Crítica | Toy Story 2

Nota
4

“É uma pena meu amor, mas sabe, os brinquedos não duram para sempre.”

Após mais uma de suas brincadeiras, Andy acidentalmente rasga o braço de Woody (Tom Hanks) que acaba sendo colocado em uma prateleira enquanto observa o garoto partir para o escoamento de verão. Desolado, o cowboy de pano tem pesadelos sobre ser abandonado e não ter mais serventia à criança que tanto ama, e é ai que ele encontra Wheezy (Joe Ranft), um antigo brinquedo que foi esquecido na prateleira por ter seu apito quebrado.

Ao ver seu amigo ser levado para uma venda de brinquedos usados, organizada pela mãe de Andy, Woody parte para resgatá-lo, mas acaba sendo roubado por um colecionador de brinquedos. Acompanhando tudo da janela do quarto, Buzz (Tim Allen) e os outros brinquedos começam a arquitetar um plano para resgatar seu amigo e trazê-lo de volta ao lar enquanto Woody descobre uma nova realidade que vai abalar de vez sua maneira de enxergar o mundo.

Após o sucesso estrondoso de Toy Story, a Pixar Animation Studios tinha criado sua fórmula do sucesso e apresentado ao mundo uma nova maneira de contar história. Mas isso seria suficiente para mexer em um filme que foi considerado exemplar? O que justificaria uma continuação para o mesmo e como ela poderia se igualar a um clássico instantâneo?

Idealizado originalmente para ser lançado diretamente em home vídeo, Toy Story 2 se mostrou um projeto promissor que precisava de atenção. Dirigido por John Lasseter e lançado quase quatro anos após o original, o longa apresentou alguns problemas de produção (principalmente, pelo curto período de tempo de filmagem e a reavaliação e reescrita do roteiro), mas não impediu o sucesso imediato da obra.

Considerado por muitos uma brilhante continuação, o filme conquistou a crítica e o público, além de trazer uma nova ótica aos dilemas do antecessor. Se o primeiro focou no ponto de vista dos brinquedos, esse segundo filme levanta novos questionamentos e aplica novas problemáticas, expandindo e engrandecendo o universo.

Temáticas como abandono, morte e envelhecimento são tratadas de forma didática, trazendo uma riqueza ao longa e encantando aqueles que assistem. O longa consegue tocar em nossos corações e arrancar emoções distintas sem perder a magia que a franquia soube construir. O levantamento de “o que é ser um brinquedo?” (que seria melhor trabalhado no terceiro filme da franquia) ganha aqui uma nova força, além do dilema de deixar itens que foram construídos para diversão serem guardados em prateleiras e expostos sem nenhum contato humano.

O roteiro dá detalhes sutis sobre tais diferenças, seja pela iluminação vibrante do quarto do Andy contrastando com a penumbra do apartamento do Al (Wayne Knight) ou pela fria alegria de brinquedos que esperam receber o mínimo de atenção após serem tão severamente deixados de lado por seus amados donos. Tudo no filme se mostra precisamente em seu devido lugar. Algo impressionante se lembrarmos da correria e  das alterações que foram feitas ao longo da produção.

Antigos questionamentos também voltam com tudo, as inseguranças de Woody e seu medo de ser esquecido são alguns dilemas anteriores presentes neste filme. O medo de se tornar obsoleto é tão gritante que sofremos com nosso protagonista ao vê-lo guardado sem qualquer cerimônia na prateleira empoeirada. O contraste com o cenário em que ele descobre ser uma peça-chave de uma vida que ele nunca imaginou ter é gritante. Aqui, o Woddy se vê valorizado e sua idade como mais uma qualidade que um defeito, Ele é o protagonista desse novo ciclo e se vê encantado com a possibilidade, mas isso tudo é mais importante que manter sua criança feliz?

Com a ausência do cowboy, Buzz toma a frente na missão de resgate. Movido pelo forte laço construído no longa anterior, o patrulheiro nunca deixou de acreditar em seu amigo e está disposto a tudo para trazê-lo de volta ao lar. Ao lado de Rex (Wallace Shawn), Slinky (Jim Varney), Porquinho (John Ratzenberger) e Sr. Cabeça-de-Batata (Don Rickles), Buzz forma uma equipe de resgate. Utilizando bem as qualidades de cada um é mostrando a força da união dos brinquedos do Andy, Buzz se mostra um motivador nato ao relembrar tudo que Woddy fez por eles.

Tendo como principal esses dois arcos narrativos, a trama se desenrola de um modo empolgante, trazendo um ritmo agradável e complementar. Enquanto Woddy lida com questionamentos profundos e apresenta um arco mais intimista, Buzz lidera algo mais dinâmico e aventureiro com ótimas jogadas visuais e referências aos clássicos do cinema (quem não vibrou com a recriação das cenas clássicas de Jurassic Park e Star Wars?) /,complementando assim a dinâmica que o filme quis construir.

Também somos apresentados a novos personagens e seus dilemas pessoais, como é o caso de Jessie (Joan Cusack). A vaqueira apresenta uma das cenas mais emocionantes do longa ao narrar sua história de abandono com a tocante Por Seu Amor (Quando eu era amada), mostrando um novo paralelo da vida dos brinquedos e trazendo uma nova realidade a trama. Quantas vezes abandonamos aquele brinquedo amado ou nos vemos grandes demais para brincar com eles?

Bala no Alvo é a personificação de melhor amigo do homem. Brincalhão e extremamente fiel, o cavalo de pano se liga imediatamente com Woddy, demostrando todo carinho e afeto que possui. É difícil não se encantar com ele. Juntos com Peter, o Mineiro (Kelsey Grammer), eles representam os dias de glória do cowboy e um passado dourado que ele desconhecia, além de um futuro totalmente novo e confortável para alguém que parece já ter dado o seu melhor.

Com um acervo cultural enorme e uma trama empolgante, Toy Story 2 consegue manter a qualidade do seu antecessor e cativar ainda mais o público, trazendo fortes questionamentos e nos fazendo indagar sobre o futuro esquecimento da infância. O longa emociona e nos faz repensar aquilo que perdemos, além de firmar a franquia como um sucesso atemporal que vai para sempre tocar nossos corações.

“Nunca esquecemos de crianças como Emily ou Andy, mas elas esquecem de você.”

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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