Crítica | Maze Runner: A Cura Mortal (Maze Runner: The Death Cure)

Nota
3

Depois de passarem pelo labirinto (Maze Runner: Correr ou Morrer, 2014) e percorrerem os perigos de um deserto interminável (Maze Runner: Prova de Fogo, 2015), neste terceiro filme, Maze Runner: A Cura Mortal, “Thomas e seus amigos” da Clareira unem forças para resgatar Minho, que foi levado pela CRUEL para a lendária Última Cidade. Na tentativa de invadir o lugar, repleto de vigilância, guerras civis e um vírus se espalhando cada vez mais entre as pessoas, Thomas vai descobrir o que se esconde por trás desse sistema enquanto luta para salvar os seus.

Apesar de uma proposta modesta de criação de universo, Maze Runner tem a seu favor desde o primeiro filme dois elementos principais que o fazem funcionar: um bom elenco juvenil e uma condução sólida das sequências de ação – fatores que se mantém no terceiro filme. Dylan O’Brien sempre desempenhou com eficiência o papel do protagonista que se torna líder por intuição, ainda que não saiba exatamente o que fazer na maior parte do tempo, e todos os outros componentes do grupo seguem o protagonista na mesma sintonia. Enquanto isso a ação e a correria são filmadas com competência pelo diretor Wes Ball (mesmo dos dois primeiros filmes), que nunca deixa o ritmo cair e consegue manter a sensação de continuidade na trilogia, principalmente em termos de tom.

A parte técnica continua eficiente, com efeitos visuais de escala mais grandiosa e um desenho de produção convincente, mesmo que sem muita personalidade. A ação melhora com relação ao foco narrativo (especialmente se comparado ao filme anterior, que era uma bagunça de roteiro) e consegue criar um bom senso de curiosidade. Toda a sequência da execução do plano de resgate, inclusive, é executada com muita agilidade e é recheada de pequenas surpresas pelo caminho, com todos os personagens secundários tendo uma (pequena ou grande) participação.

O problema é que todo o mistério central de Maze Runner em si não tem afinal muito a oferecer além de pequenas reviravoltas e acaba não indo muito longe em A Cura Mortal. A história nunca consegue se expandir para além de “muros” e nada de muito relevante é mostrado acerca dos acontecimentos apocalípticos ao redor do mundo. Em outras palavras, todo o tempo que é despendido na história e nas revelações acaba não chegando em lugar nenhum, exceto numa descoberta um tanto forçada, quase de última hora. O filme ainda se prejudica por um excesso irritante de soluções abruptas para salvar os personagens (o famoso Deus ex machina) e a quantidade de pequenas batalhas internas e pouco significativas torna o terceiro ato um tanto convoluto, esticado e cansativo.

A Cura Mortal consegue englobar durante seus dois primeiros terços as principais virtudes da série, adicionando um impacto emocional relevante no campo da distopia adolescente sem diminuir na ação e no entretenimento pipoca – mesmo que carregue consigo problemas que vêm, na verdade, desde a sua concepção.

 

De Recife (PE), Jornalista, leonino típico, cinéfilo doutrinador.

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