Crítica | Z-O-M-B-I-E-S

Nota
3.5

“Você ouviu a história?
Acho que já ouvi falar

Uma garota e um zumbi”

Há 50 anos, na perfeita cidade de Seabrook, um acidente químico transformou boa parte de seus habitantes  em zumbis, o que fez o governo ser levado a atitudes drásticas, um muro que divide a cidade em duas partes: o lado dos Zumbis e o lado dos Humanos. O tempo passou, os cientistas criaram uma tecnologia, chamada Z-lógio, capaz de controlar o extinto assassino dos zumbis e sua fome por cérebro, o que possibilitou uma grande novidade, a possibilidade desses excluídos irem para a mesma escola que os humanos.

A trama gira em torno de Zed e Addison, um zumbi e uma humana que acabam se apaixonando, mesmo tendo que enfrentar todos os preconceitos e todas as barreiras para viver esse romance proibido. Zed é o tipico sonhador apaixonado, que acredita que ir para a escola é o primeiro passo para mudar a dinâmica preconceituosa existente na cidade, e acredita ter a chance de entrar para o time de futebol americano da escola, o garoto vive acompanhado da inteligente e revolucionaria Eliza e do bobão brutamontes Bonzo, as companhias perfeitas para ajudar o romeu monstruoso,  o cérebro e os músculos. Já a Julieta do longa é a nada perfeita Addison, que guarda um segredo tenebroso, ela nasceu com uma mutação que fez seu cabelo ser completamente branco e ser impossível de ser pintado, o que faz a filha da prefeita ser obrigada a usar uma peruca o tempo todo, para ser aceita e realizar seu sonho de se tornar uma líder de torcida ao lado de Bucky, seu primo, o astro da equipe de líderes da escola.

Uma verdadeira ode à aceitação, Z-O-M-B-I-E-S mostra todo o potencial da Disney em explorar o inusitado ao mesmo tempo em que mostra que as vezes a Disney erra ao dispensar ideias. Lançado em 2018 pelo Disney Channel, o longa é baseado no roteiro de David Light e Joseph Raso, escrito e gravado em 2011 para ser o piloto da série Zombies & Cheerleaders, que acabou não sendo lançada pelo canal. Agora, depois de 7 anos na gaveta, os roteiristas voltaram como co-produtores e transformaram a ideia da série em um filme, que se desenvolveu de uma forma agradável, mesmo que tenhamos algumas cenas forçadas em seu meio. O maior erro no longa foi não trazer membros do elenco original da série, sua maioria já tendo sido reaproveitada em Teen Beach Movie, para fazer uma ponta ou algum personagem secundário.

Com uma fotografia bem flat, o longa se aproveita do uso das cores para contrastar os cenários, enquanto temos o sombrio lado dos zumbis cheios de tons cinzas e verdes musgo, com um ar de pobreza e destruição, o lado humano é completamente novo, com tons claros e alvos, e isso fica evidente até nas roupas, que identificam desde o cidadão comum (com os tons de azul bebê e rosa bebê) até os membros da equipe de torcida (com tons mais escuros de azul e verde claro). Tudo isso fica ainda mais fluente com as canções que inundam o longa, deixando claro que é um filme da Disney de respeito, “My Year” é a perfeita música introdutória, contextualizando muito mais dos dois lados do muro, mas logo somos jogados para o energético teste para a equipe de torcida ao som de “Fired Up” e o envolvente “Someday”, que explora o quão fantasioso é um mundo onde uma garota e um zumbi possam ficar juntos.

Mostrando o quão diferente é os dois lados do muro, temos “BAMM” mostrando uma batida muito mais animada e puxada para o lado do rap seguida da, agora muito mais tocante e envolvente, “Someday – Ballad”, que pega a música animada e deixa mais lenta e, consequentemente, mais romântica. Passamos pela perturbadora e motivadora “Stand”, que complementa toda a evolução da mocinha da trama em forma de reflexão e nos prepara para os magníficos, e remasterizados, “Fired Up – Competition”“BAMM – Zombie Block Party”, que dão a trilha ideal para a luta pelo fim do preconceito. A maior falha do roteiro longa é, no entanto, a aceitação surreal da população, que parece se levar muito fácil pela trama, amando os zumbis num momento e odiando segundos depois, para voltar a amar momentos depois, o que chega ao ápice durante a cena de redenção de Bucky, que se torna tão oportuno quanto é mal construído.

Trazendo a aceitação a um nível de contos de fadas da Disney, Z-O-M-B-I-E-S nos mostra que ainda tem muitas premissas para ser exploradas pelos DCOMs, que a formula de Descendentes e High School Musical ainda pode dar certo em outros contextos e que é possivel fazer o amor entre um zumbi e uma líder de torcida ser atrativo, provando que não é só Meu Namorado é um Zumbi que consegue explorar até onde um zumbi pode ir por amor (mas é bom lembrar que o longa está longe de alcançar uma relação como a de R e Julie), levando ao aprendizado de que todos são capazes de abraçar suas diferenças e viver unidos em comunidade.

“O que poderia dar de errado
Entre uma garota e um zumbi?”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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