Nota
“Por mais que as coisas fiquem ruins tem sempre alguém que está pior”
Em um longínquo local no meio do Texas, uma bela fazenda vive em harmonia e tranquilidade. Todos na Pedacinho do Céu sentem que pertencem àquele pequeno paraíso no meio do cenário árido e duro do deserto Texano, sabem seu lugar e respeitam a autoridade exercida por Calloway, uma vaca centrada e disciplinada, mas tudo isso muda com a chegada da animada Maggie, que coloca todo o controle que a Sra C. poderia ter sobre os animais da fazenda.
Maggie foi transferida de seu antigo lar, a fazenda Dixon, após a mesma ter sido roubada pelo perverso Alameda Slim e os irmãos Willy de uma forma misteriosa e repentina que nem a própria Maggie consegue compreender. Tendo a vaca como única cabeça de gado, o antigo dono de Maggie não teve outra alternativa alem de vender a fazenda e se mudar para uma área melhor, deixando o pobre animal no lugar mais próximo de um lar que ela poderia sonhar.
Mas, no mesmo dia que Maggie chega a fazenda, o xerife Sam Brown aparece com seu garanhão Buck para entregar a última notificação a Pearl Gesner, informando que se a mesma não pagar sua divida no banco a Pedacinho do Céu irá a leilão na próxima terça-feira. Sem poder pagar a dívida, Pearl se vê desanimada ao perder a única coisa que a na vida: sua casa e seus animais. É aí que Maggie tem uma ideia. Junto com a Sra. C. e a doce Grace, ela parte para a cidade para tentar adiar o prazo da divida e conseguir o dinheiro para quitá-la.
Lá, elas descobrem que o adiamento é impossível, mas um novo plano se forma ao notarem o caçador de recompensas Rico, recebendo um pagamento por sua última captura. Após ouvirem que a captura do infame Alameda Slim teria dinheiro suficiente para salvar a fazenda, as vacas decidem partir à procura do bandido, capturá-lo, levá-lo à justiça e salvar sua amada fazenda. Com múltiplos desafios e um árduo caminho pela frente, elas precisam colocar suas diferenças de lado e trabalharem em conjunto para cumprir sua missão, pois vão capturar esse bandido nem que a vaca tussa…
O quadragésimo quinto filme da Walt Disney Animaction Studios pode parecer simples e até bobo à primeira vista, mas ele esconde muito mais do que aparenta. Nem que a Vaca Tussa apresenta, sim, uma história mais fraca e singela, mas o filme tem uma mensagem importante e nos faz refletir bem com seu enredo. Dirigido por Will Finn e John Sanford, o longa nos leva a um cenário de faroeste, trazendo a dificuldades em sobreviver a um cenário tão brutal que pode destruir os sonhos de qualquer um com um piscar de olhos.
O clima inicial reflete bem o cenário com a qual os Estados Unidos se encontravam na época. Com o 11 de Setembro tão recente em suas memórias, a ideia de “será que o sol vai brilhar outra vez?” é tão tocante e singela que chega a emocionar. A animação 2D possui seu charme e as lúdicas cenas com cores chamativas contrastam tão gravemente com os tons do filme que despertam a curiosidade.
Mas, como nem tudo são flores, o filme traz um roteiro apressado e mal trabalhado, e não casa bem com a história que quer contar. Não existe tempo para desenvolver uma motivação clara para seus personagens, que parecem ser jogados de uma situação a outra por mero acaso e acaba afastando o telespectador de sua trama.
A dublagem brasileira se mostra uma das melhores coisas da trama. Meggie ganha vida através da divertida voz de Cláudia Rodrigues, que consegue transmitir personalidade e carisma para sua protagonista. A vaca perdeu tudo que conhecia, mas mantém o otimismo e leva as outras adiante, tentando se readaptar a sua nova vida e se vingar pelo que perdeu. A Sra. Calloway é dublada pela lendária Fernanda Montenegro, que apresenta uma vaca mais pessimista e pé no chão, e contrasta diretamente com a alegria de Maggie. A Sra. C pretende apenas voltar ao sossego de sua fazenda e não desapontar aqueles que contam com ela, sendo a líder dos animais ela se vê no dever de acompanhar as outras, para que não façam nenhuma burrada no caminho. Completando o trio, Grace (Isabela Garcia) é distraída e procura sempre acalmar os ânimos com suas Good vibes. A mais jovem das vacas aparenta ser o elo de ligação do grupo, mantendo todos unidos, mesmo que o que as outras mais queiram é se distanciar o máximo uma da outra, ou resolver na briga.
Buck (Marcelo Garcia) sonha em ser um herói e ter uma vida de aventuras, mas como cavalo do Xerife de uma cidade pequena ele não consegue ver nenhuma ação em seu cotidiano. Determinado a provar seu valor, ele quer a todo custo capturar o Alameda e ser reconhecido pelo seu herói Rico, mesmo que tenha que atravessar o caminho das protagonistas. É engraçado que para fazer algo heroico, o alazão pense de uma forma tão egoísta e mesquinha. Jack da Sorte (Mário Monjardim) é o coelho mais azarado de que se tem notícia. Mesmo com toda sua falta de sorte, o roedor está sempre disposto a ajudar e a ser gentil com quem aparece em seu caminho, sendo usado como alívio cômico e agradando ao espectador. Já Alameda Slim (Mauro Ramos) é totalmente esquecível e genérico, não tendo um momento memorável e saindo apagado da trama.
Embora não seja o mais lembrado da sua época, Nem que a Vaca Tussa apresenta uma trama agradável, mesmo que apressada, e pode nos divertir em uma tarde de domingo quando não temos muito o que fazer. Apesar de estar longe do desastre que a crítica o define, o longa tem seus erros, mas também belos acertos que traz em um charme country e acolhedor que diz que tudo vai dar certo, por mais sombrio que pareça.
“Posso jurar, este lugar
É especial, um outro
igual não se pode achar
Além disso tudo
Não pago aluguel
No meu lindo pedacinho do céu
É tão agradável
Mais doce que mel
O meu lindo pedacinho do céu”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...