Nota
“Se eu não sou a melhor nessas coisas, então quem sou eu?”
Kim Possible (Sadie Stanley) sempre foi acostumada a ser a melhor em tudo. Sendo a boa amiga, uma boa filha, tirando notas ótimas e salvando o mundo nada podia pará-la. Mas, após entrar no ensino médio, Kim percebe que as coisas não são tão fáceis quanto pareciam. Enquanto tenta lidar com sua nova realidade e manter sua sanidade, ela precisa encarar a verdade: talvez ela não seja a melhor em tudo e uma nova Kim pode aparecer e ficar em seu lugar. Enquanto encara suas novas inseguranças, a ruivinha se vê confrontada o seu pior inimigo, o Dr. Drakken (Todd Stashwick), que fugiu da prisão e esta preparando mais um plano diabólico para destruí-la de uma vez por todas.
Kim Possible é o novo filme da Disney Channel. O canal aposta na nostalgia para atrair o público; afinal, Kim Possible foi um ícone televisivo que acompanhou a geração que cresceu assistindo suas aventuras, mas transformar uma série animada em um live-action é bastante complicado, principalmente quando a série em si é tão icônica e marcou a infância de tanta gente.
A linguagem da produção animada é totalmente diferente de um live-action e ficou a cargo dos diretores Adam B. Stein e Zach Lipovsky traduzirem esse conteúdo sem perder a essência que divertiu tanto o público. O longa consegue fazer bem essa nova leitura, mas peca em algumas partes. Embora as lutas estejam interessantes e a transição tenha se feito de uma maneira palpável, os vilões ainda apresentam um ar cartoonesco com piadas horríveis que o próprio filme reconhece como desnecessárias e infantis.
Em quesito de figurino, o longa agrada e ainda faz referências ao clássico, mostrando bem que ele entende o porquê de estar ali, e dispara que não precisa ser exatamente igual para ser bom. As lutas, às vezes, parecem um pouco travadas pelos efeitos e é colocado um sentido épico e urgente até nas coisas mais simples, como, por exemplo, apanhar um ônibus ou pegar um papel no chão. Tudo é feito com cambalhotas e golpes marciais para mostrar que sua protagonista sabe o que está fazendo e não tem tempo para perder. Mas a pergunta que fica é: o sentido do filme não seria mostrar a Kim o mais “normal” possível?
Mas é exatamente na protagonista que mora o maior acerto do filme. Sadie entrega uma personagem que sabe o seu potencial, mas que encara as inseguranças e dramas de alguém que sempre foi a melhor em tudo o que faz. É interessante acompanhar uma Kim que vê seu mundo virar de ponta-cabeça e que acaba se perdendo em meio a sentimentos tão conflitantes. Por um lado, ela quer ficar feliz pelo sucesso dos outros, mas, por outro, não sabe lidar com não ser mais a menina que resolve tudo no final do dia. Essa dualidade não diminui em nada a força da personagem; pelo contrário, só a torna mais… humana.
Ron Stoppable (Sean Giambrone) é divertido e engraçado. O melhor amigo de Kim traz tudo o que o atrapalhado esquisitão precisa, e cativa o telespectador logo em sua primeira cena. Seu humor é preciso e seu companheirismo notável, trazendo ótimas cenas durante o longa. Rufus (Nancy Cartwright) é extremamente fofo e nostálgico. É adorável que eles expliquem a superinteligência do roedor careca e mostrem o primeiro encontro entre os dois amigos.
Shego (Taylor Ortega) é exatamente o que esperávamos da antagonista mais amada da franquia. Ela é debochada, cheia de cinismo e trazendo uma força feminina poderosa a trama. Athena (Ciara Wilson) é a nova estudante deslocada da escola, que encontra em Kim e Ron seu novo apoio. Após ganhar mais confiança, ela passa a ofuscar Kim e roubar seu papel de protagonista, trazendo à ruivinha uma espiral de incertezas. Nana (Connie Ray) é a conselheira de Kim, aquela a quem ela procura em seu momento de crise e a direciona para o caminho certo.
Apostando na nostalgia logo em sua abertura, Kim Possible parece um episódio estendido, e isso não é ruim. Deixando brechas para possíveis continuações e tornando-a uma das personagens mais queridas da telinha. É um tiro às cegas da Disney que demonstra seus erros e acertos e mesmo assim entretém, tornando o que parecia impossível possível. E só nos resta dizer uma ultima coisa: Wade, qual é o problema?
“Disque problema, eu tô no esquema
Você pode sempre chamar
Kim Possible”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...