Crítica | Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível (Christopher Robin)

Nota
5

“As pessoas falam que nada é impossível, mas eu faço nada todos os dias.”

Christopher Robin (Ewan McGregor) já foi uma criança ativa e alegre, vivendo milhares de aventuras entre as árvores frondosas do Bosque dos Cem Acres. Mas, como tudo nessa vida, as aventuras da infância precisam ser deixadas pra trás e tudo que elas representam, assim como seus encantadores amigos são esquecidos e guardados no fundo de um pequeno baú.

Agora, já na meia idade, Christopher Robin é um adulto cético e voltado completamente para o trabalho. Tão diferente da criança imaginativa que já foi um dia, Christopher se limita a sua importante maleta e a agradar seu chefe mesquinho para manter seu emprego, por vezes deixando sua família de lado para se concentrar em um futuro melhor. Em meio a uma crise, Christopher precisa encontrar um jeito de diminuir os custos de produção da empresa ou demitir seus funcionários, que confiam e dependem dele. Desolado, ele precisa passar o fim de semana trabalhando em uma solução enquanto se encontra a beira do colapso. É ai que uma velha figura reaparece em sua vida.

Pooh (Jim Cummings) precisa desesperadamente da ajuda de seu velho amigo. O ursinho perdeu todos os seus companheiros e não consegue encontrá-los de nenhuma maneira. Cabe a Christopher Robin embarcar mais uma vez ao seu lugar de infância e viver uma última grande aventura ao lado do ursinho bobo e, quem sabe, encontrar a si mesmo ao longo do caminho.

Em meio a tantos revivais de clássicos e uma nova onda de infância retomada, nostalgia não é um argumento tão bom para justificar um outro longa da qual muita gente nem lembra. Mas é ai que se encontra o grande acerto de Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível, ele possui sim sua nostalgia mas ele vai muito além disso. Com um roteiro primoroso e uma fotografia exemplar, o longa trás um choque de mundos e um peso ainda maior a seus ensinamentos. Sim, o publico algo é o infantil mas vai ser raro não ver um adulto sair encantado com o filme.

A sutileza dos detalhes é algo primoroso, seja uma luz acessa quando alguém se diz cansado, ou um abraço não dado em uma despedida os mínimos detalhes são pesados e profundos, acrescentando ainda mais camadas as personalidades dos personagens. E admirável acompanhar o esplêndido inicio, com suas cores vibrantes e seus tons alegres aos poucos se tornarem cinzentos e opacos, até intimidadores conforme a trama avança e a infância é esquecida.

Os personagens poderiam apresentar um grave problema ao entrar no mundo real mas eles são tão bem feitos e realistas que se encaixam como uma luva. Os efeitos fotorealistas são implementados na medida certa, imergindo bem o telespectador no mundo é dilemas apresentados. Não é atoa que o longa foi indicado a um Oscar por seus efeitos sublimes. A trilha sonora é cativante e discreta, nos envolvendo bem na trama e criando uma leve nostalgia que enche os olhos ao toque de musicas tão conhecidas e amadas de um modo tão simples é encantador.

Christopher se tornou um adulto sem imaginação e cheio de dilemas. É extremamente prazeroso quando suas prioridades quando suas prioridades são postas em pauta pelas perguntas simples e encantadoras do Ursinho Pooh. Afinal, o que realmente importa? Sua maleta? Seu emprego? Sua família? E se isso importa, por que você não esta com elas nesse momento? Cada uma dessas perguntas, feitas de forma singela atinge ao telespectador como um tapa na cara.

Acompanhar o contraste entre o rabugento protagonista e a simplicidade de sua infância no formato de um ursinho amarelo é gratificante. Pooh é encantador em tantos sentidos e mesmo quando a vida lhe entrega as piores respostas, ou um termo que ele não consegue entender, o ursinho permanece doce e adorável. O retorno de Jim Cummings a dublagem do ursinho é emocionante, com sua voz rouca e calma, o dublador entrega piadas precisas e certeiras de um personagem com a qual ele esta confortavelmente familiarizado. Cummings ainda da vida ao espalhafatoso Tigrão, trazendo um contraste enorme e um novo trejeito a personalidade iluminada do Bosque dos Cem Acres.

(Brad Garrett) tem um tom pessimista e desanimado, casando maravilhosamente com seu humor sombrio e grave a um personagem tão icônico da infância de muitos dos adultos. Leitão (Nick Mohammed) e seus temores infundados nos enche de simpatia e carinho, despertando assim outro fator importante para a trama e trazendo um balanceamento preciso para o terceiro ato. No elenco humano temos a primorosa Madeline Robin (Bronte Carmichael) que cativa o espectador ao tentar impressionar o pai ao mesmo tempo que se sente desconfortável e oprimida, nunca sabendo bem o que deve fazer perto dele ou como se portar. Evelyn Robin (Hayley Atwell) tenta manter sua família unida e mostrar a seu marido que existem coisas mais importantes que seu trabalho, afinal, a vida esta acontecendo agora e não espera por ninguém.

Repleto de uma sensibilidade impar e nos trazendo de volta ao que realmente é importante, Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível chegou singelo e sem grandes pretensões mas ganhou nossos corações de uma forma ímpar e única. Nos mostrando que muitas vezes o nada é a melhor coisa a se fazer e, que embora meio rachados, ainda somos os mesmos se olharmos bem em nossas almas e revivemos a nossa criança interior.

“Fazer Nada costuma ser o que leva a gente a fazer as melhores Alguma Coisa.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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