Review | Wu Assassins [Season 1]

Nota
3.5

“Eu sou um chefe”

Kai Jin era um simples chefe de cozinha em Chinatown até acabar esbarrando com Ying Ying, uma misteriosa mulher que transforma Kai no Wu Assassino, um poderoso guerreiro, capaz de invocar os poderes dos mil monges antigos que lutaram contra os Lordes Wu. Kai recebe dela a missão de se tornar o último Wu Assassino e, para isso, matar os cinco Lordes Wu: o Wu do Fogo, o Wu da Água, o Wu do Metal, o Wu da Madeira e o Wu da Terra, cinco guerreiros poderosos capazes de controlar cinco elementos, e que, por um acaso do destino, irão se reunir pela primeira vez numa única cidade.

Com uma premissa extremamente interessante, que lembra um pouco A Lenda de Aang, a Netflix investe pesado com seu drama de criminal sobrenatural, criando uma complexa mitologia em volta dos cinco Lordes, tudo isso com pitadas de comédia, aventura e ação. O show brinca ao unir o perigoso mundo das gangues de Chinatown, por meio da Tríade, com uma mágica trama de controle dos elementos e dos Wu Xing, cinco vilões para ser derrotados, cinco hospedeiros maléficos, e como se isso não bastasse, a trama ainda brinca com o drama familiar, ao apresentar Uncle Six, o pai adotivo de Kai e líder da Tríada, como hospedeiro do Wu do Fogo. O grande problema de Wu Assassins é que ele não se contenta com sua premissa, e busca ir além, buscando explorar essa complicada mitologia em apenas 10 episódios e ainda contar com subtramas dramáticas complicadas.

A inocência que Iko Uwais emprega em Kai é cativante, demandar uma missão de assassinato para salvar a terra a um pacifista é tão contraditório que nos faz querer ver a evolução do personagem, nos prendendo a curiosidade de saber se ele será capaz de não só cumprir sua missão, mas conseguir tirar a vida do homem que o criou, aquele que vem sendo um vilão para sua sociedade e que é esta predestinado a ser um vilão para o mundo. Vivendo o mesmo personagem temos Mark Dacascos, que é a identidade que Kai assume quando se torna o Wu Assassino, que dá um show nas coreografias de luta e ainda complementa as cenas com suas expressões faciais que traduzem toda a personalidade construída por Iko apenas com olhares. Já a atitude que Katheryn Winnick exala ao viver C.G. Dill é tão marcante que é impossível não notar ela desde sua primeira aparição na série ou não perceber que essa mulher veio para ser a rainha da série e dar aula de atuação. O girl power do programa fica ainda mais completo com Li Jun Li vivendo Jenny Wah, que encarna a batalhadora administradora de restaurante, a amorosa irmã e, nas horas vagas, protagoniza cenas de luta intensas e gratificantes. O quinteto se completa com Lewis Tan vivendo o mal aproveitado Lu Xin LeeLawrence Kao vivendo Tommy Wah, o problemático (e viciado) irmão de Jenny.

Inicialmente, a série é morna, lenta e cansativa, começando a engatar de verdade apenas depois de “Codladh Sámh” (episodio 5), que é quando começamos a aprender a fundo a história de Alec McCullough, o 999º Assassino Wu e atual Wu da Madeira, com direito a uma volta ao passado emocionante, que nos contextualiza com o surgimento do vilão, nos oferece motivações, e nos ajuda a explorar um pouco mais sobre os dois lados do mundo dos Wu Xing. Por outro lado, a chegada do vilão nos mostra o quanto a premissa de Uncle Six é um pouco problemática, faltando motivações e, mesmo que tendo alguns atos justificados pela boa ação, sem uma origem e desenvolvimento sólido. E se Uncle Six não tem um desenvolvimento, a chegada dos outros Wu se tornam ainda piores, o Wu do Metal surge sem explicação nenhuma, o Wu da Terra se torna completamente dispensável na trama e a Wu da Água mostra que tem muito a contar mas acaba não servindo de quase nada.

A trama ainda chama atenção com uma fotografia bem trabalhada, usando tons fortes para contrastar o mundo real da dimensão dos Wu Assassinos, e com uma trilha que nos surpreende com sua riqueza, inovando ao usar “Boombayah”, do Black Pink, como trilha de uma cena de luta, mas no fim, temos uma temporada interessante, completa, com pequenas falhas e uma finale inusitada, com um gancho para uma segunda temporada, ainda não confirmada, que se tornou completamente desnecessária frente o roteiro redondinho e bem concluído do primeiro ano do show.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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