Crítica | A Maldição de Bridge Hollow (The Curse of Bridge Hollow)

Nota
3

“Qual é o seu plano? Quer sair pela cidade procurando decorações de halloween com olhos vermelhos?”

Com um novo emprego de professor de ciências, Howard Gordon se muda para a cidade de Bridge Hollow com a sua família, formada por sua filha, Sydney, e sua esposa, Emilly, em plena véspera de Halloween. Howard e Sydney vivem em atrito, principalmente por conta da visão extremamente cientifica de Howard e da forma como ele tenta controlar a sua filha para se encaixar nos padrões que almeja, algo que Sydney acabando se rebelando ao fazer amizade com a Paranormal Society BHHS, um clube de investigação paranormal da escola formado por Jamie, Ramona e Mario. Mas as coisas começam a mudar depois que Sydney descobre que a família está morando na antiga casa da Madame Hawthorne, uma das maiores mediuns do século 20, e acaba encontrando no sótão um baú com as inscrições SJ – 1927 que guarda uma estranha lanterna de Halloween que mantém Jack Pão-Duro preso, uma lanterna que Howard e Sydney acabam ativando acidentalmente e despertando o espírito travesso com o poder de fazer as decorações ganharem vida e que busca roubar uma alma para eternizar o Halloween.

Perceber que um filme é protagonizado por Marlon Wayans é a mesma coisa que esperar uma comédia construída a base de paródias, com um humor sem limites e piadas extremamente adultas, mas parece que a Netflix decidiu seguir pelo caminho oposto e trazer o ator para fora de sua zona de conforto ao protagonizar um filme que usa o Halloween para construir um terrir que agrade a todos os públicos. Livremente inspirado no conto de Jack-o’-lantern, o filme tenta evitar o clichê dos filmes infantis de Halloween enquanto tenta se agarrar ao padrão da época, não inovando com reviravoltas muito elaboradas, o que o faz o filme não ser engraçado demais e nem ultrapassar o limite do terror. Vemos claramente o padrão do trabalho de direção de Jeff Wadlow, que executa seus filmes de forma contida e as vezes perde a oportunidade de ousar quando tem a chance, colocando o foco do filme na representatividade da família protagonista e nos dilemas familiares que surgem do atrito de Howard e Sydney.

Com uma estética que funciona muito bem, o filme coloca seus holofotes diretamente na carismática Priah Ferguson, que no papel de Sydney entrega um trabalho surpreendente na comédia, mostrando que sabe do que é capaz, o que só soma com suas cenas ao lado de Wayans, que interpreta o pai super protetor e traumatizado com o Halloween, o que o leva a não respeitar a individualidade da filha. A participação de John Michael Higgins é outro ponto forte do longa, que mostra ser capaz de aproveitar o veterano, que transborda carisma e atuação convincente, para equilibrar os altos e baixos do enredo, juntando todos os elementos para transformar o filme em uma história que possa soar o mais universal possível e agradar os mais diversos tipos de público. Para quem gosta do Halloween mas não é muito chegado em um filme de terror muito gráficos, A Maldição de Bridge Hollow surge como uma forma de entretenimento capaz de agradar toda a família.

Leve e divertido, com um gostinho de Sessão da Tarde, A Maldição de Bridge Hollow precisa ser assistido sem expectativas, possibilitando ao expectador aproveitar ao máximo e ter bons momentos de descontração. O roteiro de Todd Berger e Robert Rugan funciona bem apesar de ser comum, deixando no ar aquele clima de “vida nova em lugar diferente” e aproveitando a ideia de que temos decorações de Halloween ganhando vida para fugir do problema de exibir sangue em tela. Apesar de seus problemas, o longa ainda consegue trazer um comparação com a realidade ao tratar a maldição de Jack Pão-Duro como um vírus, que se espalha rapidamente e coloca as pessoas em perigo, deixando uma mensagem nas entrelinhas para atingir aos mais atentos. Talvez o grande problema do filme tenha sido o medo de arriscar, ele sabe onde está pisando mas não arriscar ir além, o que acaba deixando aquela sensação de mais do mesmo, de enredo previsível, mesmo que cumpra sua proposta inicial e acabe, involuntariamente, entregando uma comédia fofa de Halloween.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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