, ou Hetty, a filha do dono original da mansão e ancestral direta de Sam, ela é a mais sisuda do grupo, sempre se vendo como superior e que mais tem conexões com a casa.

Temos ainda Danielle Pinnock como a incrível Alberta Haynes, a mais amorosa e maternal do grupo, ela é uma extravagante cantora de jazz da era da Lei Seca e acredita que foi assassinada por algum inimigo do passado, apesar de sua morte nunca ter sido verdadeiramente solucionada. Seu dom é ser ouvida pelos vivos quando está cantarolando, um dom que acaba evoluindo no decorrer da série. Sheila Carrasco vive a excentrica Susan Montero, ou Flower como prefere ser chamada, a mais avoada do grupo, uma hippie alegre e doce que viveu numa comuna e um culto na década de 60, mas acabou morrendo ao tentar abraçar um urso enquanto estava sob influência de drogas, o que fez ter o dom de colocar os vivos em estado alucinógeno ao atravessa-la. Richie Moriarty diverte como Pete Martino, o mais amigavel dos fantasmas, era um agente de viagens extremamente educado até que um de seus escoteiros acidentalmente atirou em seu pescoço com uma flecha. Asher Grodman vive o sedutor Trevor Lefkowitz, o mais recente dos fantasmas, um corretor da bolsa rico que morreu, sem usar calças, após uma overdose acidental de drogas, o que fez com ele permanecesse sem calças como fantasma. Ele é um mulherengo incuravel que acaba se apaixonando por Sam, ele tem o dom de interagir fisicamente com objetos do mundo vivo se ficar bastante concentrado, o que o fez derrubar o vaso que causou o acidente que quase matou Sam.

Divertida, a primeira temporada de Ghosts consegue equilibrar piadas espirituosas, humor inteligente e momentos leves, provando que, apesar de ser baseada na versão britânica, a série tem identidade própria e adapta bem o humor ao público americano. A química entre os atores e a diversidade dos personagens contribuem para o charme da série, que usa cada episódio para explorar os fantasmas e, as vezes, seu passado de maneira envolvente e divertida. Infelizmente algumas piadas e situações podem parecer previsíveis ao longo do tempo, mas se você gosta de comédias leves com um toque sobrenatural, Ghosts é uma ótima pedida, a série tem coração, boas piadas e personagens memoráveis, tornando-se uma opção divertida para maratonar.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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