Crítica | À Espreita do Mal (I See You)

Nota
4.5

“Meu deus, Connor.”

Quando Justin Whitter, um garoto de dez anos, é sequestrado enquanto andava de bicicleta por um parque, a cidade inteira fica em alerta, o que leva Greg Harper a assumir o caso, principalmente depois que um segundo garoto, de 12 anos, também desaparece. Mas enquanto a cidade está com seus próprios problemas, a casa de Greg está enfrentando seu próprio dilema, com seu casamente se reestruturando depois que sua esposa, Jackie, teve um caso, com toda a pressão psicológica que há em cima de seu filho, Connor, e alguns eventos misteriosos que começam a rondar a casa, como se uma presença maliciosa estivesse colocando o filho do casal em perigo mortal.

A história escrita por Devon Graye leva o mistério, o terror e o suspense a um nível muito mais frágil, como se toda a história estivesse no fundo de um grande lago congelado e toda a premissa fosse apenas uma fina camada de gelo na superfície, com o roteiro nos conduzindo por essa superfície em seu primeiro ato até o momento que a camada se rompe e somos submersos numa torrente conflituosa de explicações, que vai ficando cada vez mais densa e formando um quadro deslumbrante. Com a direção de Adam Randall, o longa lançado pela Netflix em 21 de abril de 2021 parece pronto para se tornar um dos maiores destaques da plataforma esse ano, tendo inclusive chegado ao segundo lugar no top10 do Brasil em sua semana de estreia.

O longa se transforma completamente quando começamos a conhecer o plot de Alec Mindy, dois moradores de rua que são os responsáveis por nos apresentar mais a fundo sobre o significado de phrogging. Enquanto a dupla habita casas sem o conhecimento de seus proprietários, eles acabam se envolvendo na rotina deles e sendo levados pela correnteza dos segredos obscuros que os envolve, o que pode colocar a vida deles em risco ao mesmo tempo que eles colocam em risco a vida dos donos da casa onde estão morando. A grande trama do longa é os cruzamentos que surgem entre os atos de Alec e Mindy, a vida de Greg, Jackie e Connor e a verdade por trás dos sequestros das duas crianças, um enredo que parece ser cheio de reviravoltas, surpresas e camadas.

Parecendo uma versão mais thriller, e muito menos reflexiva, de ParasitaÀ Espreita do Mal segue uma linha de ‘nem tudo é o que parece’ e brinca com nossa inteligência ao mesmo que tempo que tenta nos instigar a tentar adivinhar que entidade pode ter capturado os garotos, que mal pode estar rondando Connor e quais as motivações por trás dos atos duvidosos de Mindy e, principalmente, Alec. A tensão de Helen Hunt acaba nos puxando para vilanizar sua personagem, que é remoída pela culpa de seu passado; a inquietude de Judah Lewis é a grande culpada por nossa desconfiança, mostrando que o astro da duologia A Babá tem suspense nas veias,  a intensidade de Jon Tenney nos leva a ter pena do homem, que precisa lidar com a pressão do casamento, do filho e do caso;  a escuridão de Owen Teague é o ponto alto da produção, nos deixando curiosos para saber as verdadeiras motivações do garoto; a curiosidade de Libe Barer se torna a conexão do filme, é ela quem inicialmente conecta todas as tramas e nos guia, como uma narradora, pelas histórias e segredos dos personagens. Inicialmente parecendo ser só mais um  suspense/terror meia boca, a produção ri da nossa cara com suas reviravoltas, seu roteiro bem amarrado e sua tensão na medida certa, o que nos prende na tela o tempo todo, fazendo as falhas passarem despercebidas e sem atrapalhar a experiência.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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