Review | Good Omens [Season 1]

Nota
4

“Crianças, começar o Armageddon pode ser perigoso. Não tentem isso em casa.”

Aziraphale (Michael Sheen) e Crowley (David Tennant) estão na Terra desde o princípio. Eles estavam no planeta desde quando Eva mordeu o fruto proibido e estarão quando tudo chegar a seu fim. Mas os improváveis companheiros notam o quanto perderão se o Amargedon realmente acontecer. Destinados a acompanhar o crescimento do anticristo, o anjo e o demônio decidem fazer um pacto: eles influenciarão o príncipe do inferno para o bem e para o mal, cada um a sua maneira, trazendo um balanceamento impecável que impedirá o apocalipse. Mas tudo vai por água à baixo quando eles percebem que durante 11 anos observaram a criança errada. Agora, com menos de dois dias para o fim do mundo, eles precisam encontrar o anticristo verdadeiro… antes que ele faça as escolhas certas e acabe de vez com o mundo que conhecemos.


Fazer uma adaptação de uma obra cheia de extravagâncias e um humor ácido não é fácil, principalmente quando ela é tão amada e venerada pelos fãs. Mas, em meio a todas as adversidades e fracassos rotineiros (isso foi pra você GoT, ainda não esquecemos essa oitava temporada), a Amazon conseguiu achar o balanceamento perfeito para traduzir Belas Maldições.

Familiarizado com a diferente linguagem de mídias, Neil Gaiman (que junto com Terry Pratchett escreveu a obra em questão) soube cortar e adaptar seu livro para o novo formato sem perder a graça e a extrapolação imaginária do novo cenário. Escrevendo os seis episódios e ajudando na produção da revigorante (e complicada) trama, Gaiman consegue construir um roteiro coeso e fluido que encanta tanto seus leitores quanto os novos espectadores que acompanham sua obra.

Diferentes de tantas outras séries, Good Omens apresenta um único diretor para sua temporada, o Douglas Mackinnon, que traz um humor ácido junto com um visual deslumbrante, que diverte e prende o telespectador, nunca nos deixando cansados ou entediados com os episódios de pouco mais de 50 minutos. Acredite, você vai desejar cada vez mais. A minissérie ainda é banhada por inúmeras músicas do Queen, que se encaixam como uma luva a cada situação e trazem referências aos prazeres cotidianos (quem aqui não se agradou com a leve aparição de Deuses Americanos na obra?).

Mas uma série não seria nada sem seus personagens e, acredite, eles dão um show. Narrada pelo onipresente Deus (Frances McDormand), a trama traduz algumas das linhas originais do texto com uma suavidade ímpar enquanto desenvolve sua história. Crowley e Aziraphale roubam cada uma das cenas em que aparecem e a improvável amizade surge com uma força avassaladora que cativa o público, fazendo-nos torcer por eles desde o primeiro momento. É impossível não se deixar levar pela química palpável da dupla e pelos dilemas enfrentados.

Crowley nunca quis ser demônio de verdade. Não entenda mal, ele adora ser malvado, mas ele só andava com a galera errada. Agora, ele se vê preso ao maior trabalho que já fez enquanto observa tudo que gosta ser destruído para uma guerra sem propósito. Em contrapartida, Aziraphale se mostra convicto de que se falar com as pessoas certas vai conseguir mudar a visão de todos para o erro que é o apocalipse, mostrando-se relutante em quebrar regras e procurando se manter puro em seu objetivo. As interações hilárias de personalidades tão distintas são um ponto forte na produção, ambos desmentem os laços que criaram, mas se mantêm cada vez mais próximos durante a trama, como dois lados de uma mesma moeda.

Boa parte da química entre os personagens se deve ao carisma presente nos atores, que são um show durante as cenas e nos transportam para o louco mundo de Gaiman. Anathema Device (Adria Arjona) teve todo seu destino traçado por uma ancestral e passou cada minuto de sua vida tentando entender as profecias que foram deixadas para trás. Em meio a suas buscas, a bruxa tenta fazer o melhor que pode enquanto tudo parece ruir ao seu redor, encontrando o desastrado Newton Pulsifer (Jack Whitehall), que nunca conseguiu achar seu lugar no mundo. E o Benedict Cumberbatch faz uma mínima, mas memorável, participação, que merece ser apreciada e aplaudida.

O elo fraco no poderoso elenco se encontra em seu personagem mais jovem, Adam (Sam Taylor Buck), que não consegue esboçar a mínima reação. O ator parece alheio às situações ao seu redor e não consegue transmitir nenhum dos sentimentos que seu personagem precisa. Raiva, tristeza, alegria e medo passam distante do rosto do ator, fazendo-nos perder parte da imersão que o roteiro tenta passar e, consequentemente, destoando de todos (ou quase todos) com quem contracena. O visual, embora agrade, às vezes se mostra inconsistente. Ora os efeitos se mostram coesos e bem trabalhados, ora destoam de todo o resto e incomodam, resultando num trabalho que não parece ter sido finalizado. Algumas cenas mostram um efeito em coloração diferente do resto do cenário, com um CGI destacado e nada semelhantes a outras ótimas jogadas que a série apresentou. Uma pena, mas algo a ser mencionado.

Good Omens traz uma balanceada adaptação que diverte e encanta, transportando-nos com maestria para a mente criativamente diabólica de Gaiman. Com personagens encantadores e uma trama nada cansativa, a produção ganha um novo público e desperta nossa curiosidade de uma forma precisa e justa como só as profecias de Agnes Nutter conseguem ser.

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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