Review | Sex Education [Season 1]

Nota
4.5

Em Sex Education, a nova série original do catálogo da Netflix, vamos conhecer Otis (Asa Butterfield), um estudante de ensino médio que vive com sua mãe (Gillian Anderson), uma terapeuta sexual. Por ter uma mãe que entende tudo sobre sexualidade, em casa, Otis tem total liberdade para falar sobre o assunto. Porém, o jovem não quer discutir sobre sua intimidade com sua mãe. E isso é até compreensível. O problema começa quando todos da escola sabem que a mãe do garoto é uma terapeuta sexual.

Crescer em meio a um ambiente em que falar sobre sexo e relacionamentos não é um tabu fez com que Otis aprendesse bastante sobre o assunto, mesmo que ele seja virgem e se sinta desconfortável acerca da sua própria sexualidade. Então, quando Maeve (Emma Mackey), uma badgirl que precisa de ajuda financeira para se manter, descobre isso sobre o garoto, ela não pensa em outra coisa além de faturar uma grana; e, juntos, eles criam uma “clínica de terapia sexual improvisada”. É através das consultas do Otis que vamos conhecer um pouco da dinâmica dos relacionamentos dos jovens da Escola Secundária de Moordale e, é claro, vamos aprender um pouco da – tão falada – Educação Sexual.

Assim que Sex Education foi lançado no serviço de streaming, a internet entrou em polvorosa. Todos falavam sobre a produção de 8 episódios. Isso porque o diferencial da série é: tratar de um assunto que ainda é tabu de uma forma engraçada e leve. E a produção faz isso da maneira certa. Poderíamos até comparar com American Pie, só que muito mais informativo e consciente. Ou melhor, uma versão mais realista de Big Mouth, que é uma série animada que fala sobre educação sexual. Esse, sem dúvidas, é o que mais chama atenção na produção: a linguagem universal para falar com todos os públicos, principalmente com os adolescentes.

A série também aborda outros assuntos bastante relevantes, inclusive. Nos últimos episódios, podemos perceber até um enfoque maior acerca do preconceito com LGBTQI+, que tem como protagonista do plot o Ncuti Gatwa, que entrega um personagem divertido, mas que sabe agir com seriedade nos momentos certos. Ao longo da temporada, percebemos outros assuntos sendo abordados no enredo, como, por exemplo, a sororidade – inclusive, é aqui que vemos uma das melhores cenas da série inteira -, a naturalização da masturbação feminina e o aborto, apesar deste último ser tratado com menos relevância e sem muita responsabilidade.

Felizmente, os acertos não param nos temas abordados. Os personagens de produção também facilitam para que a série torne-se um sucesso. O Asa  Butterfield se reinventa ao interpretar Otis. A impressão é que o personagem foi feito para o ator, um adolescente que conhece a sua sexualidade de forma tardia, nerd e apaixonado pela badgirl da turma. E ainda temos a Gillian Anderson, que entrega uma personagem sexy, madura e uma mãe bem atual, que tem “lances rápidos” e não busca relacionamento sério.  O Ncuti Gatwa interpreta o melhor amigo gay do Otis. Não precisa nem pensar, sabemos o quão clichê isso é, mas a experiência de Eric em cena fará você refletir sobre muita coisa. O personagem traz algumas das cenas mais reflexivas acerca do movimento LGBTQI+, aceitação dos pais e religião.

Apesar deste elenco tão diversificado interpretando personagem tão relevantes, não poderíamos deixar de falar da Patricia Allison, que vive a Ola. A atriz nos presenteia com uma personagem tão bem resolvida e forte que é impossível não se apaixonar por ela nos primeiros minutos de cena. Apesar de ela aparecer em cerca de 5 dos 8 episódios, a garota mostra sua relevância na série: ser uma personagem feminina segura, autoconsciente, que não esconde seus interesses, é direta, que se mostra revolucionária só pelas atitudes. Só digo uma coisa: chega no crush igual a Ola chegou no Otis que é match na certa!

Para finalizar, Sex Education tenta quebrar alguns dos esteriótipos que já são bastante vistos no cinema, sem falar da naturalização de diversos tabus. No final, o que aprendemos com a série é que a sexualidade não é só um impulso físico é uma experiência íntima e emocional. E o melhor é que toda essa sexualidade aflorada nos jovens é tratada com empatia e muita informação. Com tantos erros em séries de comédias teens – lê-se: Insatiable -, a Netflix acertou em cheio nesta. E já temos uma segunda temporada encomendada. Nunca te critiquei, Netflix!

https://www.youtube.com/watch?v=shpb-5tim8k

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

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