Nota
Em primeiro de abril de 2014, Satoru Iwata, da Nintendo, e Tsunekazu Ishihara, da The Pokémon Company, resolveram fazer uma brincadeira, em colaboração com Google, criando Pokémon Challenge. O projeto deu tão certo que Ishihara decidiu trazer a Niantic para o projeto, usando como base seu jogo Ingress e seu banco de dados, para criar o jogo que foi batizado de Pokémon GO. Pokémon GO foi lançado, para iOS e Android, na Austrália, Nova Zelândia e nos Estados Unidos em 6 de julho de 2016, quando as empresas começaram uma campanha de lançamento gradativo do jogo ao redor do mundo, em paralelo com a preparação dos servidores para suportar o grande volume de jogadores, chegando oficialmente ao Brasil em 3 de agosto do mesmo ano. O jogo free-to-play de realidade aumentada voltado para smartphones logo se tornou extremamente popular, chegando a se tornar um fenômeno global e um dos aplicativos móveis mais utilizados em 2016, baixado mais de 500 milhões de vezes em todo o mundo.
ENREDO – INICIE SUA PRÓPRIA JORNADA POKÉMON
Na década de 90, Red começou sua jornada na cidade de Pallet, viajando por Kanto e buscando se tornar o maior mestre Pokémon. Em meados de 2016, chegou o momento de você seguir os passos de Red, saindo de sua casa para passear em um universo de realidade aumentada cheio de Pokémon, onde você poderá capturar, colecionar, batalhar, fazer amizades e tantas outras funcionalidades que vão te deixar imerso na sua própria jornada Pokémon. Apesar de não seguir um enredo tradicional, com uma narrativa linear ou um vilão central, o jogo consegue engajar elementos narrativos através de missões de pesquisa ou eventos sazonais, como é o caso das missões de lançamento/relançamento de Pokémon lendários e míticos, como Mew, Celebi e Hoopa. A produção entrega uma construção intencionalmente mais leve para dar prioridade à exploração e à interação social, o que o limita de criar uma narrativa impactante.
GRÁFICOS – ACESSIBILIDADE QUE ACOLHE, MAS NÃO FUNCIONA A LONGO PRAZO
É preciso levar em conta que Pokémon GO foi inicialmente desenvolvido pensando em algo capaz de rodar levemente em diversos modelos de celulares, algo que foi sendo aperfeiçoado com o passar do tempo, mas ainda pensando nas diversas limitações necessárias para acolher o máximo de usuarios. As modelagens dos monstrinhos são bem detalhadas, capturando a essencia dos personagens e apresentando animações suaves para ir além das batalhas estáticas das versões clássicas sem exagerar. Outra grande escolha interessante é a de saber investir nos acessórios para personalização dos personagens e usar esses mesmos acessórios para criar versões especiais/comemorativas dos Pokémon, o que cria um Dex a parte para os Personagens de Evento. Outra boa adição são os efeitos visuais de batalha, que dão um toque visual agradavel. Mas o que torna o jogo tão inclusivo também acaba se tornando um ponto negativo, visto que o que surpreende no começo, acaba se tornando repetitivo e sem graça com o passar dos dias jogando, o que acaba se tornando prejudicial quando consideramos que Pokémon GO é um jogo Live Service.
AMBIENTAÇÃO – CENÁRIOS DIRETAMENTE CONECTADOS COM O MUNDO REAL
Criando uma proposta envolvente de imersão, o jogo transforma locais cotidianos em pontos de interesse, como PokéStops e ginásios, o que incentiva os jogadores a explorar e conhecer mais a fundo o ambiente físico ao redor. Outra integração do real e virtual é a valorização da diversidade regional em paralelo eventos que refletem festividades locais e globais, como é o caso das Vivillon que estão distribuidas globalmente em suas 18 formas, o que incentiva a integração social mundial, ou a forma como a mecânica adapta o tipo de Pokémon disponível de acordo com o clima local, inclusive tendo o grande exemplo do Castform, que surge na forma selvagem em uma de suas quatro formas, de acordo com o clima local. A ambientação ainda se intergra à realidade aumentada (RA), o que permite que os jogadores possam colocar seus Pokémon “integrados” ao ambiente ao redor, interagindo com as superficies planas e até com a distância dos objetos com que interage. Vale lembrar que até pequenas variações ambientais (como parques, corpos d’água e áreas urbanas) interferem diretamente na tipagem dos Pokémon que aparecem, infelizmente isso também interfere vagamente com a jogabilidade, visto que nem sempre o jogador pode estar em uma cidade/região que ofereça variedades ambientais suficientes para os jogadores encontrarem todos os Pokémon desejados (O Castform Neve só aparece em regiões que possuem neblina, ou seja, em poucos estados do Brasil), e ainda é possivel notar inconsistencias climáticas, como o fato de estar ensolarado no jogo quando está chovendo, e vice-versa.
SOM – NOSTÁLGIA PURA QUE ACABA CANSANDO
A música central do jogo remete diretamente à nostalgia dos jogos clássicos, o que pode até ser confortavel a primeira vista, mas vai cansando com o passar do tempo, ao ponto de muitos jogadores começarem a preferir jogar o jogo sem som depois de um certo tempo. O mesmo acontece com os efeitos sonoros, alguns que até somam à jogabilidade, como é o caso dos sons dos Pokémon, que até ajudam por sua variedade, mas podem se tornar cansativo em Dias da Comunidade (evento onde um Pokémon aparece com mais frequência), outro tipo de efeito sonoro, que nesse caso entra num impasse entre utilidade e necessidade, são as notificações e ações como girar PokéStops ou quando aparece um Pokémon no mapa, visto que eles ajudam a jogatina, mas podem se tornar dispensaveis em certos momentos do jogo. Talvez falte um pouco de variedade ambiental na trilha, principalmente considerando que o jogo possui cenários que refletem o ambiente e o clima, mas a trilha não faz o mesmo.
JOGABILIDADE – QUE TREINADOR É VOCÊ?
Toda a jogabilidade de Pokémon GO é baseada na movimentação e na exploração do mundo real, o que já chegou a gerar problemas no passado, mas que acabou sendo reduzido com o passar das atualizações. Em meio às atividades que visam incentivar interação social e uma sensação de constante progresso, o jogo acaba entregando alguns obstaculos para os jogadores mais adultos, visto que trabalhar com eventos focados na união da comunidade é completamente diferente de gerar atividades rotineiras que demandem a reunião de jogadores, principalmente quando consideramos que o jogo não envelheceu tão bem quando se considera a obrigação de se movimentar em momentos inoportunos ou se expor de uma forma incomoda. Talvez um dos maiores exemplos de funcionalidades que prejudicam a jogabilidade seja a questão de as pessoas poderem entrar em raids presenciais estando perto do ginásio mas serem tirados dessa raid caso se afastem do ginásio, o que impede de as pessoas participarem de algumas raids enquanto estão trasitando na sua rotina de onibus ou carro. Apesar de ter uma diversidade de atividades, ele muitas vezes frusta os jogadores ao criar problemas desnecessários só para incentivar as microtransações dentro do jogo.
EXTRAS – DANDO UM PLUS PLUS NA JOGABILIDADE
Expandindo ainda mais a experiência, temos o gadget Pokémon GO Plus, uma pulseira semelhante a um smartwatch que permite que o usuário possa transitar capturando monstrinhos sem que precise estar o tempo todo olhando para a tela do celular, chegando inclusive a vibrar quando um Pokémon surge nas proximidades e com a função de auto capturar Pokémon que surgiram nas proximidades. Além disso uma evolução do gadget veio com o lançamento do Pokémon GO Plus+, que além de fazer todas as funções do seu ancestral possui a função de monitoramento do sono (o que o faz funcionar também no Pokémon Sleep) e permite que o usuário possa colocar um Pikachu para cantar canções de ninar enquanto vela seu sono.
Vale lembrar que ainda há adições a serem feitas no jogo, visto que apenas nas atualizações mais recentes foi incluída as versões Dinamax e Gigantamax de alguns Pokémon, que ainda há Pokémon que nem foram lançados no jogo e que ainda existe alguns Pokémon que não tiveram sua versão shiny lançadas, algo que permite a Niantic manter a longevidade do jogo e da jogatina, visto que ainda é possível manter o espírito colecionista dos usuários e promover o retorno de alguns deles quando há atualizações, sejam elas as de eventos (onde temos a disponibilização de Pokémon limitados com roupas especiais) ou as típicas versões que disponibilizam um novo Pokémon ou um novo shiny.
CONCLUSÃO – GOTTA CATCH ‘EM ALL!
Pokémon GO é um marco na integração de jogos com o mundo real, indo além do que a Niantic fez com o Ingress Prime ao criar uma experiencia única de exploração e socialização. Seu enredo limitado e seu gráfico agradavel, ajudam a se conectar com a jogatina, mas poderiam ser mais diversos e imersivos para entregar uma experiência melhor, assim como sua trilha sonora, que, embora se torne repetitiva, desperta uma nostalgia nos fãs mais antigos da franquia. Sua ambientação e suas quests paralelas são os grande pontos fortes do jogo, usando de bastante o carater inovador e cativante do jogo para criar uma ponte sólida entre o universo Pokémon e o mundo real. Com melhorias nesses pontos e um equilibrio maior nas partes tecnicas, talvez o jogo possa evoluir ainda mais no futuro e se tornar algo além de um incentivo à atividade física e o trabalho em equipe ou um frustante modelo de monetização.
Icaro Augusto
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Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.