Crítica | Buscando… (Searching…)

Nota
4

Após uma jovem de 16 anos desaparecer, seu pai, David Kim pede ajuda às autoridades locais, o que inclui uma excelente detetive especializada em casos de desparecimentos. Contudo, sem sucesso após 37 horas, David decide invadir o computador de sua filha para procurar pistas que possam levar ao seu paradeiro. Ao fazer isso, ele irá descobrir segredos que o farão repensar sobre o que pode ter acontecido com a sua filha.

Desde a evolução da tecnologia, a discussão em relação aos limites de privacidade que os pais devem ter com os filhos ganhou uma nova dimensão. Hoje é possível conhecer pessoas e manter uma relação íntima sem precisar sair de frente do computador, e isso pode ser realmente assustador em alguns casos. Como já sabemos, infelizmente existem pessoas que usam dessas ferramentas para causar o mal, e se aproveitar de pessoas inocentes que não fazem nem ideia de quem é realmente a outra pessoa por trás da tela do computador ou celular.

Talvez um dos melhores filmes que tratem  do quanto perigoso pode ser a internet, se chama Confiar, lançado em 2011, dirigido por David Schwimmer e estrelado por Clive Owen. O longa trata de um caso isolado que acontece com uma adolescente que se relaciona com um estranho pela internet. Agora, em  2018, o diretor Aneesh Chaganty traz uma história de uma jovem desaparecida, e em vez de tratar isso apenas pelo olhar da investigação, ele acerta em cheio em mostrar como a sociedade enxerga crimes que acontecem dessa maneira.

Buscando… conta história de um pai que recentemente perdeu a esposa por causa de uma doença, e agora está desesperado em busca da sua filha que desapareceu sem deixar rastros. Após várias horas sem nenhuma pista do paradeiro da jovem, ele decide abrir o computador da filha para descobrir pistas e acaba descobrindo muito mais do que ele imaginava.

Começando pelos termos técnicos da direção, todo o suspense é filmado a partir das câmeras do computador da casa, do notebook da filha, de câmeras de celulares e de seguranças. Essa técnica já havia sido utilizada em alguns filmes, especialmente dos gêneros de terror, e nesse caso aqui, se encaixa perfeitamente para contar a história. A cena de abertura do longa, que conta a história da família através dos “olhos” do computador, é espetacular, e já cria muito bem toda a atmosfera para o que vem a seguir. Mesmo usando esse padrão durante todo o filme, em nenhum momento a história fica cansativa, e isso também se dá pelo excelente roteiro.

O roteiro vem imediatamente como segundo ponto forte da trama. Sempre nos jogando e sugerindo informações novas a todo momento, a história segue num ritmo bastante intenso e que fará com que o público comece a criar diversas teorias ao longo da jornada para tentar adivinhar o que vem a seguir. E sim, acredito que poucas pessoas irão conseguir acertar o grande mistério do longa, isso porque, ele permanece bem guardado até os minutos finais da história.

Talvez o único ponto fora da curva do filme Buscando… seja a atuação do seu protagonista. John Cho é conhecido por papéis menores em algumas séries de TV de comédias, ou no cinema pelo seu personagem em Star Trek e tudo mais. Aqui ele teve sua primeira grande chance como protagonista, e a verdade é que eu senti que faltou um pouco mais de força e desespero na sua atuação. Todavia, com certeza não é nada que irá estragar a experiência de quem for para o cinema.

Buscando… é um dos melhores suspenses produzidos no cinema no ano de 2018. Um filme que vale a pena ser visto em uma tela gigante de cinema, e irá deixar o público desconfiado e desconfortável principalmente nas duras críticas que o filme faz a sociedade de hoje, que, por muitas vezes, só sabe julgar sem nem ao menos conhecer todos os fatos da história.

 

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

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