Resenha | O Livro do Silêncio

Nota
4

“Meu nome é Newton Fernandes. Os amigos mais próximos me chamam de New. Pode me chamar assim, se quiser. Apesar de ser bastante provável que você não queira ser meu amigo depois que souber o q eu fiz. Aliás, será que já sabe?”

São Paulo, 1º de junho de 2001, esse é o momento que Newton Fernandes faz seu apelo por ajuda, o jovem repórter foi jogado numa catástrofe divina e não sabe o que fazer, por conta disso ele enviou um e-mail para quem se interessar e acaba recebendo diversas respostas, a que realmente o interessa é a de Laroiê, o homem misterioso que passa a se corresponder e guiar New dentro da bagunça que se tornou sua vida, mas para isso, New precisa seguir contando sua historia, e é assim que começamos a entender a parte que inicialmente é a mais interessante na história.

Num ponto desconhecido do passado temos Orunmilá, um adivinho ancestral da Africa que sofre com o silencio do Ifá. Os Odus, os dezesseis príncipes que vivem no Orum controlando o destino e guiando os adivinhos, desaparecem e, consequentemente, todos os instrumentos de adivinhação se calam. Cabe ao velho babalaô a missão de reunir seis guerreiros para, juntos com ele, encontrarem os Odus, que foram sequestrados pelas Iá Mi Oxoronga.

“Essa é a historia de alguns desses homens e de como eles, a mando dos deuses, trouxeram de volta o maior de todos os poderes e o único que os humanos mantêm até hoje: o poder do destino.”

O grupo se inicia sendo formado por Orunmilá, o velho guia e líder do grupo, Exu, o gigantesco mensageiro do babalaô, e Oxum, a bela e formosa filha do vidente, e saem em busca dos outros quatro integrantes da busca. Ao mesmo tempo vamos vendo como os atos de New influem no destino de Orunmilá, sempre sabendo que todos os atos de Orunmilá interferem no futuro, e consequentemente, na vida de New.

A trama do livro é incrível e ao mesmo tempo angustiante, ele se intercala com um paragrafo transcrevendo um e-mail do New e um capitulo narrando a jornada de Orunmilá e seu grupo, e aos poucos vamos entendendo todo o dilema e nos afeiçoando cada vez mais com a jornada em busca dos Odus, um trama que pode facilmente ser chamada de Percy Jackson brasileiro, já que estamos vendo heróis saindo em uma missão e já sabemos que esses homens são aqueles que estão predestinados a ser Orixás, ao mesmo tempo que vamos descobrindo como a marca de nascença de New é na verdade um sinal da missão para a qual ele foi escolhido.

Preste muita atenção, menino. Neste exato momento, há vários mundos e muitos tempos diferentes acontecendo ao nosso redor, todos simultaneamente, mas em tempos e lugares diferentes.”

A escrita de PJ Pereira é tão envolvente que vamos aos poucos sendo engolidos pelo livro, vamos vendo a trama sendo devorada e, quando menos esperamos, chegamos ao final e já estamos desejando o próximo volume da saga. A trama de certa forma vai pouco a pouco nos ensinando todo o funcionamento da cultura africana e, consequentemente, da cultura afro-brasileira, a grande falha do livro acaba sendo o inicio do livro, onde temos as historias seguindo independentes, e tendo altos e baixos, o que vai se diluindo na metade do livro e some totalmente quando os mundos se conectam.

O livro foi relançado pela Editora Planeta em 2018 com uma capa cheia de simbolismo compondo o que parece uma ave, e que pode ser uma representação do Galo Monstro que vemos no livro, e que trás diversos símbolos que remetem a diversos pontos da trama e da cultura afro. Como se não bastasse, o livro é de um laranja chamativo que nos atrai de cara e ainda trás um miolo todo preto, o que faz uma combinação linda de constastes e ajuda a chamar ainda mais a atenção para essa obra.

“Sua missão é trazer de volta a ordem do mundo. Mas calma. Como eu já disse, essa não é uma missão só sua.”

 

Ficha Técnica
 

Livro 1 – Trilogia Deuses de Dois Mundos

Nome: O Livro do Silêncio

Autor: PJ Pereira

Editora: Planeta

Skoob

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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