Nota
Desenvolvido pela Hotta Studio, uma subsidiária da Perfect World, Tower of Fantasy é um RPG de mundo compartilhado em 3D e jogado em terceira pessoa. O jogo, que foi lançado, na China, em 16 de dezembro de 2021 e disponibilizado mundialmente a partir de 11 de agosto de 2022, ficou popularmente conhecido como “Primeiro Genshin Killer”, por conta de sua semelhança com o jogo da HoYoverse, colocando-o como concorrente direto de Genshin Impact, mesmo que traga uma identidade própria e uma proposta que evidencia as semelhanças e diferenças entre os dois gacha games.
OBS.: Análise feita com base na versão 4.7.0 do jogo
ENREDO – A HUMANIDADE EM GUERRA PELA SOBREVIVENCIA
Em 2316, quando a Terra entrou em colapso e os recursos se tornaram escassos, a humanidade descobriu Aida, um planeta extraterrestre habitável onde os humanos acabaram estabelecendo uma colônia. Em 2653, foi descoberto o cometa Mara, carregado com uma vasta reserva de uma potente energia chamada Omnium, o que fez os humanos decidirem construir a Torre da Fantasia, um dispositivo que permitiria capturar o cometa e aproveitar sua energia, mas cinco anos depois uma explosão de energia Omnium devasta quase toda a civilização humana de Aida, fazendo que os sobreviventes dependessem dos supressores para neutralizar a radiação. Esse desastre causou o surgimento de duas organizações, a organização científica Hykros, que se dedica a estudos que permitam que a humanidade se adapte e utilize Omnium, e os Herdeiros de Aida, que enxergam o Omnium como uma fonte de miséria e mal, principalmente por essa energia estar criando formas de vida agressivas e poderosas. Cinquenta anos após o desastre, dois agentes estão explorando uma instalação em ruínas em uma missão não especificada quando são atacados, eles acabam se separando e um deles (Andarilho) fica com o supressor sem energia e cai inconsciente. Andarilho acorda um tempo depois no posto avançado do Astra Shelter sem nenhuma lembrança de seu passado, e precisa se unir a Zeke e sua irmã, Shirli, para descobrir o que realmente aconteceu e quem realmente é.
GRÁFICOS – UM ANIME FUTURISTA
Apesar de ser um RPG de mundo aberto, Tower of Fantasy possui gráficos eficientes, especialmente por ser um jogo multiplataforma. O game é focado em um estilo anime em 3D, que se fortalece por seus personagens estilizados e expressivos e os detalhes futuristas e cibernéticos, que reforçam o tom sci-fi do jogo. Suas animações de combate são bem fluidas, aproveitando de efeitos visuais chamativos para habilidades e ataques. Considerando que o jogo é conhecido como o primeiro Genshin Killer, é praticamente impossivel não comparar os dois gachas, mas Tower se destaca por garantir sua identidade através do seu tom mais sci-fi e cyberpunk, do seu desenvolvimento focado em detalhes e da possibilidade de customização de personagens, permitindo criar avatares únicos, algo que não é oferecido pelo jogo da HoYoverse.
AMBIENTAÇÃO – UM MUNDO EXTRATERRESTRE PÓS-APOCALIPTICO
Os cenários que o jogo possui é um dos seus maiores pontos fortes, principalmente quando percebemos o embate visual proposto no enredo: um mundo futurista que passou por um colapso que o levou ao pós-apocaliptico. Esse contraste que o jogo oferece entre áreas futuristas e ruínas cria uma atmosfera misteriosa e intrigante que prende o jogador, principalmente quando somada ao mistério sobre quem é o Andarilho. As diversas regiões de Aida só permitem ao jogo brincar com os cenários e surpreender o jogador. Astra é uma região montanhosa com vegetação abundante e estruturas tecnológicas abandonadas, apresentando um equilibrio entre natureza e tecnologia; Banges mistura elementos industriais e urbanos em meio a uma região portuária, dando aquela atmosfera de reconstrução que o jogo pede; Navia é uma região cheia de lagos e paisagens abertas, usando suas ilhas flutuantes para alimentar a atmosfera enigmática; Crown Mines traz um território mais hostil, com fábricas abandonadas e ar poluído, usando o clima sombrio para criar uma sensação de perigo sem fim; entre outros. Apesar de o jogo ter modelagens decentes, alguns elementos podem parecer menos refinados dependendo da plataforma escolhida para jogar, o que acaba surgindo como um ponto negativo para um elemento tão forte no jogo.
SOM – MUITO CUIDADO E DEDICAÇÃO
Com uma trilha sonora bastante variada e efeitos imersivos, Tower investe em transformar a jogatina em uma experiência única, principalmente quando observamos que o jogo escolhe trilhas que impulsionam o jogo de acordo com a atmosfera e a situação que o Andarilho se envolve. Com músicas mais suaves e harmoniosas em certas partes de Banges e Astra, o jogo mostra que é capaz de transitar entre melodias tranquilas e melancólicas em áreas abertas e músicas intensas durante combates, isso se torna ainda mais claro quando, ao entrar em cidades, a trilha se torna mais eletrônica e intensa, ou quando a trilha se torna mais tensa para alertar sobre o perigo que ronda ao redor, entregando uma qualidade praticamente cinematográfica, mas que não é marcante. Quem também se mostra essencial durante a gameplay são os efeitos sonoros, que mostram o cuidado dos desenvolvedores quando se nota que cada arma tem efeitos únicos, assim como ataques especiais e habilidades possuem efeitos sonoros bem trabalhados, o mesmo se aplica ao ambiente, que traz sons ambientais e até diferentes sons dos passos a depender do terreno em que o personagem está pisando, infelizmente um trabalho tão detalhista acaba soando genérico ou repetitivo quando se acumulam horas de jogo.
JOGABILIDADE – BATALHAS E EXPLORAÇÃO EM MUNDO ABERTO
A jogabilidade de Tower of Fantasy une MMORPG com ação em mundo aberto, se baseando principalmente em exploração, combates dinâmicos e seu sistema de gacha para personagens e armas. O jogador controla um avatar completamente personalizável, que interage com o mundo através do uso de outros personagens, armas e até vários tipos de veículos. A trama cria eventos dinâmicos e leva até segredos espalhados pelo mapa, o que incentiva a exploração que conta com corrida, escalada, natação e até, de uma certa forma, vôo. Com um combate baseado principalmente no hack and slash, o jogo dá uma enfâse para o uso de esquiva e combos, permitindo até o uso, de forma estrátegica, da troca de armas (com a possibilidade de equipar três armas) para potencializar o combate e o efeito Phantasia, que ativa um movimento de slow motion quando o jogador consegue esquivar no momento certo.
EXTRAS – ENGAJANDO OS JOGADORES
Para manter a vida útil do jogo, é essencial a presença de conteúdo extra para manter os jogadores sempre envolvidos. Tower of Fantasy oferece missões secundárias espalhadas pelo mundo, ajudando os personagens, armas e o jogador a evoluir, ganhando ‘combustivel’ para o fortalecimento, como missões de NPCs, que ajudam a expandir a lore do jogo; Missões Diários e Semanais, que garantem recursos para progressão; Puzzles e Tesouros, que envolvem os jogadores na busca por soluções para desafios rápidos ou demorados que acabam resultando em baús escondidos; e eventos sazonais que rendem recompensas exclusivas. Além disso, o jogo pode ser usufruido através da exploração dos mapas, buscando relíquias, áreas secretas e resolver enigmas, Dungeons e Raids com conteúdo PvE e PvP, além de missões e recompensas exclusivas para Guildas através de eventos de clã.
CONCLUSÃO – UMA PROPOSTA INOVADORA QUE NÃO FUNCIONA A LONGO PRAZO
Apesar de alguns problemas tecnicos e uma historia pouco eficiente, Tower of Fantasy brilha por sua forma de combate e personalização, envolvendo a primeira vista, mesmo que comece a perder seus jogadores com o desenvolvimento da trama. É inegável que Genshin Impact afetou positivamente a industria de jogos, e o lançamento de Tower of Fantasy parece ser um claro reflexo disso, assim como Genshin nasceu com claras inspirações em Breath of the Wild, Tower foi claramente construido usando Genshin Impact como maior referencial, o que não é de todo ruim, afinal o jogo da HoYoverse marcou o mercado de gacha, o problema é que Tower largou bem, mas perdeu o ritmo com o passar do tempo, o que o fez ser considerado por muitos como um fracasso da Hotta. O jogo se fortalece muito por seu sistema de troca de armas em tempo real e a mecânica de esquiva, pelo seu metodo de criação de personagem muito mais completo e pela escolha de criar um mundo compartilhado, permitindo interações com outros jogadores, mas a instabilidade, a trama fraca e os personagens pouco carismáticos prejudicam bastante a jogatina, além de termos um grande problema quando consideramos a limitação da progressão do jogo, que têm bloqueios que impedem uma progressão rápida e afastam os jogadores de sessões longas. Apesar de trazer boas propostas que incentivam a exploração e a interação com outros jogadores, Tower of Fantasy perde muitos jogadores por sua dinâmica single-player fraca e limitações temporais de progressão.
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.