Crítica | Para Maiores (Movie 43)

Nota
2

“Você já viu o filme mais insano de todos os tempos?”

Para Maiores é uma comédia em formato de antologia composta por vários curtas desconexos, todos ligados por um fio narrativo absurdamente frágil — um roteirista desesperado apresenta suas ideias bizarras a um produtor de Hollywood, numa espécie de paródia do próprio processo criativo. A partir daí, somos lançados em esquetes que vão de um encontro às cegas com testículos no pescoço a anúncios falsos, jogos escolares bizarros e pais que tentam educar o filho de forma “alternativa”. No elenco? Nomes como Hugh Jackman, Kate Winslet, Emma Stone, Naomi Watts e Richard Gere. Mas a presença desses grandes nomes só aumenta o espanto com o que se desenrola na tela.

Lançado em 2013, o projeto foi dirigido por múltiplos cineastas — entre eles Peter Farrelly — e demorou anos para ser concluído, com gravações espaçadas e esquetes filmados de forma isolada. A proposta parecia ser a de uma sátira ousada, politicamente incorreta e provocativa. O resultado, no entanto, beira o constrangedor. As piadas, em sua maioria, apelam para o grotesco pelo grotesco, sem timing, sem contexto e com um humor que rapidamente se esgota. Há um ar de sketch do Saturday Night Live mal aproveitado, sem o ritmo ou o refinamento que o formato exige.

O elenco, mesmo recheado de estrelas, parece desconectado do material. A impressão é de que muitos aceitaram os papéis como um favor ou em troca de outras oportunidades (quem sabe isso deve ser divida de jogo), e o desconforto transparece em tela. É como se todos estivessem cientes de que aquilo não funcionava, mas não soubessem como sair. Há quem defenda o filme como um experimento deliberadamente anárquico, uma crítica ao próprio sistema de produção hollywoodiano. Mas mesmo sob esse olhar mais generoso, o filme falha ao entregar algo que vá além da provocação vazia.

Apesar de uma ou outra esquete minimamente engraçada — como a dos pais que educam o filho em casa fingindo serem bullies — o saldo geral é de desconforto e frustração. Para Maiores tenta chocar, mas se torna apenas uma colagem de ideias sem foco, sem inteligência e, acima de tudo, sem graça. É um filme que poderia ter sido um marco da comédia irreverente, mas acaba sendo lembrado apenas como um dos mais infames tropeços coletivos de Hollywood.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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