Crítica | Toy Story 3

Nota
5

“O que quer que aconteça, sempre estaremos juntos. Ao infinito e além.”

Andy (John Morris) esta prestes a cumprir mais uma etapa de sua vida. O jovem imaginativo está a poucos dias de ir à tão sonhada faculdade. Embora não brinque mais com seus brinquedos nas horas de lazer, o rapaz ainda não conseguiu se livrar dos antigos companheiros de aventura. Mas, com a proximidade da viagem ao campus, ele precisa colocar a nostalgia de lado e decidir o destino dos seus amados amigos.

Enquanto isso, Woody (Tom Hanks), Buzz (Tim Allen) e o restante da turma refletem sobre seu futuro iminente. Woody com certeza será levado para a faculdade, como uma representação da infância de Andy, já os demais serão colocados no sótão (um destino melhor do que o de muitos de seus companheiros, que acabaram perdidos ao longo do caminho), onde esperarão o dia – se tiverem sorte – de o Andy ter filhos para eles serem úteis outra vez.

Mas, acidentalmente, a mãe do rapaz coloca o saco de brinquedos no lixo. Imaginando que foram abandonados por seu antigo dono, Buzz e os outros entram em uma caixa de doação para a creche Sunnyside, onde encontram a velha Barbie (Jodi Benson), de Molly. Woddy, que viu todo o incidente, tenta convencer seus amigos que tudo não passou de um mal entendido e que Andy nunca desistiu de seus companheiros, mas acaba sendo levado com eles para o novo local.

Fascinados com o seu novo lar, os brinquedos são recepcionados pelo gentil Lotso (Ned Beatty), um grande urso de pelúcia que parece ser o líder do local. Animados com a possibilidade de poderem brincar de novo sem nunca serem largados, os brinquedos ficam gratos pelo novo lar, mas estão prestes a descobrir que nem tudo é o que parece ser e que o paraíso com a qual se deslumbraram pode se tornar um verdadeiro inferno.

Após o fracasso desastroso em Carros 2, a Pixar Animation Studios precisava apagar a mancha negra em seu histórico de continuações. O grande problema é que nem toda franquia merece uma continuação. Por que manchar um clássico com uma continuidade medíocre ou deplorável, algo que deixe um gosto amargo ao público que tanto ama determinado filme? Se sequências se mostram tão problemáticas e dignas de esquecimento, o que garante que uma segunda continuação não seja o último prego no caixão de algo que parecia perfeito?

Mas é aí que os estúdios mostram sua malemolência e o poder que uma boa história pode ter. Ao ser construída com uma originalidade impecável, a Pixar não só pisou em mexer com sua mais icônica franquia (algo que poderia ser desastroso) como também mostrou que uma continuação era sim necessária para engrandecer ainda mais o precioso universo que o estúdio construiu.

Dirigido por Lee Unkric e roteirizado por Michael Arndt, Toy Story 3 se mostra grandioso desde o seu primeiro minuto. A história escrita por Unkric em parceria com John Lasseter (diretor dos dois primeiros longas da franquia) e Andrew Stanton parte de uma premissa genial e profunda: o Andy cresceu.

Nesta continuação, o rapaz que sempre foi nossa representação dentro da franquia mostra seu crescimento, e a mudança de expectativa e desejo do garoto deixa uma marca profunda no espectador. A proximidade com a faculdade e a falta de tempo para as coisas infantis é um toque profundo que define claramente o que o filme quer tratar, trazendo uma nova camada não só para o longa como também para a representação das nossas vidas pessoais. Uma jogada de mestre do estúdio para aprofundar o espectador  ainda mais em seu enredo.

Não importa o quão confortáveis estejamos com a vida adulta, ainda sentimos o saudosismo infantil e sabemos a dificuldade da transição entre as duas fases, adolescência e fase adulta. A introdução imaginosa em conjunto com as cenas que mostram as incontáveis brincadeiras até o esquecimento dos brinquedos é um golpe tão pesado e preciso que nos enche de lágrimas nos primeiros cinco minutos do longa. A dificuldade em desapegar e dar adeus à infância é de uma delicadeza tão profunda que bate de frente com cada um que encara a realidade espelhada na tela.

Com uma animação impecável que traz novos tons, texturas e cores à franquia, o filme ganha uma nova profundidade em seu enredo, que divide-se entre: a crueldade infantil, o teor bem-humorado e o peso da rejeição. Todos esses fatores trazem uma costura intensa que acrescenta e muito no universo de Toy Story. Se antes tivemos apenas vislumbres dos temas  que poderiam ser abordados, neste filme mergulhamos de cabeça nos mesmos.

O filme não tem medo de colocar seus personagens em perigo e nos fazer sofrer com eles. Acompanhamos suas trajetórias e sofremos com suas desilusões. Não é difícil entender suas motivações e cada uma de suas decisões ao longo da trama. Ao se sentirem abandonados, Buzz e Jessie (Joah Cusack) tomam a frente dos seus destinos, virando as costas para o fadado infortúnio e escolhendo para si – e para seus companheiros – um futuro melhor. Ver a forte ligação que ambos criaram e a cumplicidade que demonstram, além do desconforto natural ao não revelar o amor que sentem, é algo bastante envolvente. Os dois personagens garantem uma boa química em tela, isso é uma certeza.

Além dos personagens citados, ainda há o Woddy, o único que viu o incidente, mas não desistiu do seu dono. O cowboy sempre se mostrou mais firme e obstinado em relação à fidelidade que tem com seu dono. Tudo que ele fez foi em prol do conforto do menino e a união do grupo. Porém, neste momento, ele se vê dividido entre o amor a Andy e a fidelidade aos seus companheiros. Neste segundo filme, Woody tem um crescimento enorme e se distancia bastante  do boneco ciumento que conhecemos no primeiro filme.

Lotso é o outro lado da moeda do Cowboy de pano. Brinquedo favorito de sua criança, ele se vê quebrado ao se sentir trocado por um infeliz acontecimento, mostrando-nos o que Woddy poderia ter se tornado se trilhasse um outro caminho. A profundidade de suas cicatrizes e o peso dos seus traumas trazem uma complexidade odiosa e encantadora, respectivamente, ao personagem,  deixando-nos fascinados com seu arco e com sua forte participação no longa. Tudo em Sunnyside, creche a qual os brinquedos são enviados, é artificial e escondido, tem uma maldade velada que mostra a qualidade narrativa da trama.

O filme ainda cria uma ponte em seus dois protagonistas humanos, algo que aconteceu pela primeira vez na franquia. Andy mostra nossa despedida latente enquanto Bonnie (Emily Hanh) se mostra como um futuro promissor, algo ainda mais acentuado com a interação de ambos em uma das cenas mais belas de toda a franquia que pode, inclusive, levar às lágrimas os fãs mais antigos.

Épico desde o seu primeiro segundo, Toy Story 3 marca o fim de um ciclo, mostrando-nos que, assim como Andy, nós também crescemos. Embora os brinquedos envelhecem e nossos interesses mudem, certas memórias continuam tão vívidas como no dia em que foram feitas, arrancando sorrisos e lágrimas nos momentos encantadores e até agridoces. A maior lição que fica é a de que um amigo sempre estará lá para o que você precisar, não importando o que aconteça.

“O Woody tem sido meu amigo desde sempre. É corajoso como um cowboy deve ser; é gentil, inteligente, mas o que faz o Woody especial, é que ele nunca desiste de você. Nunca. Ele vai estar contigo para o que der e vier.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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