Nota
Em uma realidade pós-apocalíptica, em que a população humana foi dizimada por criaturas “alienígenas”, acompanhamos a jornada de três dos poucos sobreviventes dessa fatalidade: um pai, Will (Anthony Mackie), e duas mulheres; Nina (Morena Baccarin) e Katie (Maddie Hasson). Com a necessidade de buscar o remédio que literalmente faz o seu filho respirar, Will resolve sair do refúgio onde se abriga, descendo as montanhas que lhe protegem. Acompanhado dele, vão Nina e Katie, a fim de combater essas criaturas. A premissa do filme parece não trazer nada de inovador, mas gera uma curiosidade de entender como funciona esse mundo pós-apocalíptico. No entanto, A Linha de Extinção deixa o público em estado de alerta atoa, porque o filme acaba por focar tanto na superficialidade que não entrega absolutamente nada.
Em uma narrativa com pouquíssimos personagens, o diretor George Nolfi dá mais enfoque ao Will, se iniciando com o enredo de seu filho, e em seguida dando o backstory da família, marcado pela morte da mãe do garoto, tentando combater aquelas criaturas. A personalidade do protagonista provoca uma curiosidade em compreender como ele lida emocionalmente com aquela realidade. Da mesma maneira, Nina e Katie acabam por seguir uma construção parecida. Ademais, claramente existe uma tensão entre Nina e o restante, que deixa o espectador ansiando por entender melhor a relação de todos eles. Esse anseio acaba sendo de certa forma frustrado, porque A Linha de Extinção não se aprofunda em nada no que diz respeito ao desenvolvimento dos personagens e da narrativa em si. É como se existisse um vazio. É essa a sensação que o filme inteiro passa.
Obviamente as noções do panorama pós-apocalíptico passam esse sentimento pelo próprio cenário em si. As imagens dos drones que trazem a visão da locação deixam em bastante evidência que existiu de fato um cuidado muito grande no tocante à cenografia e fotografia da obra. Entretanto, a narrativa é completamente vazia. Para além da previsibilidade de tudo que acontece, absolutamente nada é aprofundado. Os personagens ficam na superficialidade, assim como suas relações e o próprio enredo em si. É frustrante assistir o filme e perceber que simplesmente do nada ele termina. Se o diretor quis deixar o final “em aberto” para provocar uma possível continuação, essa construção acabou por ser muito mal-feita. Uma história que começa no raso e termina no raso não provoca vontade de ser mais consumida. Muito pelo contrário, é necessária a construção e desenvolvimento de todo um envolvimento daquele universo com o espectador. A Linha de Extinção foge totalmente disso. A obra é tão amena e superficial que a maior sensação que dá é que foi feita por Inteligência Artificial.
Dessa maneira, A Linha de Extinção não é um filme ruim, mas é tão raso que chega a ser completamente imemorável. Além do fato do filme ser irracionalmente resumido em 90 minutos (o que é muito pouco para esse tipo de narrativa pós-apocalíptica), mesmo nesse curto período existem momentos tediosos e regados por previsibilidade, o que torna A Linha de Extinção uma obra cada vez mais esquecível. Mesmo seguindo uma sinopse genérica, era possível desenvolver um filme interessante, tendo em vista o elenco talentoso, além da cenografista Joanne Baker e a diretora de fotografia Shelly Johnson terem entregado um trabalho bastante detalhista. A obra, porém, cai na superficialidade ao interpretar o sentido do vazio de um mundo pós apocalíptico tão ao pé da letra, ao ponto de se tornar vazia como um todo.
Júlia Santiago
Estudante de cinema, pernambucana