Crítica | Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha (Victoria & Abdul)

Nota
3

1887, cidade de Agra, na Índia. Dois jovens locais são escolhidos para viajar até Londres de forma a presentear a rainha Victoria com uma valiosa moeda local. Ao chegar, tanto Abdul quanto Mohammed estranham bastante os costumes da realeza britânica, sempre a postos para mimar a rainha. Ao entregar a moeda, Abdul quebra o protocolo e encara a monarca. Tamanha ousadia chama a atenção da rainha Victoria, que através de várias conversas não só passa a conhecê-lo melhor como também o transforma em seu conselheiro. Esta decisão não agrada nem um pouco a corte inglesa, que não entende como um humilde indiano pode ser detentor de tal honraria.

Histórias baseadas em fatos reais têm suas cadeiras cativas no cinema. Victoria e Abdul relata a inesperada amizade entre a rainha Victoria e o servo Abdul. A relação entre os dois só ficou conhecida depois de longos anos, após documentos do indiano serem encontrados muito após a sua morte. E assim como o próprio filme deixa claro logo no seu início, o que assistimos na telona é apenas uma versão provavelmente mais poética dos fatos que sucederam na relação entre seus personagens, que apesar de tão distintos de culturas totalmente diferentes, se conectaram na delicadeza e sinceridade de uma verdadeira amizade.

Apesar do discurso muito bonito com a promessa de um enredo que emocionasse os corações mais sensíveis, podemos afirmar que falta alma no novo filme do diretor Stephen Frears. Muito disso ocorre pela imensa pressa no primeiro ato do filme. A relação e apresentação dos personagens é feito de uma forma muito rápida, e com poucos minutos de longa, a amizade já está consolidada, algo que na verdade deveria ter sido feito de forma mais lenta, para envolver o público e fazê-lo entender o motivo dos protagonistas terem se entendido de forma tão instantânea.

Enquanto o enredo apressado não consegue cativar tanto o espectador, pelo menos nos quesitos atuações e direção de ator, a produção consegue se sair extremamente bem. É visível a preocupação do diretor em tentar imergir o público na época em que o filme se passa. Para conseguir esse feito, a produção não economizou nos detalhes em relações aos figurinos, cenários e muito mais.

Em quanto isso, nas atuações, Judi Dench talvez seja uma das atrizes mais subestimadas da sua geração, que acabou sendo mais lembrada pelas participações nos filmes do James Bond, do que por outras enormes atuações durante sua carreira em filmes menos conhecidos pelo grande público. Ali Fazal consegue também fazer um bom contraponto com seu personagem, que pelo seu olhar, passa uma ingenuidade e sensação de estar conhecendo um mundo totalmente diferente.

 

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

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