Nota
Good Girls, criada por Jenna Bans, mais uma vez consegue mostrar que o lugar de uma mulher é onde ela quiser, e isso é cada vez mais acentuado neste segundo ano. Durante a primeira temporada vimos as três protagonistas frustradas com as suas situações econômicas, o que as levou a assaltar um supermercado. O lado bom dessa história é: o roubo ultrapassou as expectativas; o lado ruim: elas não imaginavam que haveria uma gangue envolvida com o supermercado e que o gerente descobriria tudo e tentaria assediá-las. Neste segundo ano da série, vemos as consequências do assalto, que resultam em crises no relacionamento, mortes, o aparecimento do FBI e em alguns desentendimentos.
Se na primeira temporada, o espectador pôde ser envolvido pela história das três donas de casa (e assaltantes), agora há um amadurecimento maior em relação ao principal arco narrativo da produção: as consequências do assalto, e esse é, sem dúvidas, o ponto mais positivo em relação à série. Já o lado menos positivo (negativo, neste caso, seria uma palavra muito forte) é que o roteiro foge um pouco da realidade. Exibida na Netflix como produção original, Good Girls é produzida pela NBC e, apesar de não ter feito tanto sucesso no EUA, tem ganhado vários fãs depois que o serviço de streaming a disponibilizou em seu catálogo.
Se as protagonistas tivessem resolvidos todos os seus problemas com o primeiro roubo, não teríamos essa segunda temporada. É importante lembrar de que, em alguns momentos, dá a impressão de que há uma forçada de barra para o plot principal render mais do que deveria, mas é só lembrar que a sede de poder aumenta à medida que há a possibilidade de se ter mais (certeza que a Beth entende do que estou falando, risos). E é basicamente isso que acontece na série.
Além de um amadurecimento narrativo, vemos um crescente arco dramático na produção, mostrando-nos o lado verossímil da história, que compensa o lado pouco crível em relação a tudo conspirar a favor das protagonistas. Beth (Christina Hendricks) e Ruby (Retta), e seus respectivos maridos, são os personagens que levam nas costas o lado real da produção, além, é claro, de uma enorme carga de dramaticidade, enquanto Annie (Mae Whitman) é o alívio cômico em diversos momentos. Juntas, elas conseguem não só falar sobre si, mas trazer os holofotes para os personagens secundários, como é o caso do Dean (Mathew Lillard).
Nesta temporada, Beth, apesar de apresentar pouquíssimas cenas de humor, consegue prender a atenção só pela sua sede de poder. Em vários momentos, a personagem deixa evidente que tudo o que fez não é somente por dinheiro, mas, sim, pela diversão, por fazê-la sair da rotina. A Ruby traz algumas questões sobre moralidade, afinal a personagem aceita cometer os crimes com o intuito de ajudar sua família. E Annie traz muito mais atenção à sua família, sendo mãe de um garoto trans, um assunto extremamente importante e que ganha relevância no meio do principal arco. Apesar dos deslizes, a série ainda consegue prender o telespectador e nos faz querer mais, afinal é impossível não querer rever as garotas. E o tempero de Desperate Housewives, que a showrunner coloca, está presente na produção, na medida certa, esse com certeza é o segredo da Jenna Bans.
https://www.youtube.com/watch?v=6RXoW1a3hEE
Jadson Gomes
Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.