Review | Russian Doll [Season 1]

Nota
4.5

“Gotta get up, gotta get out, gotta get home before the morning comes”

Nadia está completando 36 anos de idade e, durante a sua festa de aniversário, que foi organizada na casa de sua amiga Maxine, ela inicia uma das noites mais loucas de sua vida. Tudo começa no momento em que ela conhece Mike, um homem qualquer e muito conquistador, e resolve sair pra transar, mas sua noite é interrompida quando, no meio do caminho, ela morre atropelada e volta pro início da noite, no momento em que sua festa começou.

Seguindo a fórmula de Feitiço do Tempo, a série original que a Netflix lançou no dia 1 de Fevereiro, Boneca Russa é uma comédia dramática criada pela união de Natasha Lyonne, Amy Poehler e Leslye Headland. No decorrer da trama vamos vendo todo o dilema de Nádia que passa a lutar ao tentar entender o que criou esse loop, buscando uma forma de interrompê-lo e desejando sobreviver até lá.

Logo de início somos pegos de surpresa, sendo agarrados pela dúvida sobre o que iniciou esse grande círculo vicioso, e a forma como a protagonista acaba lidando com toda essa situação gera muitos risos, chegando ao seu ápice na cena de The Great Escape (episódio 2), onde ela tenta sair da casa e inúmeras vezes se acidenta na mesma escada e morre, algo que muda o comportamento dela nos outros episódios. Mas logo essas situações cômicas se tornam vergonhosas e tediosas.

Talvez essa falha tenha sido prevista pelo roteiro do trio de humoristas, já que em Alan’s Routine (1×04) somos apresentados a Alan, outro rapaz que está preso no loop e que parece ter uma conexão mística com Nádia, o que dá um novo ar para a trama e novas descobertas, fazendo a queda de qualidade começar a ser revertida e aos poucos vemos o clímax e a curiosidade reviver. Natasha Lyonne se dá muito bem com seu protagonismo, ela segue com uma atuação extremamente interessante e uma liberdade extrema com a trama, com toda a permissão para expor sua personalidade dentro do roteiro que ela co-escreveu, mas sua atuação com certeza não seria a mesma sem a ajuda de Greta Lee, que, mesmo sem aparecer tanto, consegue expressar muito do seu carisma.

Já Charlie Barnett consegue dar total equilíbrio ao jeito desregrado da personagem de Natasha, sendo os extremos exemplares da porra-louca sem limites e do regrado controlador com TOC. No final das contas, temos uma premissa idêntica ao sucesso A Morre te dá Parabéns, e ouso dizer que até o desenvolvimento lembra muito o longa, mas a produção se valoriza ao trazer uma trama mais polida e um humor narcótico que flui como água nas mãos de Natasha. Tudo isso é arrematado pela leveza que Gotta Get Up, de Harry Nilsson, tem na trama, sendo tocado toda vez que Nádia ressuscita, colando na nossa mente, mas nunca sendo cansativa. Devo dizer até que chega um momento da série que o simples fato de ouvir a música já nos anima ou ficamos a espera da morte de Nádia para ouvi-la.

A trama possui duas partes bem definidas, a primeira onde o humor reina e as motivações se tornam inúteis, e a segunda que se inicia com a chegada de Alan, onde a trama começa a se levar a sério e criar uma mitologia, explora muito mais as filosofias de Nádia, que usa seus conhecimentos de programadora de jogos para tentar entender como quebrar o loop. O problema é que a série fica tão cheia de conteúdo que se finaliza sem dar uma resposta convincente aos problemas e obstáculos, mesmo que tenha usado com perfeição de todas as metáforas de sua mitologia.

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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