Crítica | Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (Scary Stories To Tell In The Dark)

Nota
4

Tudo se inicia em uma noite de Halloween em 1968, durante a tradicional caça aos doces onde ocorre uma pequena rixa entre dois grupos de jovens, o primeiro formado por uma garota cansada de sofrer bullying e seus amigos da sala de aula, e o outro consistido por atletas populares, em que Tommy (Austin Abrams) está a frente.

Em meio à confusão psicológica que Stella (Zoe Margaret Colletti) sofria, pelo suposto abandono de sua mãe quando criança, o que deixou uma cicatriz temporal que lhe causa dificuldade em se relacionar com outras pessoas além do seu pequeno grupo de amigos composto por Auggie Hilderbrant (Gabriel Rush) e Chuck Steinberg (Austin Zajur). Durante o caminho na noite das festividades de halloween, acabam conhecendo um jovem misterioso imigrante do México, Ramón Morales (Michael Garza) que se junta ao grupo em uma jornada em busca de aventura recheada de histórias que os leva a uma residência abandonada.

Ao chegar, se depararam com a porta fechada a cadeado, como uma espécie de sinal para não seguir em frente e a conclusão de que não sabiam o que os aguardariam por dentro dos cômodos e corredores. Os sinais são ignorados, eles adentram a casa e acabam encontrando um cômodo onde há um livro amaldiçoado, que pertencia a uma menina que sofria injustiças por parte da família, que quando criança a mantinha trancada em um quarto sem contatos humanos, livro esse que ainda carrega toda a culpa de mortes de crianças causadas por um segredo pesado envolvendo seus familiares.

Antes de sair do quarto, Stella acaba pedindo para que Sarah Bellows contasse uma história para ela, o que liberta a entidade da responsável pelos contos assustadores, que começa a fazer suas vitimas explorarem seus maiores medos, como um perturbador prelúdio antes de começar a escrever os novos acontecimentos.

Baseado na obra literária de Alvin Schwartz, Histórias Assustadoras para Conta no Escuro é o resultado de uma produção por comando de André Øvredal, contando com o apoio do aclamado cineasta Guillermo Del Toro na co-produção, ao lado dos roteiristas Kevin e Dan Hageman.

Na tentativa de manter a atenção dos telespectadores voltada para as histórias assombradas, o longa utilizou os próprios seres humanos como uma ameaça, detalhe que enriqueceu mais ainda a mistura de suspense com uns leves toques de terror, sem a presença de jumpscares, deixando alguns deslizes perceptíveis por parte da produção. Enriquecendo o longa, a produção trabalha com um ambiente com pouca iluminação, que compensa as limitações gráficas existentes, provavelmente devido à produção ser de baixo orçamento.

Os efeitos sonoros do filme são sincronizados com sua atmosfera sombria, que pode ser experimentadas a cada cômodo da residência mal assombrada da família Bellows, favorecendo os pequenos flashes históricos que escondem os detalhes do passado de Sarah e de sua família. O destaque na trilha sonora é, nos minutos iniciais, a versão original de “Season of the Witch”, de Donovan, que é aperfeiçoado na despedida dos créditos, que apresenta um cover da mesma canção na voz da cantora estadunidense Lana Del Rey.

O filme narra, principalmente, a revelação da história de vida conturbadora de Sarah, libertando-a de um peso carregado desde que era viva até seu aprisionamento em um plano espiritual, o que leva a uma despedida filosófica, com a impactante mensagem “histórias ferem, histórias curam”. A redenção da entidade é gratificante, mas o longa mesmo assim deixa um misteriosos desfecho, permitindo a ponte para uma possível futura continuação.

 

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