Crítica | A Freira (The Nun)

Nota
5

“Há momentos para rezar e há momentos para agir. Esse é um momento para agir.”

O clima de uma cidade da Romênia muda quando a Irmã Victoria comete suicídio no convento local, e logo a população começa a sentir a consequência de um mal que parece vazar do convento. Para combater esse problema, o Vaticano envia um padre atormentado por um fantasma do passado e uma noviça que está prestes a se tornar freira, o grande problema é que o local esconde um segredo profano e está sob o controle de uma força do mal que toma a forma de uma freira demoníaca.

Desde que a freira apareceu pela primeira vez em Invocação do Mal 2, ela virou sucesso e a garantia de seu spin-off foi imediata. O problema é que a personagem foi colocada no longa de última hora, apenas para completar o terror que estava insuficiente e para dar um inimigo forte o bastante para Lorraine Warren, mas essa adição posterior fez com que o demônio se tornasse também o maior defeito do longa, afinal ele não se encaixava na linha do tempo e gerava muito mais perguntas do que respostas. Venho através deste informar que o longa se supera nesse ponto, pois ele chega dando todas as explicações que faltaram no longa principal e dando ainda mais informações que não só fortalecem a mitologia da franquia como também abre precedentes maravilhosos para novos filmes.

Todo aquele receio que tive ao assistir Invocação 2 se transformou em entusiasmo quando acabei de ver A Freira, pois senti que o trabalho de Corin Hardy em cima do roteiro de Gary Dauberman e James Wan fez total diferença para a franquia. Não temos mais uma casa sendo assombrada, não temos uma família pedindo socorro, não temos mais uma possessão clara, dessa vez temos um lugar tão macabro quanto sagrado sendo desvirtuado pelo dedo de Valak, temos a explicação do motivo de ele assumir a forma de uma freira, temos a explicação do por que ela surgiu em nosso mundo e temos uma clara explicação de como ela e Lorraine se conectam.

O longa traz um elenco maravilhoso, além da volta de Bonnie Aarons no papel de Valak, que consegue claramente desenvolver e abrilhantar essa vilã maravilhosa capaz até de talvez ofuscar Annabelle, temos Demian Bichir no papel do Padre, que tem um papel crucial na trama mas poucas cenas, e garante toda a parte traumática da trama já que vemos ele o tempo todo lutando com seu passado no formato de Daniel. Outro com pouca aparição mas grande importância é Jonas Bloquet, que vive Frenchie, o homem que guia a dupla até o local assombrado e ganha extrema participação em todo o desenrolar do último ato do filme.

Por último, mas não menos importante, está a estrela da trama, a Farmiga da vez, Taissa, a irmã mais nova de Vera Farmiga (estrela da franquia que encarna Lorraine) já vem com um currículo valioso de terror após fazer parte do elenco de American Horror Story, e nesse longa ela vem para mostrar que Farmiga é um sobrenome pra se respeitar. Taissa carrega toda a trama nas costas, encarando Valak cara a cara e batalhando pesado, tendo um brilho ofuscante e fortalecendo todo o girlpower da franquia, o que nos faz desejar ver ela aparecer mais vezes na franquia.

A produção não fica por baixo, apostando no uso de Steadycam e Grua, o longa cria planos que nos faz imergir profundamente no ambiente, nos deixando naqueles cenários por tempo suficiente para que esqueçamos que estamos vendo um filme e pareça que estamos vivendo a trama, e que a presença não está só na tela, como perto de você, pronto para te assustar a qualquer momento.

E a fotografia, que fotografia maravilhosa, o clima gótico e toda a trama por trás preenche a tela, nos convence do que estamos vendo e nos faz ver o quanto aquele convento é assustador, não só isso, nos faz sentir que ele foi profanado, nos faz buscar as freiras, nos faz tentar entender e nos envolver em tudo que está acontecendo, para só depois ter a verdade jogada em nossas caras. Devo elogiar também a cena que acho que foi a melhor, ficou lindo ver aquele circulo de orações de freiras, todas rezando fervorosamente com suas túnicas pretas e Irene no centro com sua roupa branca de noviça, dando um contraste lindo e uma cena memorável.

No final das contas devo dizer que fui positivamente surpreendido, esperei ver uma coisa e acabei sendo levado a um longa totalmente diferente, cheio de referencias a sua linha principal, mas totalmente solto, é como se estivéssemos vendo um filme qualquer para só depois sermos surpreendidos com sua conexão com Invocação do Mal, é como se nem precisássemos ver sua conexão para gostar, mas no final víssemos o quanto as tramas se cruzam e isso se tornasse a cereja do bolo.

 

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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