Nota
Na década de 30, Papillon foi acusado de assassinato e mandado para cumprir prisão perpétua na Guiana Francesa. As regras da prisão são claras: Qualquer um que tentar fugir ganhará como punição dois anos de solitária. Isso não é o bastante para assustar Papillon, que vai tentar fugir de qualquer maneira com a ajuda de Louis Dega. Em uma das vezes ele quase consegue e vai parar inicialmente em uma colônia de hansenianos e depois em uma tribo de índios caribenhos, até chegar na Ilha do Diabo.
A história dos remakes no cinema ganha mais um capítulo com a chegada de Papillon. O longa original lançado em 1973 é estrelado por Steve McQueen e Dustin Hoffman, e conta a vida real de Papillon, preso injustamente, esquecido e largado numa das piores prisões de todos os tempos. Lá dentro ele faz amizade com Dega, um homem rico e preso por falsificação. Enquanto Papillon fica encarregado de proteger Dega dentro da prisão, o milionário avisa que está disposto a financiar qualquer plano de fuga elaborado pelo companheiro.
Quarenta e cinco anos após o lançamento desse clássico, chegou a vez de Charlie Hunnam interpretar Papillon, e Rami Malek ficar a cargo do papel feito brilhantemente por Justin Hoffman. Provavelmente, o problema inicial do remake já esteja estampado no seu ator principal. Hunnam ano passado foi o protagonista da releitura do conto de Rei Arthur nos cinemas. O seu problema naquele filme, continua sendo o mesmo aqui em Papillon, a total falta de carisma. E quando não se tem isso, é difícil fazer o público se importar com um personagem. Por outro lado, Malek prova que está em plena ascensão na carreira, e olhem que esse ano ele chegará nos cinemas interpretando ninguém menos que Freddy Mercury.
Enquanto o filme sofre nessa dualidade de atuações, em termos técnicos, de direção de fotografia e trilha sonora, o filme ganha uma força incrível. Toda a ambientação da época, seja nos figurinos e lugares por onde o filme se passa, é possível se sentir inserido naquela época, e entender os horrores passados pelos homens que eram jogados e esquecidos em prisões como aquela. Com certeza um dos pontos altos do filme acontece durante a fase em que o protagonista se encontra na solitária dessa prisão.
O filme segue um ritmo constante e consegue bem equilibrar a melancolia dos personagens em estarem sozinhos, ao mesmo tempo com a atmosfera de desespero na necessidade de fuga a todo momento. E todo esse equilíbrio seguiu muito bem até o ato final do filme. Talvez esse seja o momento mais decepcionante da produção. A parte final do filme, que se passa na Ilha do Diabo é extremamente apressada, e isso tira demais o peso do significado que aquela ilha tinha para os personagens. Enquanto na produção de 1973 é possível ver a agonia psicológica passada pela dupla na Ilha do Diabo, aqui em 2018 pareceu tudo fácil demais.
Para aqueles que se acostumaram a virar os olhos para todos os remakes produzidos em Hollywood, infelizmente a nova versão de Papillon não irá lhes fazer mudar de ideia. O longa tecnicamente é muito bem produzido, mas na hora do ápice final, não entrega o esperado.
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