“Um homem começou, um homem deve terminar”
A aldeia do jovem Papa-Capim estava tranquila, mas tudo muda quando, inesperadamente, uma ameaça surge, pondo em risco todos os membros da aldeia. Tudo começa quando um índio de uma aldeia vizinha é encontrado num estado deplorável, sua mente não é mais a mesma, ele foi assolado por um medo indescritível que arrancou sua sanidade e cabe ao Cacique e o Pajé tentarem entender o problema. O velho pajé, quando vê o estado do homem, logo entende seu problema, entende quem causou tudo aquilo, entende que tudo é obra de um monstro que ela não escuta falar há anos.
O grande ‘vilão’ da edição é um monstro chamado Noite Branca, que está destruindo as aldeias da região, atacando a noite, matando todos, deixando apenas um homem, um mensageiro, com espirito quebrado, um anuncio de perigo para a próxima aldeia. Noite Branca é um espirito antigo, que anuncia sua chegada em sonho a um dos maiores guerreiros da aldeia duas noites antes do ataque… Mas quem ia prever que o escolhido fosse aquele índio adolescente? Quem poderia cogitar que o guerreiro mais poderoso da aldeia fosse o próprio Papa-Capim? O garoto tem o pressagio mas ninguém o escuta, cabe agora a ele lutar contra um perigoso espirito para salvar seu povo.
Papa-Capim: Noite Branca é o décimo primeiro volume da coleção Graphic MSP, sendo a primeira protagonizada pelo indiozinho, e é também um marco para a coleção ao ser a primeira edição a agregar elementos do terror em seu enredo. A trama, escrita por Marcela Godoy, preenche as 84 páginas do encadernado de uma tensão sem igual, a ansiedade de entender o que significa todos aqueles sonhos do garoto, a angustia de ver ele não ser ouvido por não ser visto como o guerreiro que realmente é, o envolvimento da cultura e do folclore indígena que surge para enriquecer ainda mais o roteiro e a surpreendente desenvoltura do indígena criado por Mauricio de Sousa assumindo uma posição heroica e levando a trama para um outro nível ao agregar tons aventurescos.
Tudo ganha uma beleza superior quando unido ao belo traço realista do artista Renato Guedes. Os vampiros tupiniquins, baseados na fusão dos clássicos vampiros com lendas da existência de tribos canibais brasileiras, ganham uma aparência aterrorizante, e mesmo as rugas, um peso de idade e experiencia, no rosto do Pajé, ganha tons mais sombrios, que tornam suas palavras muito mais arrepiantes, suas afirmações bem mais incisivas. O realismo na aparência de Papa-Capim, Cafuné e Jurema parece tornar a realidade da trama ainda mais série, tirando toda aquela leveza dos traços que conhecemos nos gibis e dando uma ar mais carnal e vulnerável a todos eles, dando a eles expressões bem mais concretas, tenebrosas, contagiantes e, em certos momentos, macabras.
“Vai aparecer do rio maior, o maior e mais poderoso inimigo de vocês!”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.