Nota
Uma praga exterminou os cães e os gatos da face da Terra, o que fez com que os macacos se tornassem animais de estimação. Caesar (Roddy McDowall), o filho de Cornelius e Zira, que perdeu os pais ainda cedo e foi criado por Armando, o dono de um circo, acaba se revoltando ao ver que os macacos passaram a ser tratados como escravos, passando a liderar uma rebelião dos macacos contra os humanos.
Pouco mais de 20 anos após o nascimento de Cesar, filho dos chimpanzés que vieram do futuro, surge a oportunidade do símio ir a cidade depois de viver anos escondido no circo, onde ele presencia de forma nítida a maldade humana com os animais, uma alusão à escravidão com os macacos usando coleiras e obrigados a obedecer tudo que os humanos ordenem. Uma trama que se encaixa amplamente na narrativa dos filmes anteriores, tendo em vista que tudo isto é consequência de uma viagem no tempo. O filme faz questão de mostrar como funciona essa sociedade, com oprimidos e opressores, e o quanto Armando, o humano que cuidou de Cesar, claramente não concorda com essa visão opressora, ao mesmo tempo que vai ficando claro que os macacos visivelmente estão se tornando mais inteligentes, aprendendo os costumes humanos e forçados a fazer coisas básicas como levar um livro para uma cliente ou fazer um cabelo num salão de beleza.
Pode se dizer que esse filme é, literalmente, o começo da ascensão dos símios. O odio dentro de Cesar é crescente, ele tem a percepção que seu povo sofre, ele sabe que pode ser o líder deles e guiá-los para um glorioso futuro de sua espécie, ao mesmo tempo fica claro o quanto os próprios humanos levam à sua ruína. Crítica social? Com toda certeza o filme é envolto disso. A explicação do porque os humanos escolheram os chimpanzés como animais de estimação não é mostrada, mas o roteiro sabe guiar de forma a não precisarmos saber disso, focando em toda a questão política que corrói essa sociedade por dentro. Pode ser questionável a ideia de culpar os humanos pela extinção dos pets, mas a escolha de colocar os macacos em seus lugares soa plausível, com uma linha de raciocínio que fez a historia andar e seguir a ideia da franquia.
Roddy McDowall está perfeito como Cesar, com uma imponência e protuberância que leva a um personagem carismático, enquanto a direção é de Jack Lee Thompson, bem competente, deixa seu protagonista brilhar, um passo importante para a franquia. A busca por libertar seu povo faz Cesar formar um movimento de macacos e se envolver em um relacionamento amoroso, algo que passa a ser desenvolvido de forma a mudar o futuro, a primeira vez que a palavra “NÃO” é pronunciada, por Cesar, se torna um marco para o povo, e também para o cinema dos anos 70. A Conquista do Planeta dos Macacos desenvolve um debate sobre a exploração dos animais e, claro considerando o orçamento bem escasso da época, traz cenas de ação bem construídas, que deixam o público imerso no que vai acontecer a seguir, no desenrolar de fato da história. Um filme que leva à ascensão de Cesar como um verdadeiro líder, reconhecido pelos símios, e dá margem para questionar se nem todos os humanos são ruins ou impiedosos, tudo isso enquanto prepara uma revolução.
Daniel Pereira
Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.