Review | American Horror Story [S7: Cult]

Nota
2.5

“- Estou com tanto medo agora.
– Todo mundo está”

Uma eleição, esse é o ponto de partida de todo o terror que pode levar a humanidade ao extremo, a candidatura de Trump foi um catalisador da euforia, a candidatura de Hillary foi um incentivo a justiça, a polaridade fez o país entrar em guerra, e a vitória de Trump fez o país entrar numa era escura. De um lado temos Ally, uma mulher cheia de fobias que passou anos se tratando e agora, com a eleição de Trump, teve todos os seus medos ressuscitados. Do outro lado está Kai, um extremista que almeja dominar o mundo e lidera seu próprio ‘culto’, encontrando pessoas vulneráveis e amedrontadas, explora essas vulnerabilidades e as incentiva a liberar essa fúria ao seu lado.

A sétima temporada da série antológica American Horror Story foi anunciada em 4 de outubro de 2016, tendo anunciado o subtítulo Cult em 20 de julho de 2017. Ela chegou propondo uma temporada onde teríamos a eleição de Trump como tema, mas parece ter se perdido no meio do caminho e esquecido totalmente dessa ideia, apesar de se tornar cada vez mais forte a ideia do culto, pouco a pouco vamos enxergando sua função e o clímax se torna mais sobre quem são os palhaços do que no destino que a temporada vai ter.

Talvez se o tema da temporada fosse medo, ou fobias, ele se encaixaria melhor, pois pouco vemos o tema eleição presidencial ser realmente explorado, a eleição se torna muito mais um ponto divisório que serve de gatilho para os dois lados de principais. De um lado temos Ally e todas as fobias despertas pela eleição, do outro temos Kai e toda a brutalidade e revolta libertada pela eleição. A eleição serve como motivação, concebendo o culto em prol da vitoria de Kai à cadeira no congresso. A eleição é plano de fundo que interfere na trama mas não rege a mesma, sendo só um elemento coadjuvante no meio dos tema que estrelam.

O protagonismo de Sarah Paulson e Evan Peters guiam toda a trama. Enquanto Paulson inicia sendo afetada, histérica e que vive gritando, somos levados a rotular Ally como uma mulher descontrolada, e logo depois a série joga na nossa cara o quanto somos hipócritas ao menosprezar o papel da mulher diante de situações extremas, transformando a Ally na maior justiceira da trama. Já o Peters dá um show como o sociopata Kai, ele não só inicia discretamente sua seita, como aos poucos vai evoluindo até o ponto de ele se tornar o Divino Regente do culto assassino, que não só controla seus seguidores como consegue levar a população ao medo e o caos. 

A temporada conta ainda com o misterioso Vicent de Cheyenne Jackson, que aos poucos nos deixa confusos sobre seus objetivos como psiquiatra de Ally, que nos leva a duvidar se ele realmente quer ajudar a mulher a se curar ou a enlouquecer. Adina Porter assume o papel de Beverly, uma repórter que passa a fornecer com prioridade a cobertura dos crimes cometidos pelo culto, ajudando a incitar o medo na população. Billie Lourd tem sua estreia na série no papel da fria Winter, a irmã caçula de Kai e seu maior instrumento na busca por comprometer a sanidade de Ally. Temos ainda Ivy, interpretada por Alison Pill, a esposa de Ally, e que nem sempre parece tão confiável quanto deveria. Outra estreia é Colton Haynes, como o detetive Samuels, a influencia policial dentro do culto, aquele que protege a todos e evita uma investigação. Temos ainda Billy Eichner e Leslie Grossman estreando como o disfuncional casal que não nos cativa e logo perde a atenção no meio do culto.

Entre as participações especiais temos Emma Roberts, que aparece rapidamente na série e impulsiona a trama intima de um dos membros do culto; Frances Conroy, que aparece em rápidas cenas para fundamentar a origem do culto de Kai e a revolta feminina dentro do culto; Lena Dunham representando Valerie Solanas, a mulher que tentou matar Andy Warhol e iniciou o culto que culminou na origem do feminismo; e John Carroll Lynch, com o cameo extremamente desnecessário e dispensável do Twisty.

A série se inicia com glamour, com “Election Night” explorando todos os perigos do extremismo eleitoral que o EUA presenciou nas eleições 2016, mostrando isso através de imagens reais de noticiários, ele segue se destacando ainda mais com “11/9” (7×04), que acaba por ser um dos episódios mais confusos e intensos da temporada, onde vemos todos os efeitos do medo nos ligados ao culto e toda a motivação para seu surgimento. Mas eis que a série chega no fatídico “Mid-Western Assassin” (7×06), que começa a forçar demais a barra e faz a série entrar num declínio inacabável que removeu todo o brilho daquela que se tornou a pior temporada de AHS. A série se finaliza com “Great Again” (7×11), que tenta corrigir algumas falhas e cria uma sequencia capaz de salvar a trama, mas logo depois joga tudo no lixo com uma cena final que fez Ally perder toda a adoração que ela teve depois de todos os atos da série.

É preciso citar também que Evan Peters brilhou não só como Kai Anderson mas foi além na sua atuação e viveu magistralmente os papeis de Andy Warhol, Marshall Applewhite, David Koresh, Jim Jones, Jesus e Charles Manson, o problema é que nem a atuação de Peters ou Paulson e nem de qualquer outro ator foi suficiente para salvar a trama de Cult da derrocada que ela sofreu manchando o legado da série.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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