Crítica | Cam

Nota
5

Uma jovem ambiciosa chamada Alice (Madeline Brewer), trabalha com pornografia de webcam. Rodeada por ursinhos e almofadas fofas em um quarto rosa, Lola, nome artístico de Alice, interage com os clientes de diferentes formas para conseguir dinheiro. Através da webcam, Alice cria um mundo fictício, onde usa a forma teatral para ter uma melhor performance e, consequentemente, conseguir mais expectadores para que possa alcançar seus objetivos e chegar ao top.

Fora do mundo virtual, ela é uma jovem que tem poucos amigos, possui uma relação familiar distante e não tem namorado. Ambiciosa performer, ela dedica-se todos os dias para chegar ao top 50, deixando de dormir e até mesmo de comer para manter entretenimento para seus expectadores e, eventualmente, roubar a liderança de Baby, uma garota que parece sequer se esforçar. Lola (Alice) estuda minuciosamente os canais de suas concorrentes, percebe uma série de shows eróticos um tanto monótonos e infantis, além de muitos semelhantes, e busca uma diversidade para que possa chegar ao top de forma mais rápida e consiga se manter estável.

Cam é um longa capaz de mexer com qualquer psicológico. Lola (Alice) se vê perdida quando uma garota idêntica assume sua conta como forma de realidade virtual, então ela precisa investigar de diversas formas para que assim possa deletar o seu perfil. O suposto vírus escolhe algumas garotas de forma aleatória, hackeia suas contas e as recriam em realidade virtual. A reprodução não é totalmente perfeita e algumas pistas são dadas durante o longa.

A Netflix visou uma realidade diferente, mostrar a vida de garotas que trabalham com sexo virtual, seus riscos e consequências da ambição em ter dinheiro fácil. Atualmente, essa é uma realidade comum, então o longa traz toda uma mensagem e crítica social que trabalha principalmente com a forma comportamental dessas pessoas que trabalham com sexo virtual.

A fotografia do longa varia entre um quarto rosa, rodeado de itens aos quais Lola faz uso durante suas performances e atuações em frente a webcam. Também transita pelo salão e pela casa de sua mãe, onde vive com seu irmão.

A decisão de Lola (Alice), ao voltar para o site com uma nova identidade mostra o quão ela é determinada a ter fama e dinheiro. Mesmo depois de todo o acontecido, ela se ver mais forte e determinada, achando que suposto vírus não pode atacá-la novamente, já que tem total conhecimento sobre o problema, o que a leva a achar que está com total controle sobre a situação.

Cam mergulha em todos os aspectos que tornam o ambiente online tóxico e perigoso, mas reconhecendo que isso não deve mudar tão cedo, seja por negligência dos administradores das plataformas ou por nós mesmos. É essa impotência quanto aos problemas estruturais que dão peso e relevância ao conto. O cinismo quanto à natureza das interações digitais do longa serve como a melhor representação do ciclo de agressões, que frequentemente acontecem nesses ambientes e que começam com atos de violência psicológica, que viralizam e destroem algumas vidas no processo. Logo isso fica no passado, sem explicações ou consequências. É o ponto de partida para mais uma vítima em potencial.

Formado em Letras, atualmente cursando Pós-graduação em Literatura Infantil, Juvenil e Brasileira. Sentindo o melhor dos medos e vivendo a arte na intensidade máxima. Busco sentir histórias, memórias, escrever detalhes e me manter atento a cada cena no imaginário dos livros ou numa grande tela de cinema.

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