Crítica | Felicidade por um Fio (Nappily Ever After)

Nota
3

Sempre pressionada a ser perfeita, Violet Jones (Sanaa Lathan) sempre mostrou-se ser uma publicitária poderosa e bem sucedida, tendo o namorado perfeito e uma rotina extremamente organizada para conseguir sempre estar impecável. Após uma enorme desilusão, ela resolve repaginar não só seu visual, mas também sua vida em busca do caminho da aceitação de seu cabelo e sua reformulação como mulher, superando traumas que a acompanham desde sua infância. Paulette Jones (Lynn Whitfield) sempre manteve os cuidados no cabelo de sua filha para que ela não pudesse sofrer com questões raciais no ambiente em que vivia. O cabelo de uma mulher negra tinha que manter-se sempre liso para que ela pudesse ser aceita em determinados lugares, também existia a necessidade de causar boas impressões e ser a mulher perfeita para ser aceita por qualquer homem poderoso.


Clint (Ricky Whittle) é um homem que deseja ver a vulnerabilidade da Violet, porém em alguns momentos ele deseja que a mesma se adeque para impressionar seus pais. No meio de tantos altos e baixos, Will (Lyriq Benet) entra na vida da Violet para causar mudanças, que por sinal são profundas e que podem mexer com toda sua estrutura perfeita de ser mulher. Com apoio de suas amigas da faculdade, Wendy (Camille Guaty) e Natasha (Britanny S. Hall), Violet tenta seguir com sua perfeição, entendendo que não pode ter a vida perfeita sempre.

Após suas frustrações, sua perfeição entra em contestação consigo mesma e ela então toma escolhas por impulso. Todos os seus questionamentos são sempre voltados a sua vida e ao seu cabelo, toda a culpa que Violet sentia, todas as perdas e todos os sonhos que não foram realizados foram voltados também ao seu cabelo. O que Violet queria como mulher era impressionar e dar orgulho aos seus pais, porém ela esquece que já é uma mulher adulta e que pode tomar suas próprias decisões.

O longa é dividido em blocos que levam até a transição final e a realização da Violet. A fotografia transita por tons amarelados e os figurinos mostram a típica vida de uma mulher rica e perfeita, que sempre irá impressionar as pessoas, mas nunca a si mesma. A proposta do roteiro funciona e conscientiza de alguma forma as mulheres a aceitarem seus corpos, cabelos e se olharem no espelho com empoderamento, abordando também temas como câncer. A produção é um verdadeiro exemplo de comédia romântica que pode ser apresentado como proposta educacional para conscientização da aceitação feminina e racial.

Retratar a autodescoberta feminina é uma jogada certa no ramo do entretenimento, porém culpar a mãe negra pode ser uma forma covarde de abordar a assunto. Numa sociedade onde preconceitos raciais têm total peso sobre a personalidade da mulher, algumas coisas soam equivocadas. Violet sendo escrava da aparência se reinventa com aprendizados e, por fim, aceita sua verdadeira imagem, empoderando também as pessoas a sua volta.

 

Formado em Letras, atualmente cursando Pós-graduação em Literatura Infantil, Juvenil e Brasileira. Sentindo o melhor dos medos e vivendo a arte na intensidade máxima. Busco sentir histórias, memórias, escrever detalhes e me manter atento a cada cena no imaginário dos livros ou numa grande tela de cinema.

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