Creepygeek | A Mulher na Janela Quebrada

Há muitos anos, durante minha adolescência, eu estava na rua com meus amigos, Renan, Renato, Carlos e Ricardo, andando e conversando pela madrugada enquanto voltávamos de uma balada. Foi quando Renan avistou uma casa enorme com uma fachada diferente, meio antiga, mas com uma enorme janela de vidro que daria pra ver toda sala, se não fosse a cortina escura.

Por algum motivo que não entendemos, Renan abandonou seu comportamento calmo de sempre e arremessou uma pedra e atacou naquela janela, que trincou mas não quebrou. Podíamos ver um pouco de raiva naquele ato, mas logo ele relaxou, e como se fosse uma brincadeira, mandou todos correrem. Começamos a correr no susto, mas eu e o Renato paramos pra olhar de novo a janela por curiosidade, e eu escutei nitidamente um sussurro em meu ouvido dizendo “quebrou”, ao tempo que vi  uma silhueta de cabelos longos abrir levemente a cortina e olhar em nossa direção. Era impossível ver seu rosto na sombra, mas seus olhos brilhavam como os de gato quando refletem luz, senti um calafrio e corri o mais rápido que pude, já Carlos e Ricardo ignoraram tudo e andaram conversando entre si ignorando tudo.

Quando cheguei em casa, tomei um banho e resolvi jogar videogame, já que era sábado e eu poderia dormir quando amanhecesse. Pensei em colocar um jogo de terror, mas lembrei da mulher na janela e rapidamente fiquei assustado, o que me fez parar de jogar para ir dormir. Desliguei o videogame e, quando desliguei a TV, vi nitidamente um reflexo na minha janela:  uma silhueta do lado de fora com olhos brilhantes me observando. Não tive coragem de olhar, apenas corri para meu quarto. No meu quarto, minha cama ficava em baixo de uma janela, me impedindo de olhar para fora, mas meu armário ficava de frente para o pé da cama, refletindo distorcidamente aquela janela, o que me fez cobrir o rosto e ir dormir. 10 minutos acordei com aquele sussurro dizendo “quebrou”, no susto descobri o rosto e encarei o reflexo da janela, onde vi uma silhueta com olhos brilhantes.

Fui tomado por uma enorme onda de medo. Em desespero, peguei um carrinho de brinquedo na mesinha ao lado da minha cama e joguei naquela janela, mas quando olhei diretamente para ela, não havia nada lá. Acabei caindo no sono e só acordando no dia seguinte, quando uma ambulância com parou na rua com sua barulhenta sirene ligada. Ela estava na casa de Renato, de onde eu vi o que parecia um corpo coberto ser retirado. Tive medo pelo que poderia ter acontecido com ele ou a sua família, fui imediatamente para lá e encontrei a mãe de Renato chorando e repetindo “porque? Porque?…”. Mais tarde descobri que Renato tinha cometido suicídio durante a madrugada, que sua mãe o encontrou com o lençol enrolado no pescoço e amarrado na grade da janela.

Resolvi então ir na casa do Carlos, na busca por saber se estava tudo bem com ele. Meu amigo ficou espantado ao me ver e simplesmente perguntou “Porque você e o Renato correram ontem?”, foi então que eu, confuso, respondi “Eu, o Renato e o Renan, né?”, Carlos me assustou mais ainda quando perguntou “Quem é Renan?”. Foi no momento que ele proferiu essa pergunta que eu percebi que não sabia quem era Renan, nunca tinha visto ele antes daquela noite, acho até que nunca tinha visto ele antes de chegar naquela rua.