Crítica | Malévola (Maleficent)

Nota
5

Era uma vez, dois reinos que tinham péssimas relações. O ódio entre eles era tão grande que diziam que apenas um grande herói ou bandido poderia uni-los. Em um deles, vivia gente como nós, liderados por um rei vaidoso e ganancioso, eles estavam sempre descontentes e com inveja da riqueza e beleza de seus vizinhos, pois no outro reino, o dos Moors, viviam vários tipos de seres estranhos e maravilhosos. Não tinham rei nem rainha, apenas confiança mútua. Numa árvore num grande penhasco nos Moors, vivia um desses seres, podia -se pensar que era uma garotinha, mas ela não era comum, ela era uma fada e o seu nome era Malévola (Ella Purnell). Tudo mudou quando um garoto humano invadiu o reino, Stephan (Michael Higgins) havia roubado o poço de jóias.

Após escoltar o rapaz para fora do Reino, ela o aconselhou a nunca mais voltar, mas o rapaz desejava revê-la e disse que voltaria, ao apertar a mão da garota, ela foi ferida pelo anel no dedo dele, metal machuca as fadas, ao notar isso, ele jogou o anel longe para que ele pudesse tocar Malévola novamente, e essa atitude a tocou. No final do dia, o garoto que iria roubar apenas uma joia, roubou uma coisa muito mais valiosa…

Eles se tornaram amigos, algo improvável de acontecer, e por uns tempos, pelo menos para eles, o antigo ódio entre humanos e fadas havia sido esquecido. Como era de se esperar, a amizade se tornou algo mais e no 16° aniversário da garota, ele deu a ela um presente, disse que era um beijo de amor verdadeiro, mas não era para ser… Com o passar dos anos, a ambição de Stephan (Sharlto Copley) o afastou de Malévola (Angelina Jolie), em direção às tentações do Reino dos humanos. A garota, agora mulher, tornou-se a mais forte das fadas e protetora dos Moors.

O rei, cada vez mais ganancioso, desejava destruir o reino vizinho e todos os seres que nele habitavam, iniciou-se uma guerra e o exército humano foi derrotado, e o rei ferido por Malévola, o homem desejava vingança, e prometeu o reino aquele que matasse a criatura que o feriu. Stephan era criado do rei, e movido pela ganância, voltou a floresta onde a fada morava e a fez cair no sono com o uso de sonífero, mas não teve coragem de matá-la, mas precisava de algo para provar ao rei o seu sucesso, por isso arrancou as asas da pobre mulher. Ao acordar, atordoada e com dor, Malévola notou sua perda, e isso a fez buscar vingança.

Ao descobrir que Stephan se tornou rei, ela assumiu o trono de Moor forçando seus habitantes a serem seus súditos. Após um tempo, o novo rei festejava a chegada de sua filha, Aurora, para tentar amenizar o clima tenso entre os reinos, três fadas foram às festividades reais, e ofereceram dons a criança, mas no meio da bênção, a fada das trevas surge no salão e amaldiçoa o bebê.

O longa “Malévola” (Maleficent) conta o desenrolar dessa trama sombria e cheia de incertezas. Sharlto Copley atuou com maestria, mostrando a ganância do ser humano, e como um sentimento de incredulidade o levou a uma perigosa obsessão, o tornando louco. Sam Riley nos apresentou Diaval, o devoto servo de Malévola, tendo muitas vezes o papel de consciência da vilã. As fadas, Knotgrass (Imelda Staunton), Flittle (Lesley Manville) e Thistlewit (Juno Temple) são o alívio cômico do longa, completamente desastradas e sem noção alguma de como cuidar de uma criança ficam responsáveis pela princesa.

A grande estrela do filme é Angelina Jolie, ela conseguiu retratar a dor e o sofrimento que a cena onde as asas são arrancadas dela pedia, a alusão ao estupro foi necessária, para conscientizar a sociedade o quão sofrido é para a vítima, além disso, o ódio que a atriz fez a personagem emanar foi sensacional. A relação de Malévola com Aurora (Elle Faning) foi de longe profundamente trabalhada, no início era puro ódio, chegando ao asco, mas se tornou em apego e cuidado, medo de perder.

O longa é sombrio na maioria das cenas, acentuando a tensão que o enredo passa. Nas cenas onde Aurora aparece tudo se ilumina, fazendo jus ao nome da princesa. Uma curiosidade é que nas gravações, todos os bebês escalados para o elenco choravam na presença de Angelina caracterizada, a única criança que não chorou foi a filha da atriz. A trilha sonora, composta apenas por faixas instrumentais, complementa todo o trabalho visual. Nos créditos temos uma nova versão da música Once Upon a Dream, performada pela cantora Lana del Rey, a canção difere da original pela forma misteriosa e sombria que é executada, casando bem com o enredo e fotografia do longa.

Malévola nos apresenta uma nova versão de um dos clássicos da Disney, com enredo bastante alterado e final surpreendente, nos conta uma história de vingança e arrependimento, que prova que até o pior vilão pode amar.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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